ESCOLA: CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL MANOEL MOREIRA PENA
MUNICÍPIO: FOZ DO IGUAÇU/PR
PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO
REFLEXÃO E AÇÃO - CADERNO I
A leitura sobre a história da educação no Brasil nos mostra que alguns problemas são antigos e crônicos. As nossas discussões nos levaram a elencar alguns desafios do momento atual:
- A qualidade da formação inicial dos profissionais da educação tem deixado muito a deseja. Além disso, existe muito pouco investimento na formação continuada, principalmente nos conhecimentos específicos. O que existe, no Paraná, é uma pseudo-capacitação na parte teórica-filosófica da Educação, repetitiva e pouco motivadora. As capacitações são sempre delegadas às escolas sem nenhum tipo de suporte financeiro.
- Não há continuidade nas políticas educacionais (programas de governo) para a educação. Isto é histórico. Um governo estabelece uma forma de trabalho e quando chega um novo governante muda tudo, nem sempre para melhor.
- A infra estrutura física, material e profissional das escolas não atende as necessidades atuais. Os prédios estão sempre carecendo de manutenção, muitos equipamentos estão desatualizados ou sucateados e a equipe de profissionais poucas vezes está completa.
- A rotatividade de professores e funcionários é um dos grandes entraves para a melhoria da qualidade da educação pública. A maioria dos professores pula anualmente de escola, alguns são obrigados a trabalharem em várias escolas para fechar a sua carga horária. Isso dificulta muito a continuidade tão necessária ao trabalho pedagógico e o envolvimento desses profissionais com as escolas e com os alunos.
- A falta de escolas mais próximas muitas vezes obriga os alunos a se deslocarem de um bairro a outro e o sistema de transporte nem sempre funciona.
- Os baixos salários e a condição de trabalho não estimula quem está trabalhando e também não atrai bons profissionais para a área da educação. Uma pesquisa publicada a alguns anos pela Revista Nova Escola, da Editora Abril, mostrava claramente que entre os jovens a profissão não era atrativa.
Por último, nos perguntamos se realmente o MEC irá “ouvir” as reflexões e sugestões vindas das escolas. Ou será apenas mais um faz de conta...
O segundo momento desta reflexão nos levou a deixar a visão geral e focar um pouco sobre o nosso aluno, aqueles que encontramos todos os dias nas salas de aulas da nossa escola.
Temos em torno de duzentos e cinqüenta alunos no ensino médio integrado ao curso técnico em agropecuária. São oriundos do nosso município (minoria), dos municípios vizinhos (maioria) e uns tantos filhos de brasileiros que moram no Paraguai. Na sua maioria são filhos de trabalhadores rurais, pequenos proprietários que tiram o seu sustento da agricultura familiar. Os pais, na maioria, possuem baixa escolaridade e depositam nos filhos os seus sonhos de uma vida melhor.
Os jovens são imediatistas em termos de resultados e utilitaristas em termos dos objetivos da educação escolar. Ligam o “ganhar dinheiro” com o plantar mais. Nessa idéia, o conhecimento escolar não é tão valorizado. A diversão de final de semana inclui muita bebida, até pela herança cultural alemã e italiana da região. Nos últimos anos temos percebido como a educação familiar tradicional tem se perdido em meio ao processo globalizante da cultura de massa.