Reflexão e Ação - Caderno IV - Etapa II - Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha

Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio.
Etapa II
Caderno IV
Orientadora- Andréia Maria Digiovani Frumento
Professoras Cursistas
Amanda Gondro Celestino
Carolina Casimira Molina
Everly Lilian Domingues
Jurema Aparecida Matuichuk
Soraya Geremias Ribeiro

REFLEXÃO E AÇÃO

Nesta unidade refletimos sobre o sujeito jovem, as práticas de linguagem e os direitos de aprendizagem. Para que possamos agora investigar formas de levar essas reflexões para a atividade educativa, propomos um exercício que leve em conta a realidade dos estudantes, e que compreende quatro etapas, quais sejam:
a) Em conversa com seus alunos, levante cinco práticas de linguagem (interação/expressão) que estão presentes em suas vidas.
b) Aponte como elas poderiam ser mobilizadas como atividades de ensino e aprendizagem, quais conhecimentos da área de linguagens estariam presentes e quais direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento humano seriam contemplados.
c) Em uma roda de conversa, exponha seu levantamento e reflexão aos colegas.
d) Considerando os levantamentos expostos por todos os colegas, desenvolvam uma discussão, contemplando o alcance dos direitos e as possibilidades de trabalhos interdisciplinares.

Em conversa com os alunos perguntou-se sobre as práticas de linguagem presentes na vida deles, as que mais se destacaram foram a criação de poesias, letras de rap’s e crônicas. Com base nos interesses e questionamentos desses educandos do Ensino Médio foi trabalhado com Rap’s:
Minha Escola

Minha escola tem alunos
Que só querem bagunçar
Os professores aconselham
Para todos estudar

Nossos sonhos têm sentidos
Que queremos alcançar
Grandes pessoas devemos ser
Mas é preciso estudar

O professor ajuda
E você sente que é capaz
Vamos todos para a escola estudar
Minha escola tem primores

Que ninguém sabe valorizar
Minha escola tem alunos
Que precisam melhorar
Permita Deus que eu consiga
Meus sonhos realizar
E no futuro agradecer
Todos que me incentivaram a estudar.

 

Brasil

Tenho visto meu Brasil
Afundar na crise

Tenho visto meu Brasil
Ficar cada vez pior

Tenho visto meu Brasil
Caindo cada vez mais

Tenho visto meu Brasil
Tentando se reerguer

Tu eras melhor, Brasil!
A corrupção acabou com você

Eu guardo a tua imagem
De quando era melhor

Todos nos esperamos
Que um dia você seja melhor

Arte tão bela

Criem palavras novas senhores,
pra que eu descreva essa mulher.
Esculturas, pinturas, paisagens ou cores
Nem chegam perto de quem é ela.
August, Picasso, Monet ou Van Gogh
nunca imaginaram uma arte tão bela.
Livros, filmes, orquestras, novelas,
nada é tão bom quanto a presença dela.
Eu fujo daqui e te levo comigo para um lugar secreto
onde o amor nos espera.
Lá o desejo será nosso abrigo.
Se tu não puder;
te sequestro e já era.
Não leve bagagens, nem faça planos,
a liberdade será nossa guia.
A tranquilidade que tanto almejamos...
viverá com a gente dia após dia.

Como resultado desse trabalho pôde-se assegurar os direitos à aprendizagem e a valorização das experiências dos educandos, conforme os listados abaixo:

1. à pluralidade de práticas e valores socioculturais – principalmente no que se refere ao uso de Rap’s
2. à consideração de seus saberes na relação com a experiência escolar;
3. à compreensão, apropriação e uso de várias formas de linguagem;
4. ao acesso crítico a patrimônios;
5. à reflexão sobre as relações de poder e sobre as instituições políticas;
6. à problematização das relações entre cultura, ciência, tecnologia, sociedade e ambiente;
7. à construção e apropriação de ferramentas conceituais e procedimentais de diversas tradições do conhecimento humano;
8. à historicidade como forma de desnaturalização das condições de produção e validação dos conhecimentos;
9. ao pensamento emancipador;
10. ao desenvolvimento de práticas refletidas e orientadas ao cuidado de si;
11. à apropriação de estratégias de tratamento de dados que viabilizem pensar a produção e a transformação do conhecimento e da realidade;
12. à atuação consciente no que concerne aos dilemas da contemporaneidade que afetam a dignidade humana;
13. à vivência no espaço escolar de experiências intencionalmente organizadas que considerem os seus interesses específicos;
14. à reflexão sobre o trabalho humano e seu papel na construção das relações entre pessoas e destas com as instituições.

Pontua-se também os conhecimentos da área de Linguagem que podem ser mobilizados nas práticas educativas, sendo que eles dizem respeito:
a) à organização e ao uso crítico das diferentes linguagens;
b) à cultura patrimonializada local, nacional e internacional;
c) à diversidade das linguagens;
d) à naturalização/desnaturalização das linguagens nas práticas sociais;
e) à autoria e ao posicionamento na realização da própria prática;
f) ao mundo globalizado, transcultural e digital e às práticas de linguagem.

A música pode ser uma excelente ferramenta de apoio ao trabalho didático em sala de aula, pois estimula a criatividade e descontrai o ambiente.
O Rap significa ritmo e poesia, as letras das músicas apresentam uma total harmonia com o compasso da batida perfeita. Abramovay retrata que “Os rappers assumem a denúncia social como seu principal papel, por intermédio de uma música capaz de retratar o mundo real”.
Com base no que se trabalhou com os alunos em rodas de conversa, pôde-se notar que o rap é uma das formas de manifestar seus pensamentos e críticas, pois eles têm interesse em expor suas ideias e posicionamentos. Isso é relevante, pois, apesar dessa geração ser considerada a geração Y (também chamada de geração do milênio ou geração da internet) voltada para a tecnologia, sente também a necessidade de expressar seus anseios e suas lutas.
O primeiro rap foi escrito por uma aluna do 1º ano do Ensino Médio do período vespertino, e apresenta uma crítica aos próprios amigos da classe que mostram desinteresse pelas aulas e pelo que a professora tem a lhes ensinar, criticando nesse caso seus amigos e não o sistema educacional.
O segundo foi escrito por um aluno do 1º ano do Ensino Médio do período matutino, que faz uma crítica ao país, à realidade atual do Brasil e o descontentamento com o sistema que rege a nossa nação.
O terceiro rap foi escrito por um aluno do período noturno, mas também do 1º ano. A realidade que ele retrata no rap é o amor, a vontade de ser feliz com alguém especial.
Notam-se três realidades diferentes, mas em todas uma visão crítica e uma vontade de mudar o ambiente em que estão inseridos. Dessa forma colocam-se os alunos de frente com a realidade. Com esse trabalho desafiam-se os mesmos a pensar na situação e manifestar suas opiniões, sempre buscando soluções para o problema enfrentado, acreditando que assim se pode construir juntos um processo de ensino e aprendizagem que leve a formação integral do educando.

Com base na prática pedagógica apresentada acima, ainda se pode apontar um trabalho interdisciplinar a partir da mesma:

Geografia- Sistema democrático de governo; Presidentes do Brasil; Transformação do espaço.

Filosofia- Ato consciente na hora de votar- Cidadania

Sociologia-Maneira como a sociedade se expressa

História- A questão racial e o surgimento do rap.

Educação Física e Arte- Apresentação do rap para a classe.

Matemática- Estatística- Cotação do Dólar- Déficit e superávit.

Portanto as práticas pedagógicas da Linguagem propiciam um trabalho rico em diferenças e possibilidades.