O objeto das ciências (humanas) é o homem: é o homem em relação à realidade social, em relação ao desenvolvimento de instrumentos técnicos, em relação a padrões éticos-estéticos e, de certo modo, em relação a si próprio.
As concepções de subjetividade respaldam, assim, a compreensão sobre a realidade social, imersa na dinâmica sócio-histórica. Se houve um momento na Antiguidade Clássica em que o sujeito foi visto como aquele que deve contemplar o mundo para encontrar todas as respostas (numa perspectiva platônico-socrática essencialista), na Idade Média, há o deslocamento para a concepção de “ser do pecado” e, na Idade Moderna, para o “ser autônomo”, capaz de dominar o mundo numa relação mecânica que preza pelo conhecimento.
É o Renascimento que coloca o homem no centro das investigações, cuja corrente filosófica se convencionou denominar de “Antropocentrismo”. Certos objetos culturais são representativos desse modo de pensamento (que se revesta de tais “verdades contingentes”), dentre os quais, o mais famoso deles, o “Homem Vitruviano”, de Leonardo Da Vinci.
Uma das funções da escola é propiciar condições para que o aluno reflita sobre o conhecimento historicamente acumulado. Assim, uma gravura/pintura dessa importância pode e deve ser tratada na escola como um parâmetro multidisciplinar da ascensão homem como objeto da própria investigação.
As disciplinas: em Matemática, as regras da “perfeita simetria”, base para os padrões clássicos de beleza helenísticos a serem estudados na disciplina de Arte, os quais reafirmam verdades em proposições de linguagem, fruto de possíveis reflexões em Língua Portuguesa. Os jogos de linguagem (da verdade objetiva, gênese do pensamento científico moderno) está profundamente impregnada de um contexto (a ser retomado em História) e de concepções de biomotricidade e anatomia, ambos pontos centrais para as discussões em Educação Física, Biologia e Física.
Existem produções culturais que ressoam e atravessam gerações. Um projeto de ensino sério deve abarcar tais “textos”. Pode-se dizer que o “Homem Vitruviano” faz parte desse seleto grupo, já que, em sua essência plena, a obra é uma metáfora do conhecimento.