REDESENHO CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO: UMA POSSIBILIDADE DE MUDANÇA

GRUPO DE TRABALHO: PROFESSORES DO CENTRO ESTADUAL PROFISSIONAL BRASILIO MACHADO – ANTONINA – PARANÁ
Cesar Fernandes de Souza; Cibelle Anne Santos Silva; Edilaine do Pilar Basco; Elenita da Costa  Silva; Emaldo Gomes Silva; John Kennedy Gaspar de Abreu; José Gustavo Pontes; Juliana Pontes Alves de Oliveira; Lélia Valéria Dantas da Fonseca; Luisa Belém de Souza; Marcos Antonio de Oliveira Nascimento; Nelci Terezinha Martins; Sabrina Giovanelli Carvalho; Robson Luiz Marciniak Karas.

A história da educação em nosso país mostra como o currículo sempre foi pensado para atender uma finalidade, ou seja, uma voltada para atender uma formação de caráter técnico– preparar para o trabalho, e outra de caráter acadêmica destinada para a elite que tem como objetivo o ingresso no ensino superior. Os dirigentes não tinham o menor escrúpulo e deixavam isso claro em seus discursos o ministro Capanema 1942 em uma de suas falas expressou “O ensino secundário, propedêutico, destina-se à formação de elites condutoras” ( Silva, 1991), para a classe trabalhadora caberia o ensino técnico – profissional, com um currículo “pragmático”, centrado no treinamento para uma atividade laboral. Resultando dessa organização um currículo fragmentado.
A política curricular é uma questão difícil. Porém, é preciso enfrentá-la. O problema central é: quem a define, com que critérios, com qual visão de educação e para qual projeto de nação?
O currículo deve visar à busca pelo conhecimento aos estudantes, pois o objetivo é prepará-los para a cidadania plena. Um cidadão precisa refletir e ter capacidade de tomar decisões sobre sua própria vida. A escola deve colaborar com sua preparação para isso.
Com a sansão do novo PNE (Plano Nacional de Educação) na forma da lei 13.005/2014, os ensinos fundamental e médio deverão ter uma “base nacional comum curricular”. Esse mecanismo está demandado desde 1996 pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), porém nunca foi elaborado.
Segundo o PNE, essa base nacional comum curricular deverá ser “configurada” por “direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento” específicos para cada uma dessas etapas da educação básica. A tendência é que se inicie um extenso e desejável processo de definição de cada um desses termos. O debate deverá ser marcado por disputas que denotem concepções de educação distintas sobre o papel do professor nos processos de ensino e a aprendizagem, o que é relevante ser ensinado, qual deve ser o grau de detalhamento da base nacional comum curricular, quem define cada um desses aspectos, entre outras questões.
Uma reforma curricular no Brasil é sem duvida um dos componentes relevantes do direito á educação. Impõe a necessidade de envolver professores, pesquisadores, formadores de professores, entidades da sociedade civil, sindicatos, gestores públicos, conselheiros de educação, estudantes e familiares. Caso contrário à definição da “base nacional comum” poderá ser mais uma experiência de reforma curricular que ficou aquém de cumprir com sua missão, tal como ocorreu, anteriormente e por motivos distintos com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e com as DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais).
Um dos principais enfoques do Ensino Médio é o de preparar o aluno para a vida, de forma que, a partir dos conhecimentos que ele construa, consiga relacioná-los com o contexto cientifico – tecnológico e social no qual está inserido, como supõe a própria concepção de cidadania explicitada na proposta educacional vigente “(....) a cidadania não é uma condição ou qualidade separada da aprendizagem escolar. É, antes de qualquer coisa, a aplicação prática daquela que o aluno aprende nos conteúdos curriculares, é o conhecimento das ciências, das linguagens, das matemáticas, utilizadas de modo responsável, solidário e includente.” (Brasil, 1999, p.98).
Redesenho Curricular uma Possibilidade em Andamento
Este é um momento muito importante, com o redesenho do ensino médio e a oportunidade que está sendo ofertada pelo Pacto Nacional do Fortalecimento do Ensino Médio, a nós educadores; que devemos ter o compromisso de participar com muito empenho nesta elaboração, para não lamentar mais tarde. Pois, o redesenho do ensino médio, exige um novo olhar sobre as dimensões da ciência, tecnologia e seus impactos nessa sociedade em constante transformação. O que significa voltar-se para, o esteio da educação tecnológica. É imprescindível que as pessoas envolvidas com o progresso tecnológico tenham consciência crítica diante de situações como, por exemplo: por que motivo a maioria da população vive sob condições de miséria, sem oportunidades de superar as desigualdades sociais? Nessa perspectiva, o ensino da ciência e da tecnologia no ensino médio deve permitir a percepção da interação da ciência e da tecnologia oferecendo ao educando oportunidades para que ele adquira uma concepção ampla e humanista da tecnologia.
Trabalho como Princípio Educativo
“A natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida, sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente em cada individuo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.” Saviani, 2005
É pelo trabalho que o homem se faz homem, podemos deduzir que sua emancipação está associada ao seu pensar e agir, visto que dentro de suas características está a consciência, a intencionalidade e a liberdade. Para Marx (Apud Albornoz, 1986: p. 69) “O homem é o que é ele faz,”, portanto, o trabalho é a medida de todas as coisas. Porém, historicamente verificamos que a consciência, a intenção e a liberdade não caminham juntas quando se trata dos processos produtivos atuais.
Arroyo (1998) ressalta o impacto na formação humana e no conjunto das relações sociais ao pensar o trabalho como principio educativo, quando afirma “O trabalho como princípio educativo situa-se em um campo de preocupação com vínculos entre a vida produtiva e cultura, com o humanismo, com a constituição histórica pelo ser humano, de sua formação intelectual e moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação.”
O mundo do trabalho deve estar vinculado a cada disciplina curricular, em sua dimensão real e concreta, pois grande parte dos jovens do Ensino Médio, já são trabalhadores em uma sociedade impregnada por relações alienantes. Daí, a necessidade do conteúdo objetivo do trabalho para o desenvolvimento das contradições, para análises dos processos básicos da produção no contexto social econômico e político.
Assim, os jovens poderão compreender o desenvolvimento histórico da humanidade e seu papel na produção da cultura, da ciência, do trabalho e principalmente como o processo produtivo facilita ou dificulta o acesso dos trabalhadores aos benefícios decorrentes das modernas tecnologias.

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

ALBORNOZ, Suzana. O que é trabalho. 4. Ed. São Paulo. Ed. Brasiliense AS. 1986.
ARROYO. Miguel. Educação das camadas populares. Educação de jovens e adultos trabalhadores em debate. São Paulo: CEDI, 1998.
BRASIL, MINISTERIO DA EDUCAÇÂO SECRETARIA DE EDUCAÇÂO MÉDIA E TÈCNOLÒGICA (1999), Paramentos curriculares nacionais ensino médio. Bases legais. Brasília. SEMT.