Professores do Ensino Médio do Colégio Estadual José de Anchieta estudam as questões que envolvem a organização curricular numa perspectiva de formação humana integral¹

Depois de discutir “as juventudes”, o Caderno III nos levou a refletir sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e as perspectivas de currículo. Buscando compreender as dimensões da formação humana integral, concluiu-se que a relação do ensino com mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura é de extrema importância, pois busca-se, através da mediação do conhecimento, desenvolver o senso crítico, preparando o aluno para o mercado de trabalho e para viver em sociedade, mas também para participar da luta das classes combatendo o capitalismo. Neste sentido, o carácter investigativo é primordial para a correlação entre conhecimento empírico, prático e o científico, fazendo a análise dos resultados e prevendo a viabilidade do ponto culminante em tese.
Trabalhar com educação demanda uma certa flexibilidade por parte de toda comunidade escolar, principalmente pelos professores, pois são estes que tem a maior parcela de responsabilidade por estarem mais próximos e atuarem diretamente com a formação do aluno. Apesar dessa flexibilidade, ao pensar as ações que serão desenvolvidas na escola estão sempre presentes as finalidades previstas nas DCNEM, considerando que a maioria dos alunos depende somente do conhecimento aplicado e ensinado na escola como norteador para seu futuro. A escola, em suas mais diversas instâncias, contribui para a promoção de seu desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional. Por vezes os educandos só podem contar com o apoio do ambiente escolar, onde se busca metodologias para que os alunos sejam capazes de exercitar o pensamento crítico. Em seu plano de ação a instituição de ensino deve ter como premissa ações que favoreçam a sociabilização, isto é, a produção da identidade e da diferenciação cultural, mediante a localização de si próprio como sujeito, da participação efetiva na sociedade e da localização espaço-temporal e sociocultural. Não há como considerar uma ação como sendo um fazer pedagógico escolar se não houver esta relação entre todas as finalidades.
Depois de analisar as DCNEM, foi possível perceber pontos positivos e negativos, dos quais pode-se citar dentre os mais polêmicos: a organização dos conteúdos e a formação de um currículo escolar que pretenda uma educação voltada para as necessidades dos alunos, considerando os fatores sociais, econômicos e culturais, mas visando a superação de sua condição. Um currículo escolar que permita a interlocução entre as diferentes áreas e disciplinas. Atualmente no estado do Paraná, os conteúdos do currículo estão distribuídos/organizado nas diretrizes curriculares. Estas são organizadas segundo as disciplinas, e além de organizar os conteúdos disciplinares, também fazem uma fundamentação teórica apontando encaminhamentos metodológicos, orientados por conteúdos estruturantes, objetivando efetivar o aprendizado em sua totalidade. As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná trazem uma organização pautada numa prática dialética, fundamentando-se no materialismo histórico-dialético, e foi elaborada pelos próprios professores da rede estadual, que citam em sua produção diversos educadores renomados como: Saviani, Gasparim, Sacristan, Gransci entre outros.
Num âmbito mas local, tem-se a Proposta Pedagógica Curricular (PPC), que por sua vez, espelhada nas DCEs traz, além de um breve histórico disciplinar, uma relação de conteúdos a serem trabalhados de maneira hierarquizada afim de fazer com que haja o aprendizado integral do educando. Todas as disciplinas tentam ensinar por meio da instigação, da dúvida, do despertar o interesse pelo novo e também necessário. Entende-se que, por meio desse saber é possível uma análise crítica dos conteúdos e suas respectivas teorias, usando a lógica e o raciocínio rápido que é exigido na contemporaneidade. Todas as ciências, sejam humanas ou exatas buscam auxiliar o educando na criação de uma personalidade integra, ciente, humana, critica para que possa assim não só atuar na sociedade, mas propor as melhores e corretas ações que almejam na construção de um mundo mais humano e justo. A PPC também traz entre outras coisas, a metodologia para que ocorra o aprendizado e as formas de avaliação a serem desenvolvidas afim de medir o grau de aprendizagem do aluno.
Tando as DCEs quanto as PPCs, apontam para uma política educacional libertadora, afim de romper com os padrões de dominação ideológica, e colocando o sujeito como transformador e reformulador de sua realidade. Um dos grandes problemas encontrados com relação a isso, é a rotatividade de professores nas escolas, o que dificulta a "simbiose" entre a teoria contida nos documentos das DCEs e PPCs, e a prática em sala de aula. Muitos profissionais acabam por não conhecer estes documentos na íntegra, fazendo com que sua prática seja incompleta.
Diante das discussões realizadas ao longo deste caderno, entende-se necessárias políticas educacionais que valorizem o profissional da educação e a escola, com um constante e intenso programa de formação continuada, afim de que se possa fornecer fundamentação a todos os educadores, contribuindo para que haja um grande avanço na transformação sócio-educacional de nosso país. Pensar no fortalecimento do Ensino Médio exige muito estudo por parte dos educadores. É um compromisso que precisa ser assumido por todos, independentemente de participar ou não de um programa de formação. Aos que participam do pacto, caberá mostrar no dia a dia aos demais a importância da tarefa que vem pela frente e a importância da participação de cada um.