Quem nunca fez esta pergunta, não é mesmo? Em segundos quadros com pinturas consideradas obras primas são leiloados por milhões, como o quadro de Mark Rothko, arrematado por US$ 72 milhões, ou R$ 144 milhões em 2007.
Foi o maior valor já oferecido por uma obra deste pintor.
Mas, como explicar um valor tão alto por uma obra de arte? Parece estranho, mas apenas à primeira vista, porque o mercado possui regras que explicam o alto valor das obras.
O valor, no entanto, tem pouca relação com a complexidade da obra. Também é preciso entender que as cifras não remetem muito à habilidade do artista. O inglês Damien Hirst, por exemplo, delega a produção de seus famosos quadros de bolinhas a assistentes, que são instruídos sobre as cores e a ordem dos círculos. Mesmo assim, uma obra dessas já foi vendida a R$ 1,3 milhão. Tampouco importa o valor dos materiais que o artista usou. Basta olhar (ou cheirar) as criações do inglês Chris Ofili, feitas com esterco de elefante (e vendidas por mais de R$ 5 milhões).
O principal critério é o renome do artista, a marca que sua assinatura atribui ao quadro. Para entender, pense que quando compra cafés Starbucks, você não adquire apenas um um copo de bebida, mas a inclusão num grupo e o reconhecimento dos integrantes deste círculo.
O mesmo vale para os grandes consumidores do mercado de arte. Com a diferença de que eles possuem milhões para gastar. E que as marcas que eles consomem – um Koons, um Hirst ou um Ofili – ficam penduradas na parede.
Quando um artista se torna uma marca, o mercado tende a aceitar como legítima qualquer coisa que ele apresente. Isso explica o fato de uma escultura de Michael Jackson custar mais de R$ 11 milhões. Ela pode até não ser das mais agradáveis de ter na sala, mas tem a marca do cantor.
Ou seja, no fim das contas funciona como qualquer outra coisa de marca: quem compra, adquire status, e o valor vem desta lógica.
Construção de um nome
Os artistas, porém, não nascem sozinhos. Precisam do suporte de gente especializada em lançar marcas e gerenciar valores. Além disso, contam com pessoas dispostas a valorizar seus trabalhos.
Muitos colecionadores do ramo investem em artistas novatos, enquanto os preços ainda estão baixos. Depois, quando a notícia da compra espalha, devido ao prestigio do colecionador, os valores aumentam e ele vende as obras por um preço mais alto.
Outra estratégia dos colecionadores é emprestar os quadros para museus e galerias, que ajudam a aumentar os preços com exposições.
Para aumentar seus ganhos o artista pode ainda controlar a quantidade de obras que coloca no mercado. E, quanto menos produz, normalmente, mais caro elas custam.