No cotiano escolar, em especial no Ensino Médio, percebemos um grande conflito entre educandos e educadores. As razões deste conflito são muito variadas, porém o choque geracional se encontra entre uma das mais importantes a serem analisadas.
A disseminação do termo “aborrecentes” como forma de referência aos educandos reflete esta realidade. Os jovens são vistos como um grupo heterogêneo, guiado pelo objetivo de efetivar o confronto com a Escola e os educadores.
Em certa medida o confronto realmente existe, pois o sistema educacional não promove a inclusão plena do indivíduo no meio escolar. E na verdade, no que se refere ao Ensino Médio Regular, muito mais o afasta e o isola. Para o educando, a escola não somente é pouco atrativa, como também é pouco clara a sua utilidade ou validade em suas vidas.
E a percepção de choque, confronto, se estende a outra modalidade, a Educação de Jovens e Adultos. Nesta modalidade, os professores em geral, estão muito mais preparados ou com a expectativa de desenvolver o ensino na categoria dos Adultos, esquecendo ou bloqueando a noção da figura do Jovem nesta modalidade de ensino.
Para tentar romper essa lógica, cremos ser muito mais fácil e salutar que o educador busque formas de criar elos, ao contrario de se fechar e bloquear toda manifestação ou expressão juvenil. Cabe ao educador perceber que ele detém o conhecimento formal e que é ele que tem de flexibilizar os meios de difusão deste conhecimento. Os jovens de hoje não são (e ainda bem) como os de gerações anteriores, bem como nós não éramos jovens como das gerações anteriores às nossas. Um meio de grande força para alcançar este objetivo é a tecnologia.
Os jovens são muito mais adaptáveis às novas linguagens de comunicação e suas ferramentas, dado principalmente pelo alto grau de contato, o que não ocorre com os professores de outra geração tecnológica, e que apresentam um certo medo ou fragilidade diante destas novas ferramentas. Se a escola apresentasse uma maior utilização de ferramentas tecnológicas, os conteúdos poderiam ser muito mais aprofundados e as aulas pautadas em discussões e teorias, tornando este ambiente muito mais atrativo, não somente pelo aparato tecnológico, mas pela facilitação do processo ensino-aprendizagem, que passaria a dar um sentido de validade ao educando. Evidentemente isto depende de o educador aprender e dominar estas novas tecnologias e ferramentas para o âmbito escolar, além do devido aparelhamento que as escolas devem ter para isto.
Outro meio de criar uma aproximação é conhecendo o educando e sua trajetória de vida, algo que em poucos e rápidos encontros não se torna fácil, mas alguns minutos do processo de ensino podem ser utilizados nesta direção. É possível pedir um texto em que o educando retrata sua história de vida, ou parte dela, e este exercício pode ser utilizado como ferramenta pedagógica, pois este trecho de sua vida pode ser visto como um recorte histórico, uma produção narrativa ou mesmo um questionamento filosófico.
No caso específico da disciplina de História isto é feito para que além de compreender a noção de recorte histórico, o educando possa visualizar a construção da historiografia e se perceba como sujeito atuante no processo histórico humano.
Se o sistema escolar não é justo, do ponto de vista de oportunidades e quanto ao seu funcionamento, que ao menos seja mais acolhedor, menos excludente do ponto de vista das relações interpessoais, especialmente na relação chave que é entre educando e educador.