Podemos mudar
Podemos mudar
Os desafios que permanecem para o ensino médio na realidade brasileira e levantem possibilidades de explicação para eles.
Nas últimas décadas, não existia internet, DVD, nem celular. Mas os jovens eram avançados e modernos para a época. A vida era muito diferente de hoje apesar de alguns entraves e barreiras. Eles voltavam do colégio, faziam algum curso e passavam o resto da tarde sem nada para fazer, os canais de TV não eram muitos e o rádio era considerado ultrapassado, nessa época a leitura de livros, almanaques, enciclopédias e revistas eram as melhores formas de obter informações e os correios eram muito mais frequentados para o envio de cartas, faziam mais uso da escrita.
De acordo com a página 21, em 1970, a população brasileira era de 93 milhões de habitantes, 15,9 milhões estavam matriculados no e 1º grau( ensino fundamental) e apenas 1,1 milhões no 2º grau(ensino médio). Hoje, estamos perto de 200 milhões, o Censo Escolar 2010 aponta que o Brasil tem 51,5 milhões de estudantes matriculados na educação básica pública. Dos 51,5 milhões, 43,9 milhões estudam nas redes públicas (85,4%) e 7,5 milhões em escolas particulares (14,6%). No ensino médio houve aumento de 0,2% nas matrículas com 20.515 novos alunos, poucas mudanças observadas, porque de cada dez brasileiros nessa faixa etária, praticamente dois não estudam, quatro estão no ensino fundamental e quatro, no ensino médio. Pela idade, todos deveriam estar no ensino médio, também fica claro o cenário de exclusão que persiste até hoje e no qual permanecem os desafios como por exemplo:
a) Atraso acumulado no ensino fundamental - Geralmente, o resultado de múltiplas repetências, cerca de 10% da população entre 15 e 17 anos que está na escola ainda cursa o ensino fundamental, e por isso já ingressam no ensino médio com a idade distorcida em relação à série, é importante que o modo como o professor atende esse aluno multirrepetente não faça com que ele se sinta ainda mais discriminado e que o professor seja o primeiro a saber através de um conselho de classe antes de iniciar o bimestre.
b) Inserções no mercado de trabalho- 40% dos jovens brasileiros vivem em famílias sem rendimento ou com renda de até meio salário mínimo, alunos muitas vezes cansados depois de uma jornada de trabalho, um projeto consistente das redes para o ensino médio que possa constar e ser aplicado no projeto político-pedagógico das escolas e ofereça condições para ser colocado em prática. Temos plena consciência que o ensino médio deveria ser (re)pensado como algo próprio para os adolescentes, por exemplo a escola Rondon.
c) Reprovações – A taxa de retenção no ensino médio é a maior desde 1999 e revela desafios da etapa que sofre com definição de currículo, problemas de infraestrutura e acúmulo de defasagens anteriores colaboram para isso, porque aprovar não significa que a qualidade da educação esteja boa, apenas que não está piorando.
d) Impacto das novas tecnologias: A conexão móvel já está consolidada na rotina e na cultura do brasileiro, que usa seus aparelhos nas mais variadas situações. Informação e sociabilização são marcas registradas nesse novo cenário. A internet é a principal fonte de entretenimento para 43% dos jovens, porém as escolas parecem não estar interessadas em se apropriar de recursos tecnológicos para conseguir manter os jovens em sala. O baixo uso de tecnologia em sala de aula, a dificuldade em acessar a internet e a proibição do uso de celulares estão entre os fatores que mais incomodam os estudantes e principalmente os professores.
e) Evasão - O aluno que se evade em geral já não está na série compatível a sua idade. Desestimulados por ver seus colegas progredirem, por rever conteúdos e ter sua saída da escola adiada, muitos param de ir à aula
f) A construção dos novos cenários da mídia – A TV incute uma mensagem de que o famoso bem-sucedido é o bem feliz, bem bonito, bem dotado e bem-afortunado, mas muitas vezes é bem mal informado, pois uma mensagem televisiva nem sempre expressa a realidade. Insatisfação dos jovens brasileiros com o próprio corpo e com a sua condição social é imensurável e demonstra ser um sentimento crescente. A busca por uma posição de destaque, de superioridade ou de onipotência é uma marca deste século. A indústria cultural se apresenta como um instrumento de grande poder, onde através da sua influência na formação de nossa identidade, acaba por alterar e enfraquecer a nossa autonomia, através de um processo de alienação. Existem diversos veículos desta poderosa indústria, entre os quais os mais utilizados atualmente são a televisão e a internet. Estes recursos da mídia são bem utilizados para adquirir a atenção de todos, para dominar as mentes e passar o que é o “melhor”, o ter e o ser um corpo idealizado.
g) O desinteresse - A escola não consegue mais atrair o jovem brasileiro, e o que prova isso são as estatísticas do Ministério da Educação (MEC). Segundo a pasta, a quantidade de matrículas no ensino médio caiu de 8,7 milhões para 8,3 milhões na última década (2002-2012). As pesquisas relatam que os jovens não percebem utilidade no conteúdo das aulas. As disciplinas de língua portuguesa e matemática são consideradas as mais úteis por, respectivamente, 78,8% e 77,6% dos alunos. Já geografia, história, biologia e física são consideradas descartáveis para 36% dos entrevistados. A pior avaliação foi para literatura: apenas 19,1% dos jovens acham que o conteúdo seja útil. Os estudantes desejam atividades mais práticas e alegam que exemplos do cotidiano usados em sala de aula facilitariam o o aprendizado. Mesmo que não considerem o conteúdo das aulas relevantes para a vida, os jovens acreditam que o certificado do ensino médio garante mais chances no mercado de trabalho.
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