Reflexão Caderno II Colégio Estadual Ipê Roxo Ensino Fundamental e Médio - Foz do Iguaçu

Colaboradores: Carina dos Santos, Fabiana da Silva Rocha, Germano Luiz Kalinoski, Ilda Aparecida de Souza, Lidiomar Teixeira da silva, Margarida de Souza, Marilda Lopes Cruz, Marilene Aparecida Benites, Patrícia de Souza e Robson Fagundes dos Santos

Reflexão do Caderno II

Primeiro passo a ser analisado é que existem as representações a cerca da juventude. Muitas vezes, estas sendo construídas de forma negativa, pois diversas vezes a ideia que se tem generalizada são de jovens que não respeitam os seus professores e que são totalmente classificados como desrespeitosos com a família e conseqüentemente com os profissionais que trabalham dentro dos espaços escolares. Há uma política de responsabilização dos professores, o que mostra uma das faces da crise da escola na sua relação com a juventude. É preciso compreender que o problema não se reduz apenas aos jovens e a escola, e seus profissionais. É preciso superar a tendência em culpabilizar alguém, é importante ressaltar que a escola e os seus profissionais, assim como os jovens, são parte da sociedade. E que os desafios a serem superados são bem mais amplos. O grande desafio, como aponta a legislação, é colocar o jovem como sujeito do processo educativo; garantindo que a formação vise o aprimoramento do educando como pessoa humana, ou seja, que o seu desenvolvimento lhe permita transformar-se e transformar o meio social do qual faz parte, de forma autônoma e crítica.
O uso das redes sociais é extremamente positivo para o exercício mental do indivíduo. Para o bem ou para o mal, o mundo contemporâneo está repleto de diversas informações em um curto período; isto é, os indivíduos nativos da era da tecnologia da informação se habituam rapidamente ao dinamismo, o que torna o lento e sistemático processo de ensino aprendizagem nas escolas, obsoleto e inadequado. Talvez seja o caso de uma revisão dos métodos de ensino, afinal, um professor dificilmente poderia competir com os mecanismos de pesquisa avançada na internet, como o que a Google proporciona. A ciência especializada no ensino e no ensinar não pode ignorar o fato de que a juventude dessa e das próximas gerações precisam de um modelo educacional diferenciado, dinâmico, informatizado e versátil; como o dinamismo que a sociedade os faz desenvolver diariamente.
Ao colocar a temática em debate com os estudantes, constata-se que a troca de informações é a atividade mais realizada na internet. As pesquisas e trabalhos massivos apresentados como propostas acadêmicas são secundárias. Porém, o uso das redes sociais claramente proporciona o contato com realidades diferenciadas. Através da internet, pode-se conversar com alguém do outro lado do mundo, ou saber dos acontecimentos a nível nacional ou internacional em tempo real. O uso dos novos meios de comunicação é fundamental para a disseminação de informação, e esta é a riqueza da Era da Tecnologia da Informação; é de extrema importância que o indivíduo também seja globalizado, a escola simplesmente precisa acompanhar o processo.
  A escola para conseguir alcançar esse patamar precisa de políticas públicas que dê respaldo para que isso ocorra. Pois, o acesso a informação, no entanto, não garante a formação. É preciso ressaltar que esse universo tecnológico muitas vezes não se faz presente dentro das escolas. Não temos acesso à internet, os laboratórios de ciência, assim como de informática estão sucateados. Não é por desconhecimento generalizado do uso das tecnologias por parte dos professores, e sim a ausência dessas ferramentas para mediar o processo educativo. Há uma distância entre o ser e o dever ser da escola.

Jovens, culturas, identidades e tecnologias

Ser jovem não é tanto um destino, mas a escolha de transformar e dirigir uma existência.
Hoje, os jovens possuem um campo maior de autonomia frente às instituições do denominado “mundo adulto” para construir seus próprios acervos e identidades culturais.
Alberto Melucci (1996)
a) Uma habilidade auto reflexiva dos atores sociais –  o agir coletivo não é simplesmente uma reação às ameaça sociais e aos contornos; o agir social produz orientações simbólicas e sentidos que os atores são capazes de reconhecer
b) Uma noção de causalidade e pertença; uma capacidade de atribuir os efeitos de suas ações a eles mesmos;
c) Uma habilidade tal para perceber a durabilidade que seja possível estabelecer relações entre passado e futuro e ligar a ação os efeitos.
Um dos princípios organizadores dos processos produtores das identidades contemporâneas diz respeito ao fato de os sujeitos selecionarem as diferenças com as quais querem ser reconhecidos socialmente. Isso faz da identidade muito mais uma escolha do que uma imposição.
Uma das mais importantes tarefas das instituições educativas hoje está em contribuir para que os jovens possam realizar escolhas conscientes sobre suas trajetórias pessoais e construir os seus próprios acervos de valores e conhecimentos não mais impostos como heranças familiares ou institucionais.
  Segundo LECCARDI, 2005 Um tempo histórico de aceleração temporal estaria criando uma nova juventude.
Esta desenvolver-se-ia em contextos de novas alternativas de vida apresentadas pelo desenvolvimento científico-tecnológico e pelos novos padrões culturais nos relacionamentos entre as gerações.
Há riscos e incertezas provocados por um processo de globalização marcado pela desigualdade de oportunidades e pela fragilização dos vínculos institucionais.
Os jovens sujeitos do Ensino Médio (EM) nos trazem cotidianamente desafios para o aprimoramento de nosso ofício de educar.
O maior campo simbólico que os jovens possuem para se fazerem sujeitos a partir de escolhas não determinadas pelos adultos e pelas instituições é fonte de muita tensão nos ambientes familiares e escolares.
A escola e seus educadores têm o desafio de compreender o “ser jovem” no contexto das transformações sociais contemporâneos e da multiplicidade de caminhos existentes para a vivência do tempo de juventude.

Os jovens necessitam ser percebidos como sujeitos de direitos e de cultura e não apenas como “objetos” de nossas intenções educativas.
Ocorrem sensíveis mudanças para melhor no relacionamento entre estudantes e  professores quando esses vão deixando de ser vistos apenas como alunos para serem enxergados como jovens a partir de suas identidades culturais, seus gostos e valores produzidos para além dos muros da escola. Suas corporeidades próprias nas relações sociais: são jovens homens e mulheres, negros e negras, hétero ou homossexuais, ateus ou religiosos; eles e elas são muitos e habitam nossas escolas, mesmo com a “capa da invisibilidade” das fardas e uniformes escolares.

JOVENS EM SUAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

Vivemos num cenário em que as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes nas práticas cotidianas.
O acesso à internet é exemplar para medir a imersão dos indivíduos no mundo digital.
O celular é também um outro expressivo indicador da importância da tecnologia no cotidiano das ações.
As redes sociais digitais são um capítulo especial nesse cenário e parecem ocupar boa parte das práticas sociais contemporâneas.
Não seria exagero dizer que estamos vivendo em uma “ecologia digital” repletas de novas subjetividades fabricadas nas relações sociais estabelecidas por meio das tecnologias.
Nessa perspectiva, nossa íntima relação com ela teria transformado nossas habilidades, desejos, formas de pensamento, estruturas cognitivas, temporalidade e localização espacial.
A juventude interage crescentemente com as tecnologias e, assim, se produz, orienta seu comportamento e conduz a própria existência.
As tecnologias digitais são, pois, um importante elemento constitutivo da cultura juvenil.
Alguns professores parecem não compreender as novas formas juvenis de conduzir a própria existência, produzidas pela intensa conexão com as tecnologias digitais. E neste sentido, expressam muita dificuldade em entender as transformações ocorridas na relação dos jovens com o acesso à informação e suas formas de se relacionar com o conhecimento.
A sensação mais recorrente é que a escola e os conhecimentos curriculares estão perdendo terreno na disputa com o ciberespaço e a cibercultura.
É neste ponto em especial que a escola entra em conflito com a cibercultura na qual os jovens estão imersos.
Algumas escolas criam estratégias para evitar, de todas as formas o uso das tecnologias de comunicação pessoal por parte dos estudantes. Outras escolas procuram aproveitar este universo cibercultural para dele extrair sentidos de participação e interesse para as atividades curriculares.
As manifestações culturais juvenis podem e devem ser utilizadas como ferramentas que facilitem a interlocução e o diálogo entre os jovens, profissionais da educação e a escola, contribuindo assim para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras em comunidades de aprendizagem SUPERADORAS das tradicionais hierarquias de práticas e saberes ainda tão presentes nas instituições escolares.
No Brasil, durante muitos séculos, a educação foi privilégio da classe dominante (burguesia), onde só os filhos dos ricos podiam e tinham condições econômicas de estudar. Essa situação ainda não foi superada totalmente nos dias de hoje, principalmente na questão referente a qualidade do EM, oferecido pelas escolas públicas aos filhos da classe de trabalhadores, ao aluno trabalhador.
As escolas públicas que oferecem EM no Paraná, podem ser considerados dentro da prática, com relação ao que acontece de concreto no chão da escola, instituições tradicionais, pois reproduzem ideias, valores materiais e simbólicos de uma sociedade tradicional. E o sistema capitalista informacional predominante em nossa sociedade quer e direciona para que o EM seja e aconteça exatamente do jeito que está aí.
É bastante complicado pensar em EM existente hoje como um espaço em tempo onde os adolescentes e jovens possam realizar experiências, perseguir objetivos, construir sua identidade, seus valores políticos e ideológicos e que de maneiras integradas poderiam ajudar a construir um projeto de vida.
Pensar no EM  existente no Brasil leva a refletir sobre todo o sistema educacional brasileiro. Pensar em mudanças que redefiniriam todo o sistema curricular e consequentemente todo o processo de ensino/aprendizagem. E as mudanças devem incluir todos, professores, alunos, conteúdos, metodologias, tecnologias, o espaço físico, a comunidade, enfim, todos são importantes.
Os alunos e professores do EM devem trabalhar aqueles conhecimentos que foram historicamente construídos pela sociedade, deve ser dado condições de poderem avançar na construção de novos conhecimentos. Portanto o projeto de vida de um estudante trabalhador que faz o EM, deve estar vinculado ao conhecimento, conhecimento que lhe permita mudar para melhor o mundo em que vive.

Carta aos alunos

Sabemos que sempre nos encontramos em meio à correria do dia-a-dia, atarefados, presos à rotina. Passamos pelas pessoas com superficialidade, não dedicando a elas a atenção merecida. Talvez tenha ocorrido  isso entre nós professores e vocês alunos. Há um hiato entre nós e, urgentemente, queremos buscar essa aproximação para enfrentarmos tais problemas.
Vocês são importantes para nós, são os protagonistas do nosso trabalho e é a vocês que dedicamos nossas reflexões nesta singela carta.
Observamos as atitudes de vocês na escola. Vocês possuem uma energia, muitas vezes, invejável e uma sede em busca de conhecimento. Se não fosse essa sede, talvez vocês não viriam todos os dias à escola. Estamos certos? Talvez essa seja a base do nosso diálogo: Para vocês, qual é o significado que a escola tem? Queremos entender melhor o que valorizam, como assimilam melhor o conhecimento, qual seus anseios, expectativas...
Estudar não é uma tarefa fácil, nos exige concentração, esforço constante, determinação e disciplina. A sociedade nos exige tarefas difíceis e para conquistarmos o que sonhamos, precisamos passar por vários obstáculos.
Atualmente, os jovens são cobrados nas diversas esferas sociais. Espera-se uma postura mais responsável dele. O “pré-adulto” tem que conciliar esse espírito maduro a diversões, festas, namoros e é a partir daí que surgem os conflitos. É uma tarefa difícil para resolver os problemas, aí lhes perguntamos, viver é fácil?
A educação serve  para tornarmos mais conhecedores de nós mesmos, tendo em vista, o desenvolvimento pessoal, social, familiar, escolar...  A escola, quando geradora de questionamentos, pensamentos, sentimentos e ações, ajuda  a chegar a essas questões e a buscar suas próprias respostas. E vocês alunos,  estão dispostos a construir um novo modelo de escola?