POR UMA INTEGRAÇÃO DAS ÁREAS DO CONHECIMENTO NO ENSINO MÉDIO.

Colégio Estadual Vereador Osny David Fraga - Ensino Médio

Morretes/Pr

Orientador: Prof. Cássio Adriano Lombardo

MOREIRA, Wagner da Conceição
JUNIOR, Jozemar Robassa
PEREIRA, Francisca Germiniano

PACTO DE FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO

POR UMA INTEGRAÇÃO DAS ÁREAS DO CONHECIMENTO NO ENSINO MÉDIO.

 

No século XIX as áreas do conhecimento passaram por uma avançada especialização. A sociologia com o entusiasmo de August Comte vai determinar seu objeto de estudo delimitando o campo do homem e sua vida em sociedade. Emile Durkheim fez os arremates finais e a sociologia, então, se firma como área definida de estudo. É claro que algumas áreas de conhecimento já vinham desde a antiguidade e passaram pela Idade Média com seus objetos muito bem definidos, inclusive eram lecionadas em mosteiros como, por exemplo: a Filosofia, a História e a Matemática. O que era prenúncio da Física e da Química que conhecemos hoje era um problema para a Igreja Católica, pois quem dominava esses conhecimentos também se tornavam perigo aos dogmas da igreja, pois os químicos e suas formulações farmacêuticas nem sempre foram do agrado a fé. Os dogmas para se manterem vivos, mesmo a custa da morte de inocentes, precisavam negar a “ciência”. A geografia nasce como disciplina embalada pelas guerras europeias e no alicerce dos cartógrafos venezianos e genovences consolida seu objeto: o homem no espaço. Mas a obra que mais influenciou uma área e seu objeto de estudo foi A origem das espécies de Charles Darwin, esta obra consolidou a biologia como área de conhecimento.
Hoje nosso ensino médio sofre a falta de uma articulação entre as áreas do conhecimento que chamamos de ciências. As Ciências podem se articular e compartilhar conteúdos? Os conteúdos são propriedade de uma única Ciência? Essas indagações são necessárias no ensino médio e não podem mais calar. Podemos articular um conteúdo, por exemplo, entre as áreas do ensino médio: a fabricação de pães. O que o pão é para a civilização ocidental? O pão não é um alimento comum, é mais que isso, é parte da história da humanidade. Podemos relacionar o pão com a História, com a Geografia e demais áreas? Na Química, na Biologia e na Física podemos fazer abordagens?
Qualquer tipo de pão precisa de fermentação, mesmo que seja natural aquela que o fermento biológico ou químico não é adicionado à massa. Qual Ciência se dedica ao estudo da fermentação? As respostas podem ser estimulantes. No Egito Antigo o pão era alimento básico da população e até as cheias do Rio Nilo influenciavam na qualidade da colheita do trigo e do centeio. Na história não seria difícil a abordagem. Na geografia poderíamos discutir as maiores regiões produtoras do planeta. Nossos alunos ficariam surpresos em saber que não produzimos a quantidade de trigo suficiente para alimentar o povo brasileiro e isso só é possível com a ajuda de nosso “hermanos” argentinos. Poderíamos fazer uma abordagem sociológica com esse alimento: a quantidade de padarias na cidade de São Paulo e quanta mão de obra essa cultura alimentar emprega. Ora qual é o tamanho do consumo desse alimento neste país continental?
Mas onde entraria a biologia nesta possível abordagem? Poderíamos exercitar algumas questões: do que se alimenta a célula humana? Quais níveis de açúcar a composição do sangue tolera? O que é diabete? Ou ainda o que é hipoglicemia? E tudo isso pode ser relacionada ao alimento mais consumido dos brasileiros e da Europa Ocidental. Qual seria uma abordagem filosófica deste tema? Os alimentos em excesso são os causadores da obesidade, então podemos discutir um pouco de estética? Alguns conteúdos são propensos muito mais a uma área do que outra, mas não podemos negligenciar a possibilidade de se fazer abordagens sob a pena de negar a visão das áreas e de seus professores sobre esses conteúdos e perder a oportunidade de produzir conhecimento sob outros olhares.
Se reuníssemos os professores de uma escola e mostrássemos a eles uma montanha e perguntássemos para cada um em particular para que se expressasse sobre aquela montanha poderíamos ter diversas respostas. O que é uma montanha para um geógrafo? Para um biólogo? Certamente não encontraríamos as mesmas respostas. As áreas desenvolveram olhares sobre a realidade e isso deve ser preservado. O que tratamos aqui não é acabar com as peculiaridades, mas integrá-las para formar um processo de todo que facilite o aprendizado.
Finalmente devemos levantar a última questão e problematizar nossa discussão neste documento: o que um professor de Física poderia abordar com a temática do pão? Nada. Então a proposta estaria findada? Não necessariamente, pois as integrações de conteúdos poderiam ser por áreas afins, assim mesmo que não contemple uma área a proposta seria valida. Em tempo devemos ressaltar que o professor de Física pode sim trabalhar esta temática utilizando das seguintes questões: qual a temperatura de assamento de pães? Qual o volume dos pães crescidos? Qual o peso da cada unidade? Qual tipo e fonte de energia são aplicados para produzir pães? E por aí vamos dando ao conhecimento produzido pela humanidade um pouco de versatilidade. Vamos criando coragem e fomentando cada vez mais a absorção daquilo que o homem precisa para viver mais e feliz: conhecer.