Reflexão e Ação – Caderno I – Colégio Estadual Antonio José Reis – Toledo – PR
Reflexão 1:
As medidas educacionais que permanecem no atual sistema de ensino tem suas raízes no plano do Estado Novo, em que foram implementadas medidas para ensino profissional e ensino médio, com ênfase na formação de força de trabalho destinada ao ensino industrial para o setor secundário, ensino agrícola para o setor primário, o ensino comercial para o setor terciário, e o ensino normal para formação de professores para o ensino primário. A inovação da Lei Orgânica em que houve a transformação do ensino profissional em ensino de grau médio, e o ensino primário teve conteúdo exclusivamente geral.
Os cursos técnicos com três anos de duração, para formação do cidadão no ramo da indústria e com complemento de um quarto ano de estágio supervisionado. Outras inovações da Lei é a extensão da obrigatoriedade escolar para oito séries, fundindo-se o ensino primário e o primeiro ciclo do secundário, o ginásio, compondo então o ensino de 1° grau. O segundo ciclo do ensino médio, o curso técnico industrial modelo implícito na organização do novo ensino médio profissionalizante. A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996, Darci Ribeiro) estipulou o Ensino Médio com função formativa, etapa de conclusão da Educação Básica. Esta educação básica passou a ser “a categoria abrangente que envolve educação infantil, o ensino fundamental (ex:. 1° grau), o ensino médio (2° grau) e a educação de jovens e adultos a redefinir os objetivos e as atribuições do ensino médio”
O projeto de formação humana integral propõe-se a superar a dualidade presente na organização do ensino médio.
Desafios:
1) Acesso e permanência:
A questão do acesso ao Ensino Médio tem melhorado nos últimos anos, como demostram as estatísticas. No entanto uma série de fatores tem impedido a permanência de muitos estudantes do Ensino Médio na escola, tais como:
- Atraso na idade série;
- Necessidade do estudante trabalhar para ajudar na renda familiar;
- Dificuldade na aprendizagem e consequentemente a manutenção da defasagem idade/série ou desistência;
- Desinteresse, entre outros.
2) Dualidade entre Ensino Médio Regular e Ensino Médio Técnico:
A dualidade entre ensino técnico e regular se comprova pelo fato de que para ingressar em alguns cursos técnicos há seleção de estudantes.
3) Receber alunos melhor preparados para esta etapa de ensino:
Para se vencer este desafio é necessário que haja uma melhoria significativa na qualidade da educação desde os primeiros anos de escolarização.
4) Diminuir a taxa de evasão e repetência:
Através de um ensino médio atrativo e desafiador, onde o aluno possa considerar o conhecimento como um valor para sua formação integral.
5) Melhorar a qualidade da educação, tornando o Ensino Médio não somente formação de mão-de-obra barata ou preparação para o vestibular.
Reflexão 2- Perfil social, cultural e econômico dos sujeitos matriculados no Ensino Médio de nossa escola.
O Colégio Estadual Antônio José Reis, possui turmas de Ensino Médio nos períodos matutino e noturno.
No período matutino funcionam duas turmas de 1º ano, uma turma de 2º ano e uma turma de 3º ano.
Esses estudantes, uma grande maioria deles, são filhos de trabalhadores da empresa BR Foods (antiga Sadia), outros são empregados do comércio e indústria local, e esses alunos, quase na sua totalidade, estão com a idade correspondente a série que cursam e moram nas proximidades da escola e alguns vem da área rural, dependendo de transporte escolar.
O perfil dessas duas turmas de 1ºs anos, no geral são dedicados ao estudo, são assíduos, e tem prescritivas de ingressar numa universidade.
As turmas de 2º e 3º anos diurnos, são bem memores que as dos 1ºs anos, por causa de transferências ou remanejamento para outras escolas ou para o período noturno, devido à necessidade de trabalhar para sustentar-se ou contribuir com a renda familiar.
Com referência ao período noturno há um diferencial no trabalho pedagógico, pois os mesmos, por serem trabalhadores, alegam não ter tempo para realização de estudos e pesquisas extraclasse, ficando as atividades escolares restritas à sala de aula.
Também há o problema da evasão, que nesse turno é bem maior, já que a grande maioria trabalha, e, muitas vezes, por causa do cansaço da jornada de exaustiva, não conseguem conciliar horários do trabalho e escola, por isso acabam por abandonar o curso. Poucos têm a perspectiva de ingresso num curso superior.
Outro motivo de evasão ou transferências, é a violência social no bairro, que acaba por afastar o jovem da escola, bem como a gravidez indesejada entre adolescentes. Esse último fator, não está restrito apenas ao período da noite, mas também aos períodos diurnos.
Reflexão 3.
A formação integral dos alunos está relacionada a um ensino médio que permita uma formação para o mundo do trabalho e o exercício pleno da cidadania e não simplesmente como mão obra barata para o mercado de trabalho. Um ensino emancipador, humano, fundamentado em princípios éticos e morais, pautado na solidariedade, equidade e na coletividade.
Reflexão 4-
Somente vamos superar esses problemas tão evidentes no ensino médio quando a educação em nosso país seja prioridade, com o montante de recursos necessários e utilizados de maneira responsável para a melhoria de sua qualidade, acesso e permanência. O primeiro passo para que isso aconteça, foi dado com a aprovação do PNE, mas queremos 100% dos recursos públicos para a educação pública, o fim da meritocracia e dentre outros assuntos que deverão serem superados no debate coletivo. Esse ensino significante deve constituir-se no alicerce, na base para a emancipação humana e profissional dos nossos jovens do ensino médio. Assim, que esse possa visualizar na escola, nos seus professores, uma alternativa possível de sucesso, com um ensino que resgate o verdadeiro papel social dessa, ao permitir a socialização da cultura de um povo, de uma sociedade, de uma época e de todas as épocas e povos, promovendo o esclarecimento, despertando a consciência de cada jovem como cidadão responsável por seu destino e país.
A desigualdade social resulta nessa diferenciação e exclusão do processo educacional, portanto, o caminho talvez seria encaminhamentos diferenciados capazes de atender as diferentes demandas. Refletir e conhecer a realidade para organizar a prática pedagógica mais adequada.
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