Reflexão e ação do Caderno 1 do MEC - atividade coletiva - COLÉGIO ESTADUAL MARECHAL RONDON - Campo Mourão - Pr

Orientadora de estudos: Patrícia Lopes Romero

PROFESSORES CURSISTAS

Márcia Graciano de Brito Morello
Maria Aparecida Duarte Pagani
Maria de Lourdes Maia
Maria Neco da Silva Coledan
Marisa Casarin
Marlene Filla
Martha Sousdaleff
Neide Aparecida Martins Fontana
Neimi da Silva Quennehen
Paulo Fernandes Cristo
Regiane Costa Conci
Rita de Cássia Cartelli
Rosangela Fernandes de Oliveira
Rosiely Cristine de Oliveira
Rosimeire Cristina Gussao Letenski
Rosinei de Freitas
Silvane Bottega
Silvia Evangelista
Simone Pelegrina
Suelene Bernardes do Prado Ferreira
Sueli Joana Jacob
Tânia Mara Ferreira Machado
Terezinha Aparecida Moreira
Terezinha da Conceição da Silva
Wagner Szpak
Rosangela Sagrilo
Adelita Francine Rodrigues

 

Caderno 1 - reflexões e ações

Conforme texto de introdução do caderno I, desse estudo, vimos que  a expressão “ensino médio” é universal e designa, em todos os países, a etapa de ensino situada entre a educação elementar e o ensino superior. Ressaltando que há diferenças significativas de interpretação por esses países a respeito das etapas ou ciclos do sistema educacional que devem corresponder ao ensino de nível médio (BONITATIBUS, 1991). E ainda destaca que o ensino médio brasileiro talvez seja o mais problematizado na história da educação, pois manifesta “o nó da relação social implícita no ensino escolar nacional” (CURY, 1991). Sua organização e atribuições contribuíram para a naturalização das diferenças e das desigualdades sociais entre as variadas classes de brasileiros.
           Diante disso, compreendo que as mudanças devem ser revistas a partir da estrutura de organização do sistema como um todo. Pois, em um país, como o nosso, onde temos dois tipos de escolas: uma da elite que forma para dar continuidade à dominação socio-histórica, cultural, ideologica e econômica da e na sociedade visando o capital por meio da exploração humana; e  outra, que é sistematicamente organizada para formatar ‘cidadãos’ para servir à classe dominante, em que a preocupação primeira é formar mão de obra barata, operários para serem “escravisados” e que não saibam e não tenham tempo de refletir sobre a realidade, mantendo assim, o sistema funcionando, em que tudo continui como dantes. Ou seja, uma infinda classe de dominados sendo explorados por uma pequena classe de dominantes.
         Partindo dessa lógica social, temos que repensar o que é, e como formar o jovem/adulto para a vida. O que é formar para a vida? Que tipo de vida? Vida de quem? Por quê e para quê a sociedade tem essa preocupação? Seria de fato, interessados na qualidade e dignidade da vida humana de todos os seres humanos, indistintamente de sua classe social? Ou na manutenção da exploração da maioria para beneficio de uma minoria? Há que se questionar e refletir muito na formação de fato humana/social de uma vida com dignidade e respeito para todos. 
Reflexão e ação
          A partir da reconstrução histórica apresentada no texto de estudo do caderno I, verifiquei que os desafios para o ensino médio na realidade brasileira, além de permanecerem, ainda são aumentados, tendo em vista as condições e situações socio-histórico, política, ideologica e econômica pelas quais vivemos e estrutura ou desestrutura toda a sociedade brasileira. As explicações para isso tudo, são as mais evidentes possíveis: ora, pois uma sociedade sistematizada, controlada, moldada nos principios de exploração humana pelo capital, não poderia ser diferente. Quando o que se produz tem como objetivo o acúmulo de capital a qualquer preço. Pergunto: como é possível pensar e realizar uma educação escolar que propicie uma formação humana em sentido pleno?
          Em se tratando dos desafios para o ensino médio brasileiro, observo que não basta apenas propiciar o acesso a escola, é necessário dar condições para se desenvolver efetivamente em uma formação humano/social integral. Para tanto, os investimentos para a qualidade da educação/formação devem iniciar desde o início da escolaridade, desde a Educação infantil onde se inicia o processo de desenvolvimento dos pré-requisitos, das funções psicológicas superiores e assim sucessivamente, educação básica (fundamental e médio) ao ensino superior e posteriores.
          A questão do fracasso escolar não inicia no EM, inicia-se muito antes, desde a educação infantil, quando lá se colocam profissionais sem formação adequada para iniciar o processo de ensino e aprendizagem com os alunos. É necessário começar pelas bases. É preciso investimentos teórico, cultural, de conhecimentos a quem inicia o processo e em toda a extensão do ensino. Quantos e quem são professores escolhidos para serem os alfabetizadores?
          Para isso, os professores que trabalham com a formação inicial deveriam ser muito bem preparados, pois todos temos uma responsabilidade muito grande com o desenvolvimento continuo, com a formação de nossos alunos, caso contrário, não é de se assustar com a grande quantidade de alunos que reprovam, que se evadem sem concluir o ensino médio, porque se não obtiveram uma formação adequada nos anos iniciais de sua escolaridade, dificilmente conseguirão avançar de um patamar do qual ainda não atigiram. Isso, sem contar com as condições socioeconomicas que muito interferem nessa situação entre optar por continuar com os estudos ou trabalhar para se sustentar.
        
         Em relação à realidade desse colégio em que trabalhamos, temos alguns pontos positivos, pois fica localizado na região central da cidade, há uma concorrência para se conseguir uma vaga, é uma escola em que  a maioria dos profissionais se empenham para realizar um bom trabalho. Quanto à evasão dos alunos de ensino médio do período matutino, quase não existe, a maioria são filhos de trabalhadores de classe média, pais que foram ex alunos do colégio e têm uma condição de vida estável. Porém, há uma parcela de aluno que apresenta um atraso no desenvolvimento acadêmico, pois são alunos oriundos de diversos pontos da cidade, vindos de realidades de ensino diferenciadas, e com questões pessoais e familiares específicas. Já no ensino médio noturno, temos um grande número de evasão, enorme desistimulo pelos estudos, casos complexos de comportamentos e defasagem de aprendizagem e uma grande diminuição no número de turmas  correndo o risco de se extinguir. Temos também  o ensino médio profissionalizante e o subsequente, que funcionam no período noturno, alguns desses curso há uma fila enorme por espera de vagas, contudo, cada curso apresenta suas especificidades em relação aos alunos, pois a maioria são trabalhadores e alguns com anos distantes dos estudos.

 

          No início do tópico 3 questiona-se a o enfoque dado à formação dos poucos alunos que têm o privilégio de escolher os melhores cursos em que se formarão no ensino superior, pois são da escola privada: “preparam para os melhores cursos e deixam de lado a formação humana”. Penso que formar para a universidade, para a continuidade dos estudos, é sim, uma formação com dignidade e com ampla formação humana, o desumano é não propiciar tal ensino para todos. Já que vivemos em uma sociedade capitalista, em que a realidade em que vivemos, de ensino e ocupação profissional é celetista e classista. Se rebaixarmos ainda mais a qualidade acadêmico científica da educação básica pública, aí sim, será um ‘crime’, como sonharão com um suposto acesso às melhores condições de vida, se estiverem despreparados, se não poderão nem se quer pensar em competir com as minorias privilegiadas. Já não chega terem de comprar um direito à continuidade pelos estudos no ensino privado? Pois a educação virou virou mercadoria. Os alunos da maioria das escolas públicas cursam o ensino básico na rede, depois vão engordar os cofres das faculdades privadas. A questão não desvalorizar o ensino privado pela qualidade e finalidade, é sim, oferecer um ensino de qualidade tamanha ou ainda maior para os estudantes que frequentam a escola pública. Isto se pensamos em uma sociedade que pretende formar com igualdade de condições diante das circunstâncias atuais.

          O segundo parágrafo desse tópico 3, retrata o declínio da qualidade de formação. Por quê? Será que as classes menos abastadas não têm condições, não são capazes de aprender e se desenvolver? Eis exposto o espelho da desigualdade de condições e sobrevivência nesta sociedade.
          Para que propiciemos um ensino com conhecimentos das ciências duras, sociais e humanas visando à sujeitos autonomos e emanciapados, deve-se mudra a forma de organização e sistematização da educação, pois com a carga horária da forma que é reduzida, é impossível, não se faz nem uma coisa e nem outra de forma equânime.
         Na atual conjuntura, porque não podemos priorizar os conteúdos voltados para o acesso ao ensino superior, quer seja o vestibular ou o ENEM, e ainda para o trabalho? Por quê? Vamos aumentar a concorrência com a classe dominante? Vamos dificultar o acesso  destes nas grandes Universidades Estaduais e Federais do País? Se negarmos esse acesso ao aluno da escolar pública, não estaríamos muitilando-os ainda mais? Pois, formar para continuar os estudos e o ato mais digno e justo para todo e qualquer ser humano. Ou será que nossos mestres, doutores, PHDs da vida são pessoas desumanas e sem emancipação? 
          Magnífica a ilustração com a citação de Gramschi, em que diz “a última fase deve ser concebida e organizada como a fase decisiva, na qual se tende a criar os valores fundamentais do “humanismo”, a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necessárias a uma posterior especialização….”, Entretanto, refletindo sobre nossa realidade, questionamos: Nossos alunos sabem estudar? Querem aprender? Suas famílias e eles sabem o valor do conhecimento? Ou apenas querem ser aprovados independentes de aprender ou não?
          Em relação ao trabalho como direito subjetivo de todo ser social, infelizmente nessa sociedade, não trabalhamos de forma subjetiva e muito menos para a subsistência humana, mas sim de forma desumana, pela exploração do homem pelo próprio homem para a apropriação do capital. O humano é uma ferramenta para enriquecer uma mínima camada da sociedade.
        O nó, a chave do problema e o foco de estudo para buscar soluções está nesta passagem do texto em que menciona:
“…reconhecendo os limites impostos pela sociedade contraditória e desigualem que se vive. Reconhecendo, também, a extrema desigualdade existente na oferta dessa etapa educacional desde o acesso até a sua completa pulverização em múltiplas concepções e formas da oferta, cujos destinatários são definidos em razão da posição que ocupam na hierarquia socioeconômica, mas não as aceitando como algo natural e imutável. Ao contrário, tendo como referência para a ação a luta contra essas desigualdades e o favorecimento da universalização do EM público, sob responsabilidade do estado e com qualidade socialmente referenciada, tendo como eixo estruturante o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. p. 39.”
        
         No tópico 4, que trata de outros desafios às políticas públicas para o ensino médio, considero um absurdo, parte da meta 4, em que se propõem: “o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino. Ora, esses necessitam de escolas especiais, não temos formação adequada/suficiente nem para os ditos "normais", imaginem para esses tudo junto e misturado. Será o fim. Bom seria, se tivéssemos toda a infraestrutura e profissionais das escolas especiais ‘APAES’ para trabalhar com os alunos regulares. E a Meta 10 – “Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de EJA na forma integrada à educação profissional. Ainda que a aprovação dessa lei não implique sua efetiva aplicação na realidade…” Pergunto, para quê? Seria mais um faz de conta para conseguir investimentos do banco mundial, dizendo que são para investir em projetos na educação. E, depois serem desviados para custeio de campanhas e acordos políticos? 
         Para se chegar à universalização do ensino médio um dos caminhos seria a exigência e a oferta de condições em todos os setores e instituições de trabalho público ou privado para que o jovem ou o adulto curse o ensino médio valorizando a sua formação com um diferencial em suas remunerações salariais. Criação de programas entre escolas, alunos trabalhadores e empresas. Investimento na educação básica desde o inicio da escolaridade, com uma infraestrutura de qualidade que proporcione uma formação em que os aspectos científios, tecnólogicos, humanísticos e culturais estejam incorporados e integrados. Com corpo docente com ótima formação inicial e continuada e que gostem de estudar, porque ninguém incentiva, estimula, ensina ao outro, aquilo que não gosta de fazer. E, a partir disso, o reconhecimento e a valorização salarial dos profissionais da educação.