Reflexão do Caderno III - Professores do Colégio Estadual Paula Gomes

Reflexão do Caderno III dos professores cursistas do Colégio Estadual Paula

 

          O aluno que chega ao ensino médio no Brasil, traz um acúmulo de problemas de formação desde o começo do ensino fundamental. São déficits de aprendizado, que compõem uma espécie de efeito cascata ao longo dos anos escolares e desembocam com força no final do período escolar. Sem ter aprendido direito os conteúdos básicos das disciplinas, o aluno é prejudicado nos anos finais, ao encontrar disciplinas diferentes e conteúdos mais abrangentes dos estudados no decorrer das séries iniciais.
           Diante de tanta dificuldade, a possibilidade de que o aluno desista é imensa,  no Brasil metade dos estudantes  do ensino e médio simplesmente não terminam, tornando-se evidente o caminho desastroso pela qual a educação brasileira chegou; por uma ineficiência que se inicia à partir dos primeiros anos do ensino fundamental, pois o ensino é fracionado e hierarquizado, demonstrando a mesma hierarquização existente na sociedade; levando os educadores a repensar ,  os métodos atuais de ensino.
      É preciso relacionar o ensino com o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura nas disciplinas curriculares, não é uma tarefa muito difícil, é preciso inovar diariamente, e não ficar preso a conteúdos ultrapassados, desenvolver o lado crítico do educando, levá-lo a relacionar sua vivência com o conteúdo estudado e assim ajudá-lo aprimorar suas competências e habilidades profissionais.
      Uma das competências exigidas no mercado de trabalho atual é a competência linguística, voltado não somente para profissionais da comunicação, mas para todos os profissionais, o uso adequado da linguagem falada e escrita (leias e norma culta da língua portuguesa), tem sido fator determinante para o ingresso e a permanência de diversos profissionais no mercado de trabalho.
É preciso conscientizar os educandos quanto ao uso do “Internetês”,  esse tipo de linguagem é restrito à internet, e não deve ser transferido para as relações sociais e profissionais. É preciso desenvolver desde as séries iniciais o hábito da leitura, o Brasil é uma sociedade de letrados sem leitura; percebe-se que há uma deficiência evidente quanto à compreensão, e até mesmo o conhecimento, das regras que regem a nossa língua, tornando cada vez mais urgente, para profissionais de todas as áreas, a busca pelo aperfeiçoamento, por meio da leitura e da escrita, é que teremos acesso e formaremos grande de parte de nossa cultura humana.
      Um dos assuntos polêmicos surgidos na roda de conversa diz respeito ao Artigo III do Projeto de Lei que cria o no PNE; diz que é preciso  “Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de Educação Básica.” Seria ótimo também acrescentar neste artigo um ou alguns parágrafos obrigatórios para o sucesso da escola integral, que contenha no mínimo formação e capacitação de professores e funcionários, infraestrutura básica com: refeitórios, quadra coberta, salas ambientes, funcionários etc.; não se faz uma  educação de qualidade apenas com boa vontade, quadro negro e giz, é preciso definir e dividir as responsabilidades com o poder público, a sociedade civil.
      As Diretrizes propõem a oferta de um Ensino Médio mais diversificado e flexível pelas unidades escolares, de forma que elas possam definir sua proposta curricular, selecionar os conhecimentos, definir tempos e arranjos alternativos de carga-horária, metodologia e avaliação, para que isso aconteça é preciso investir em cursos interessantes e instrutivos, semanas e reuniões pedagógicas com pautas estruturadas, planejadas, direcionadas. Embora não se discuta a eficácia destes cursos, muitas vezes oferecidos para privilegiar a autores. Esses cursos são influenciados pelos princípios da irracionalidade técnica instrumental decorrente de uma cultura profissional marcada pela valorização do conhecimento teórico e por atividades que excluem a reflexão sobre a prática, desvaloriza o conhecimento pratico do professor e a escola como local de aquisição desse conhecimento.
     Conhecimento esse que contribuirá para a formação e “o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando, tendo em vista a construção de sua autonomia intelectual e moral; possibilitar o desenvolvimento das capacidades de comunicação, por meio das diferentes linguagens e das formas de expressão individual e grupal.”
     O mestre tem um papel importante no processo de ensino-aprendizagem. É ele que detém os conhecimentos básicos e científicos da disciplina lecionada e também das técnicas de ensino. Mas para que haja uma nova escola democrática, um novo Ensino Médio integrado, o professor deve enxergar o aluno como sujeito construtor de sua história e do seu conhecimento, da sua cultura, sendo fundamental que o mestre ouça seus alunos e participe com eles do processo de ensino-aprendizagem.
     A fim de que isso se efetive, deveríamos buscar um processo que partisse do conhecimento dos alunos, para daí progredir até o máximo de conhecimento possível. Partir do que o aluno sabe não quer dizer partir do indivíduo, e sim do grupo ou da classe ao qual ele faz parte, e também não quer dizer ficar naquilo que o grupo já sabe, entra aí o professor, que pode contribuir com seu conhecimento científico e cultural e social, integrando o currículo, despertariam o interesse nas diferentes áreas do conhecimento cabendo ao educando aperfeiçoar-se naquela que mais o identificou.
    Como afirma Apple (1989), “professores, pais e alunos devem buscar formas de agudizar estas lutas em favor da classe trabalhadora”. Neste sentido, o que poderia ser feito? Buscar a democratização das relações escolares. Como? Criando mecanismos e utilizando os já existentes (Conselho de Classes, e Reuniões de pais, são alguns dos exemplos) que reforcem a participação da comunidade escolar em todo o processo de ensino-aprendizagem, promovendo a participação de professores, funcionários, alunos, pais e responsáveis na elaboração das propostas escolares e não somente na execução; assim a escola democrática, participativa, formativa e inclusiva sairia dos papéis e reuniões pedagógicas e passaria a fazer parte da realidade do educando.