REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO I

Colégio Estadual Conselheiro Zacarias – EFM e EJA
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Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio – 2014

Professores participantes:
Célia Oliveira Quadros
Daniele Moraes Janhaki
Edson José Veiga da Silva
Graciele Dellalibera de Mello
Izabel Cristina Calzado Trindade
Hamilton Cesar do Nascimento
Paulo Soares de Souza
Raquel Angela Arpini
Renato Marin
Tania Maria dos Santos

REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO I - TÓPICO 1
Retomando historicamente as reformas educacionais no Brasil, no que se refere ao Ensino Médio, podemos entender que a Reforma Capanema e suas leis Orgânicas, definem um modelo clássico de dualidade, ou seja, duas redes, duas ofertas: uma para a continuidade nos estudos e a outra preparação para o trabalho (técnico). Com a Lei 4.024/61, volta-se ao modelo propedêutico, e em 1971 com a Lei 5.692/71, torna-se obrigatório o ensino técnico com uma habilitação profissionalizante. Novamente em 1996, retorna-se ao modelo clássico, no entanto, com uma dualidade mais acentuada que a que existia em 1942, uma vez que ela se apresenta com um caráter privado, e preparado principalmente para atender aos interesses do mundo do trabalho.
É observado que os jovens, ao terminarem o ensino fundamental, não têm a obrigatoriedade de ingressarem no ensino médio, a não ser os filhos das famílias, que além de um capital cultural, são detentores também de um capital econômico que lhes dá condições de concluírem uma formação propedêutica e maiores condições de acesso ao ensino superior.
Desta forma, compreende-se que temos grandes desafios no ensino médio entre eles: a superação da dualidade estrutural; políticas públicas que contemplem a classe trabalhadora; superação do padrão uniforme das reformas educacionais (eficácia x redução de custos) seguindo os preceitos do FMI; superar dicotomia mercado trabalho e vestibular; ampliar as matrículas sem diminuir a qualidade da educação; superar a evasão e repetência;  recursos financeiros descentralizados.

REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO I - TÓPICO 2
Conhecer a identidade dos sujeitos envolvidos no Ensino Médio, é fundamental para compreender como esses sujeitos se constituem no espaço educativo.
Esses sujeitos, geralmente pertencem a uma classe social pouco abastada, sem acesso aos bens culturais. Originários de famílias desestruturadas emocionalmente e com dificuldades de impor limites aos seus filhos o que leva o envolvimento de seus membros e dos jovens com bebidas alcoólicas e drogas. A falta de diálogo entre pais ou responsáveis com seus filhos leva os jovens a rebeldia e relacionamento sexual muito cedo sem preocupações com DSTs ou gravidez indesejada. Muitos, movidos por questões sociais e econômicas, tem que abandonar os estudos, muito cedo, por falta de oportunidades, ou pela necessidade de ingresso no mundo do trabalho. Outros, por falta de motivação, falhas de aprendizagem, reprovações, etc. Sem expectativa de acesso ao ensino superior; e talvez falta de esclarecimentos sobre as políticas de acesso ao Ensino Superior via ENEM.
Percebe-se ainda, grandes dificuldades de aprendizagens. Isso ocorre pela baixa autoestima, falta de perspectiva de vida, falta de disciplina com os estudos, falta de valorização do conhecimento como meio de progresso e ascensão social, etc. As dificuldades de aprendizagem ocorrem também por razões cognitivas como: nível de conhecimento defasado, de falta de letramento, pouca habilidade com a leitura e com a escrita, incapacidade de raciocínio e abstração, entre outros.
Por lei, o estudante deveria sair dessa etapa do ensino preparado para o ingresso tanto no mercado de trabalho como na universidade. Porém, uma grade curricular engessada, rígida e antiquada corrobora para a desistência, bem como para o fracasso desse intento. O formato desmotiva os estudantes, que, por volta dos 15 anos, já sentem florescer competências, preferências e sonhos além, é claro, de incompatibilidades, aversões e pesadelos. Assim, apesar de cultivarem interesse por áreas específicas do conhecimento, ainda são obrigados a enfrentar um curso sem variações, cujo currículo é igualmente aplicado a todos. São muitas áreas, e todas abordadas superficialmente. O aluno aprende à base de memorização, repetindo o que o professor fala. É preciso oferecer algo que pareça e de fato seja útil a esse jovem.

REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO I - TÓPICO 3
Um projeto de formação humana integral promove o encontro sistemático entre cultura e trabalho, fornecendo aos alunos uma educação integrada capaz de propiciar-lhes a compreensão da vida social, da evolução técnico-científica, da história e da dinâmica do trabalho. Isto implica em competência técnica e compromisso ético, que se revelam em uma atuação profissional pautada pelas transformações sociais, políticas e culturais necessárias à edificação de uma sociedade igualitária. Para isso é preciso incorporar ao currículo conhecimentos que contribuam para a compreensão do trabalho como princípio educativo.
A finalidade de uma proposta pedagógica voltada para esse objetivo é de garantir o acesso aos conhecimentos socialmente construídos. A escola tem que ser pensada em suas possibilidades e suas contradições. Considerando sua capacidade de articular práticas pedagógicas, através de um projeto educativo claro, pensando a educação para o jovem, com condições de se tornar um sujeito autônomo com oportunidade de superar as condições desiguais de ensino. Um projeto que alie a prática conteudista, pois ela ainda é cobrada na sociedade, com uma educação humana voltada para resolução de problemas cotidianos. Precisamos de uma prática mais atual que incorpore e integre os aspectos científicos, tecnológicos, humanísticos e culturais, que contemple ambas as partes de forma equilibrada.
A escola tem que ser pensada, também, pela luta na melhoria das condições de trabalho para o professor, incluindo remuneração e carreira, apropriando-se criticamente dos conteúdos das novas DCNEM onde todos os envolvidos na educação contribuam para uma efetiva transformação na escola.

REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO I - TÓPICO 4
Para a maioria dos jovens, a escola tem sido um espaço desmotivador. Um dos caminhos para se chegar à universalização do ensino médio é a exigência de melhores condições em todos os setores visando  reformas estruturais que contemplem a equidade social.
Universalizar o ensino médio é assegurar que toda a população de 15 a 17 anos frequente as séries adequadas a cada idade, isso exige que os alunos com 15 anos ou mais que estão no ensino fundamental cheguem e sejam incorporados ao ensino médio.
A melhoria das condições de sucesso e permanência nos estudos depende de uma série de investimento, e para tanto é necessário que a promessa de transferência de 10% do Produto Interno Bruto para a educação pública seja realmente efetivada. Atualizar o formato das salas, diminuir o número de alunos em sala, 25 é o ideal. Isso possibilitará uma melhora significativa na qualidade de ensino, através de aquisição de equipamentos, reformas, ampliação e revitalização do espaço físico. Além disso, investir  impreterivelmente na formação teórico e prática dos professores, bem como na sua permanente qualificação.
Mudar, esse contexto, significa abandonar alguns paradigmas sobre o que é ensinar e aprender, é voltar os olhos para a educação básica tendo como objetivo a garantia de vaga, permanência e conclusão do Ensino Fundamental. E isso precisa ser feito com recursos financeiros que garantam uma melhoria nas estruturas físicas das escolas e uma maior valorização do profissional em educação com o compromisso de construir coletivamente a escola, que faça diferença na vida dos jovens e na vida do País.
Para tanto se faz necessária uma reconstrução da proposta político pedagógica da escola, tendo em vista as demandas de educação do jovem e da sociedade, em face da nova realidade da vida social e produtiva.
Não basta aos jovens frequentar a escola, mas construir aprendizagens relevantes e significativas ao longo de sua escolaridade.