Iniciando as leituras da Etapa I do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio relembramos o histórico da educação brasileira no Brasil, em especial do Ensino Médio, etapa esta que sempre teve divergências em seus objetivos na sua trajetória histórica. No Império, os estudos secundários superados pelos liceus provinciais, mantinham objetivos claros de formação das elites nacionais, porém esta organização não manteve-se, sendo superada pela educação particular. Na República, com a Constituição Republicana de 1891 e a separação do estado e da Igreja em assuntos como a educação, houveram avanços poucos significativos pois havia uma dualidade de ensino, mal administrada entre os governos federal e estadual, ainda persistindo na formação seletiva das classes mais abastadas, sendo o ensino médio ou secundário da época, especialmente voltado para a formação superior dos homens ricos, pois mulheres e pobres não tinham aceso a este grau de escolaridade. Em 1931, com a reforma do ensino secundário, o primeiro ministro da educação e saúde do governo Getúlio Vargas, propõe uma formação de "indivíduos capazes de tomar decisões", porém haviam diferentes caminhos a serem seguidos dentro deste "novo sistema de ensino": ensino primário para todos, o fundamental; ensino escolas secundárias preparatórias aos vestibulares para entrada do ensino superior (embora não se admitia isso); escolas profissionais, voltadas ao comércio e a indústria, e do magistério primário, ressalta-se nenhum deles articulados com o ensino superior. Portanto este novo ensino, mantinha a organização da sociedade da época, seletiva e nada promotora dos indivíduos das classes trabalhadoras. O ensino superior era prioritariamente para homens das classes mais ricas da sociedade e os cursos profissionalizantes eram destinados aos trabalhadores, a fim de manter os diferentes setores da economia e burocracia brasileira da época. Mais tarde, com o fim da ditadura civil militar, foram permitidas matriculas dos alunos do ensino profissionalizante para o secundário e posteriormente, no ensino superior; nesta mesma época expandiu-se o ensino médio pelo país, embora ainda com caráter profissionalizante e elitista. Posterior a Constituição Federal de 1988, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Profissional instituiu o Ensino Médio como uma etapa da formação básica, disponível a todos. Ainda busca-se um currículo que proporcione a formação humana integral, onde não seja apenas voltada para o mercado de trabalho e as suas necessidades imediatas, mas "capacitante", onde o indivíduo seja capaz de exercer sua cidadania com dignidade, que possua clareza nas suas escolhas de vida e que através do discernimento que o conhecimento possa lhe dar, estas escolhas sejam promovedoras da sua qualidade de vida. O atual Ensino Médio possui diversos desafios a serem superados, dentre eles um currículo ultrapassado; a evasão escolar que se dá especialmente no ensino noturno; a permanência dos alunos na escola, com bons resultados/aproveitamento na conclusão dos estudos; mudança no significado que a educação tem para a formação dos jovens; uma educação que respeite as diversidades existentes na escola; uma educação igualitária e universal; etc. Os desafios que permanecem para o Ensino Médio, acredito que há décadas, e que aparecem claramente em nossa escola, são os seguintes: - Evasão escolar, com os determinantes mais diversos, entre eles, a gravidez precoce, ingresso no trabalho, transporte escolar não disponível em todos os turnos - acessibilidade, falta de perspectiva nos estudos/baixo rendimento e aproveitamento escolar; - Matriz Curricular com conteúdos trabalhados superficialmente pois as disciplinas têm poucas aulas semanais; - Rotatividade dos professores, prejudicando a continuidade dos conteúdos, pois cada profissional pode dar seu enfoque de forma diferente, ou dar preferência a determinados conteúdos; - Defasagem idade/série, fator muito relevante para a continuidade dos estudos, ou o retorno a escola. - Significação/ressignificação da educação para a "vida real" dos alunos, sendo este um fator associado a cultura familiar dos alunos.