Professora da Escola Estadual "Cesec" Cândida Pimentel Ulhoa da cidade de Paracatu escreve carta aos alunos.

Querido estudante,

        Em um artigo da revista Época, o jornalista e escritor Walcyr  Carrasco afirmou que havia nas gerações jovens dos anos 60, 70 e 80 ideais, que eram muito claros: crença no fim da pobreza,justiça na divisão dos bens,socialismo como forma de construção de um mundo mais justo e de um futuro melhor para todos.Muitos foram os que militaram nesse campo apesar da repressão feroz daquele tempo. As ferramentas de comunicação usadas naquelas décadas eram quase sempre a música de protesto e resistência, o teatro, as manifestações de rua contra o governo autoritário...
       Neste Século a geração jovem não recorre tanto assim à música, como o fizeram Chico Buarque, Caetano, Gil, Vandré e outros gênios como resistência ao regime que privava o povo da liberdade de expressão. Os jovens de hoje têm os mesmos ideais das gerações passadas, mas se mobilizam velozmente nas redes sociais com recursos interativos das ferramentas digitais. Com elas organizam nos espaços urbanos seus protestos, seu repúdio à violência, suas cobranças para a melhoria da saúde e da educação. Indignam-se com a impunidade, a omissão das autoridades, com os gastos excessivos para a Copa, com as atrocidades das guerras e da exploração do homem pelo homem. Acreditam, como os das gerações passadas, que o mundo poderá e deverá ser mais justo e melhor. Protagonizam as mudanças necessárias a este tempo rápido do mundo globalizado.Vocês e nós sabemos que cabe à juventude o papel de agente, construtor e modificador da sociedade em que vivemos.
       Nós, os professores do CESEC Cândida Pimentel Ulhoa,sabemos que vocês, alunos, querem aprendizagens que sejam significativas para suas vidas.Sabemos todos que na família e na escola estão os princípios e valores que devem nortear a educação:conhecimento,cultura,ética, justiça, respeito,desenvolvimento da autonomia intelectual, do pensamento crítico e dos processos produtivos que relacionam teoria e prática.
      A exemplo do que nos prescreve Paulo Freire acreditamos que “se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela  a sociedade muda.”Por este motivo, manifestamos nossos compromissos, conceitos e utopias educacionais na esperança de que dias melhores virão para os educadores e educandos.
       No momento participamos de um projeto de formação dos professores e aprofundamos o conhecimento das diretrizes nacionais do ensino médio. No decorrer dos estudos de textos, oficinas e pesquisas temos oportunidades de conhecer melhor os jovens alunos do Século XXI com suas esperanças, sonhos ideais e projetos, porque queremos compartilhar, como educadores, desse processo de educação que se apóia nas dimensões do trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Essa mudança será benéfica para todo jovem que anseia pela prática do diálogo e da liberdade consciente, tanto na vida quanto nos seus lares. Somos aprendizes nessa nova caminhada.
        Despedimo-nos deixando-lhes mais uma reflexão do grande educador Paulo Freire. Pensamos que ele traduz as inquietações dúvidas e certezas que certamente moram em nossos corações:corações de estudantes e de professores:
        “A liberdade, que é uma conquista e não uma doação, exige permanente busca. Ninguém tem liberdade para ser livre; pelo contrário,  luta por ela precisamente porque não a tem.Ninguém liberta ninguém,ninguém se liberta sozinho. As pessoas se libertam em comunhão.”
       Vamos, pois, nos conhecer melhor, abrir as portas do diálogo, da escuta mútua e do espetáculo do conhecimento que nos é proporcionado nessa mediação professor-aluno, dentro ou fora das salas de aula. Dissera Guimarães Rosa: “mestre é aquele que de repente aprende.”
        Vamos nos conhecer melhor para nos educarmos mais?

Professora Maria José Gonçalves Santos

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