Que relações existem entre o que eu ensino e o mundo do trabalho, ciência, tecnologia e cultura? - CE Prof. Guido Arzua

Vivemos num contexto social onde o imediatismo é fator culminante nas decisões dos jovens quanto a emprego, economia, status social. No entanto, sabe-se que a educação só gera benefícios a médio-longo prazo, um revés ao conceito imediatista no qual o pensamento dos jovens se enquadra.
Um dos maiores desafios do educador de hoje é apresentar uma aplicabilidade concreta do conteúdo a ser ministrado, tarefa esta que esbarra no fato do currículo brasileiro ser engessado em seus diversos teoremas e pressupostos teóricos, onde impera o pensamento linear, seguindo uma lógica fixa.
Outro fator relevante neste conceito é o fato do jovem, cada vez mais precocemente, ingressar no mercado de trabalho. Com o tempo escasso e sua inaptidão recorrente em organização, o jovem necessita que o conteúdo seja ministrado de maneira clara, direta e interessante, a fim de estimular o estudo.
Ao analisar friamente o que é trabalhado como conteúdo em sala de aula e o mundo do trabalho, ciência, tecnologia e cultura, a matriz curricular brasileira já é estruturada para que atenda a estes parâmetros. Primeiramente, pode-se dizer que, a cada dia que passa a qualificação do jovem é fator latente para seu sucesso ou fracasso no competitivo mercado de trabalho e, quanto mais o tempo passa, maior tende a ser o entendimento do jovem quanto aos conteúdos abordados nas disciplinas.
As ciências (biologia, física e química) são planejadas de maneira a mostrar a importância do seu entendimento no que se refere ao uso de novas tecnologias (“smartphones”, “tablets”) bem como entender os efeitos de medicamentos e drogas no organismo (sinapses, componentes químicos, interpretação de bula) e as interações do indivíduo com o meio ambiente, relevando-se o conceito de sustentabilidade, assunto este constantemente em voga, nas mídias, redes sociais, movimentos populares. Isto para citar somente alguns exemplos, dentre tantos, de como o ensino está relacionado ao conceito científico.
O jovem de hoje já nasceu em meio à tecnologia, tendo desde cedo, o conhecimento para manipulação. No entanto, devido sua imaturidade, o jovem não tem consciência dos males que pode causar devido ao uso inconsequente da tecnologia. As ciências são organizadas de tal maneira a se incumbir do entendimento técnico-científico que tais ferramentas proporcionam, mas é importante frisar que disciplinas como filosofia e sociologia, tem a incumbência de trabalhar o conceito ético e social do uso de tais tecnologias, desde ao uso de redes sociais à aplicabilidade da energia nuclear.
A cultura brasileira é riquíssima, alicerçada na história dos povos indígenas, negros, português, passando pela história dos demais povos europeus e asiáticos que viram nesta terra a oportunidade de uma vida melhor, parafraseando Caminha “plantando nesta terra, tudo dá”. A influência dos povos nativos e imigrantes (vindo por vontade própria ou não) é retratada nos estudos da história, sociologia e geografia. Nos dias atuais, existe um movimento de “americanização” da cultura brasileira, onde o uso de neologismos confere aos jovens um dialeto único, mesclando termos da língua inglesa à língua portuguesa. Neste contexto, o professor da língua portuguesa deve estar atento a este fenômeno social, mostrando as diversas faces do discurso, quando e como usar certa palavra, certos termos, visando esclarecer e conscientizar o uso da norma culta e coloquial.
Em face do exposto, vê-se que o conteúdo é estruturado de tal maneira a atender os preceitos necessários para suprir ao jovem quanto à vivência cultural, tecnológica, científica e laboral.