Articulação entre as disciplinas curriculares com vistas à superação da fragmentação do saber: Trabalho e Pesquisa
É importante a consciência da necessidade de um resgate histórico da construção do conhecimento, pois há necessidade de se perceber que a fragmentação dos saberem científicos deve que ser superado a fim de promover a articulação entre as disciplinas e não continuar a compartimentalização dos saberes, porque somos desafiados a trabalhar uma concepção de educação que seja ampla e globalizante que busque alcançar o conjunto dos conhecimentos, em vista de uma formação integradora do ser humano.
O trabalho é apresentado como elemento constitutivo do ser humano, pois nos humaniza e contribui para a compreensão e apropriação dos fenômenos da natureza e transformando-os em vista da sobrevivência, da construção de socialização e da garantia de necessidades individuais, sobretudo, coletivas. Ele deve ser considerado no contexto educacional como um princípio educativo e norteador de nossas práticas pedagógicas, pois, possibilita a compreensão do sujeito como produtor da realidade, do conhecimento, capazes de refletir, opinar e protagonizar ações da própria vida.
A pesquisa como princípio pedagógico possibilita o desenvolvimento da curiosidade e de críticas, que levam o aluno a buscar novas respostas. A pesquisa é capaz de atribuir sentido e significado ao conhecimento pedagógico, construir uma relação mais dinâmica entre teoria e prática.
Segundo SILVA, o fortalecimento da relação entre o ensino e a pesquisa, contribuir para a edificação da autonomia intelectual dos sujeitos frente à (re)construção do conhecimento e de outras práticas sociais. Isto significa contribuir, entre outros aspectos, para o desenvolvimento das capacidades de: interpretar, analisar, criticar, refletir, rejeitar ideias fechadas, aprender, buscar soluções e propor alternativas, potencializadas pela investigação e pela responsabilidade ética assumida diante das questões políticas, sociais, culturais e econômicas (SILVA, 2013, p. 76).
INTERDISCIPLINARIDADE
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) dispõe sobre as normas para a organização do ensino brasileiro desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. O princípio mais evidente nesta lei é o de que o ensino deve preparar tanto para a vida como para o trabalho.
No seu artigo, primeiro podemos perceber tal orientação: “Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (BRASIL, 1996).
A interdisciplinaridade requer uma proposta séria e importante onde os conteúdos curriculares devem estar em consonância com as necessidades locais e regionais dos alunos, ou seja, precisa estar adequada a realidade cultural dos discentes, desenvolvendo entre eles a capacidade de compreender, por exemplo, a formação populacional miscigenada no Brasil. Esta prática educacional contribui para a conscientização em relação ao racismo e preconceito e torna os alunos personagens coparticipantes da história nacional.
Esta prática contempla a contextualização dos conteúdos, permitindo uma aproximação dos alunos com as problemáticas de sua realidade histórica. Contextualizar é aproximar o conteúdo antes distante da compreensão, para a realidade vivencial do aluno. Esta deve ser a primeira etapa para a aproximação dos conteúdos, seguindo-se a aprendizagem propriamente dita. Geralmente o estudo do passado sobre este “preconceito” no meio discente justamente porque o jovem está voltando suas atenções a partir da data que está vivendo. As conexões na apreensão dos conteúdos relacionados a história e sua utilidade atual e compreensão do presente são funções próprias do professor, para que o aluno dê abertura ao ensino proposto.
As acontecimentos do passado sofrerão desta forma uma ressignificação para o presente, o que amplia a compreensão da realidade, levando em conta a necessidade da interdisciplinaridade na formação humana como um todo.
Assim devemos ter em mente que a interdisciplinaridade deve ir além da mera justaposição de conteúdo e evitar a diluição dos mesmos em conceitos generalistas. Ela deve ser compreendida a partir de uma abordagem relacional, onde ocorre a relação entre as disciplinas, sejam de complementariedade, convergência ou mesmo de divergência, em atividades e projetos de estudo, pesquisa e ação, buscando assim uma pratica adequada para atingir os objetivos do ensino médio na formação integral do educando.