REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO IV - PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL SÃO PEDRO APÓSTOLO - COORDENADORES: ADAIR E ADRIANO

A área do conhecimento estudada é composta pelas disciplinas de Língua Portuguesa, língua Estrangeira (com língua Espanhola como oferta obrigatória e facultativa ao aluno), Artes e Educação Física. Tem como objetivo docente organizar atividades educativas a partir das práticas sociais dos alunos enfatizando as manifestações de linguagens. Sendo assim, a área de linguagens representa as relações humanas, os modos de expressões e as formas de produção do conhecimento e dos sentidos. A primeira unidade aborda a contribuição dessa área do conhecimento para os estudantes do ensino médio, que por meio dessa devem ampliar seus repertórios linguísticos através de práticas de criação e uso crítico de formas de expressão de sentidos.
Através do filme “Enigma de Kaspar Hauser”, de Vospar Hanser, pode-se perceber que as relações entre linguagem e construção da realidade são prejudicadas devido à ausência de convivo social.  O personagem principal, não passou pelo processo de socialização quando desenvolveria a compreensão através da prática social, por isso não conseguia dar significado às coisas. Analisando melhor sua atitude, nota-se que a percepção está aliada às estruturas mentais e à própria linguagem, resultantes da prática social, pois as práticas culturais proporcionam a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito.
O filme leva ao debate sobre as questões sociológicas, pois mostra a construção sobre a realidade que articula palavra, som, imagem, movimento, mostrando, também, uma maneira de compreender comportamentos, visões de mundo, valores, identidades, ideologias de uma sociedade, entre outros, fazendo refletir sobre a existência de um sujeito sem sociabilidade, sem contato social. Ao mostrar o comportamento psicológico e social de um sujeito que ficou no isolamento social, o autor chama a atenção para a dificuldade do mesmo ter integração social, mas que pode ser superada quando ele busca conhecer melhor o que está a sua volta, vivencia sua realidade e tem contato com as inúmeras possibilidades que a linguagem pode propiciar.
A área de linguagens tem, como essência, a comunicação humana, que não acontece somente através de palavras, mas por formas diferentes de linguagens e saber articular isso no momento da interação é de extrema importância, por isso as disciplinas que compõem a área de linguagem são as disciplinas que têm a comunicação como essência, que trabalham essas diferentes formas de linguagem, e, por meio delas devem ampliar seus repertórios linguísticos através de práticas de criação e uso crítico de formas de expressão dos sentidos. Trazê-las para o contexto escolar de forma articulada faz com o aluno consiga olhar diferente, tenha um olhar mais reflexivo sobre o contexto onde está inserido. Olhar para o discurso de forma mais crítica é extremamente importante para que sua formação, enquanto cidadão reflexivo e principalmente ativo, pois através de um olhar diferenciado sobre a sua realidade, conseguirá interagir socialmente de forma diferenciada. Precisam saber se posicionar diante das diversas temáticas e situações.
O professor deve organizar as aulas tendo como princípio pedagógico os eixos metodológicos e epistemológicos. Ao propor práticas de trabalho com as línguas, o professor necessita considerar as formas de linguagem (oral, escrita, tecnológica, corporal), criar situações problematizadoras de forma que leve o aluno a refletir sobre essas linguagens. É o uso do discurso enquanto prática social. Quando cria essas situações mobilizadoras, o professor possibilita que o aluno reflita, faça escolhas, levante hipóteses, analise para chegar a conclusões. Ao partir da premissa do eixo epistemológico na prática em sala de aula, pode-se considerar que o estudante se constrói com o conhecimento e está em constante mudança nesse processo, avançando na compreensão através do uso da linguagem e suas linguagens. Então, precisa-se considerar o uso constante das mídias e tecnologias de comunicação porque nosso aluno está conectado, ele está o tempo todo dialogando com a tecnologia e isso não pode passar despercebido ao professor. Dessa forma, o aluno será envolvido não só naquilo que constrói a aprendizagem, mas naquilo que está presente na sociedade. Quando o professor trabalha a variedade de linguagem possibilita que o sujeito tenha inúmeras formas de compreender o mundo e relacioná-las com a linguagem.
No processo de construção do conhecimento, o professor deve levar em consideração o objeto de estudo da disciplina onde entram os eixos leitura e problematização. Deve iniciar com conteúdos que propiciem a problematização e que causem a reflexão, pois leitura e problematização andam juntas. A intenção é que o professor mobilize a atenção do aluno.
O ato de ler, de refletir, de experimentar, de buscar, deve fazer parte da mediação do professor como estímulo investigativo no ensino-aprendizagem. É preciso desencadear leitura e interpretação, levando em consideração que a sociedade atual exige isso do estudante, pois a melhor leitura e interpretação auxiliarão na resolução dos problemas cotidianos e problematizações. Dessa forma, será possível, levar o aluno a ser um sujeito crítico e trabalhar com a interdisciplinaridade.
A problematização vai acontecer, muitas vezes, a partir da leitura corporal, uma vez que o aluno vai ser estimulado e provocado, por isso é importante partir dos conteúdos estruturantes e da realidade do aluno para proporcionar a contextualidade e a interdisciplinaridade dentro dos conteúdos a partir da realidade do aluno gerando maior interesse conseguindo proporcionar a apropriação do entendimento do conteúdo  e transformando o aluno em um ser crítico e reflexivo, proporcionando-lhe um avanço dentro da realidade em que vive.
O sujeito está constantemente inserido em contextos e envolvido em práticas educativas nas quais somos levados a mobilizar diferentes conhecimentos, necessários para resolvermos situações comunicativas cotidianas. Essa comunicação é a essência da nossa ação, da nossa prática social, pois estamos constantemente nos comunicando. Desse modo, é importante que consideremos, como já foi dito, a realidade, principalmente em relação à tecnologia, pois nosso aluno está inserido em uma realidade contemporânea onde a tecnologia é constante.
É necessário que se faça reflexões antes de pensar os conteúdos, pensar pra que ensinar esse conteúdo, de que forma o conteúdo vai contribuir nas práticas sociais do estudante, de forma irá mobilizar o aluno para suas relações sociais, quais conteúdos são realmente importantes. É claro que precisa haver uma boa base teórica para poder pensar em uma prática sem ficar preso à quantidade de conteúdo, buscando teorias que expliquem essa relação entre o homem e a sociedade.
A iniciação à pesquisa é um excelente caminho para que o aluno possa se tornar autônomo no seu conhecimento, o personagem principal nesse processo. Com essa metodologia haverá ampliação do rol de conhecimento onde o professor passa a ser um mediador, o que confirme que, com o advento das novas tecnologias, o professor precisa mudar a forma de pensar a educação, a prática pedagógica, verificando quais os gêneros que fazem parte do cotidiano do aluno e os traga para a sala de aula, pois as relação sociais são sempre o ponto de partida para as práticas escolares. Há que se considerar que não existe um currículo melhor ou pior, mas um currículo adequado ao contexto, por isso é preciso conhecer os sujeitos do processo.
O professor deve, como citado, ser mediador, mas, antes de ser mediador, deve ser um pesquisador e incentivar o estudo pela pesquisa, trabalhando dentro da realidade do aluno, tornando-o reflexivo, participativo, interativo, questionador para fazer acontecer a aprendizagem.
Talvez deixar os métodos tradicionais seja uma dificuldade, mas temos que acompanhar a evolução dos costumes, das tecnologias e comportamentos e tornar nossas aulas mais prazerosas e interessantes, não esquecendo que é papel da escola tornar nossos alunos capazes de utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, fazendo uso de informações contidas nos textos, bem como conhecer e analisar criticamente o uso da língua como veículo de valores, de desenvolvimento.