PACTO DO FORTALECIMENTO DO EMSINO MÉDIO – Segunda fase CADENO IV – SETEMBRO/2015
PACTO DO FORTALECIMENTO DO EMSINO MÉDIO – Segunda fase
CADENO IV – SETEMBRO/2015
Col. Est. Angelo Antonio Benedet – Santa Terezinha de Itaipu/Pr
Núcleo Regional de Foz do Iguaçu/Pr.
O homem por natureza é um ser social que precisa, tanto do ponto de vista social como biológico, está inserido dentro de um grupo e vivendo em sociedade, são condições de sobrevivência da espécie humana. É interessante notarmos que o homem é um ser social por natureza, sendo, que isso só se torna real quando esse está vivendo em sociedade.
Ao observar e tentar analisar o filme Enigma de KasparHauser, de VosparHanser, pode – se perceber que as relações entre linguagem e construção da realidade são praticamente inexistentes devido à ausência de convivo social. KasparHauser não passou por um processo de socialização, onde exercitaria a compreensão através da prática social, não consegue atribuir significado às coisas, mesmo tendo com o tempo adquirido a linguagem. Assim, analisando o caso, somos levados a pensar que não apenas o sistema perceptual, mas as estruturas mentais e a própria linguagem são resultantes da prática social, ou seja, as práticas culturais "modelam" a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito.
O filme possui um enredo dramático, que se justifica pelo levantamento das considerações a ideia de que o filme é uma construção sobre a realidade que articula palavra, som, imagem, movimento, se tornando, portanto, uma maneira de compreender comportamentos, visões de mundo, valores, identidades, ideologias de uma sociedade, etc. Este filme reflete e ilustra um movimento, a principio, pitoresco: a possível existência de um homem sem sociabilidade, sem nenhum contato social, para que a partir dessa problemática, constrói – se um debate sobre questões sociológicas.
Esse Filme tem como finalidade mostrar o comportamento psicológico e social do indivíduo, que por sua vez ficou preso toda sua vida numa masmorra de isolamento social, trazendo-lhe consequências graves de integração social. O impacto do isolamento por anos termina por afetar fortemente a formação desse individuo, que jamais poderia ser um ser normal dentro dos limites empregados pela sociedade, que nem o compreendia como ser humano.
ATIVIDADE COLETIVA- Reflexão e Ação – página 14
No “Enigma de KasparHauser” foram observados algumas relações entre a linguagem e a construção da sociedade, a saber, que o grande problema de KasparHauser está atrelado ao cativeiro, uma vez que seu estado de solidão e total privação de convívio social fez com que não tivesse acesso a conhecimentos linguísticos que é essencial para o crescimento intelectual de um ser.
Com toda essa problemática ele consegue após a saída do cativeiro, aprender a andar a reproduzir seu nome, pronunciar palavras com o auxílio do espelho, aprender música e encanta-se com a melodia do piano. Ao jovem KasparHauser foi imposto a priori a repetição de sons, de objetos e traquejo social. Momentos mais tarde, em discussão com religiosos foi imposto a acreditar em que Deus criara tudo do nada. Porém, o mesmo munido de inocência retrucou aos religiosos que era necessário melhorar a sua prática de leitura e escrita, para poder compreender melhor o mundo. Quanto a reprodução isso os habilitava nas mudanças sociais, quanto ao comer, andar e ouvir música, mas se sentia cansado de aprender coisas que para ele era difícil. Isto nos faz crer que o quanto a linguagem e a cultura representam para o desenvolvimento psicológico do indivíduo, e quando privado destas as consequências são danosas, pois a linguagem nos oferece um leque de opções e mudanças e reescreve a história de nossas vidas.
ATIVIDADE COLETIVA- Reflexão e Ação – página 41
1-Fizemos uma reflexão sobre a temática, trabalho, cultura, ciência e tecnologia, procurando evidenciar as inter-relações que mantêm entre todos esses fenômenos sociais para o desenvolvimento curricular, buscando expandir a compreensão dos estudantes nas relações humanas, em especial na relação de trabalho, articulando com a cultura contemporânea.
A linguagem cumpre um papel ideológico, muitas vezes encobrindo a realidade em que vive o sujeito em especial no mundo do trabalho. Não podemos desvincular o fazer pedagógico ao momento político, econômico e socioculturais pós-moderno em vivemos. (Libâneo2010) os ressalta alguns pontos, entre eles que “os educadores devem ajudar os estudantes a construírem seus próprios quadros valorativos a partir do contexto de suas próprias culturas, não havendo valores com sentido universal. Os valores a serem cultivados dentro de grupos particulares são a diversidade, a tolerância, a liberdade, a criatividade, as emoções, a intuição”. (LIBÂNEO, 2010, p.27-28).
2 -Exposição oral, pesquisar em jornal ou impressos, atividade em grupos, em pares, escrita colaborativa, tais práticas tem que ser sustentadas pelo tronco que corresponde a pedagogia, que por sua vez é fixada pela raiz que representa a história/filosofia da educação. A prática, a pedagogia e a filosofia da educação tem que estar interligadas e interagindo como uma árvore, em todo o seu contexto.
A metáfora da árvore nos remete a reflexão de que as raízes representam a fundamentação teórica estudada, o tronco simboliza a pesquisa, o método utilizado, os galhos e as folhas são as atividades desenvolvidas e os frutos representam os registros reflexivos.
A questão do fazer pedagógico tem sido bastante discutida, porém uma educação de qualidade está diretamente condicionada ao fato do professor compreender que o seu fazer pedagógico é também determinante para desenvolver o intelecto dos alunos e por via de consequências as dimensões sociais.
Porém, para fazer essa relação do professor pedagógico com o processo de ensino e aprendizagem, é necessário falar sobre as práticas educacionais, uma vez que o professor poderá organizar uma ação adequada para as reais necessidades dos alunos.
O saber não chega sem a procura, e os docentes precisam se conscientizar de que o fazer pedagógico só tem eficiência quando mudamos nossa prática educativa buscando atender às necessidades reais e urgentes dos nossos alunos. Segundo Tardif (2002, p. 118), “ao entrar em sala de aula, o professor penetra em um ambiente de trabalho construído de interação humana”.
Um dos grandes desafios dos educadores é penetrar no mundo real dos alunos, e isso acontece quando estes acreditam no trabalho que os mesmos realizam na co-autoria de seus fazeres.
O fazer pedagógico de qualidade protocola os alunos, eleva sua autoestima, fazendo o próprio educando confiar em suas potencialidades e apesar de muitos virem de uma realidade social cruel, somente através do trabalho desenvolvido pelo professor conseguem acreditar que é possível mudar sua qualidade de vida.
A escola é um ambiente muito diversificado, onde as práticas variam de acordo com os professores que as realizam. Porém, em qualquer prática executada deve-se haver um planejamento, pois este possibilitará ao docente expor de maneira mais clara e eficiente os conteúdos ministrados para seus alunos.
Atualmente, existe a utilização da tecnologia como prática pedagógica, porém ainda muitos docentes encontram dificuldades na sua utilização pelo fato de manterem enraizadas as características do ensino tradicional, e não saberem ajustar satisfatoriamente esse recurso a sua prática pedagógica.
Devemos contextualizar a realidade atual com as realidades vivenciadas pelos alunos, para que percebam o seu cotidiano mais próximo do ambiente escolar em que estão inseridos.
O ensinamento que na sua prática busca a melhoria social e intelectual dos seus alunos acreditam que os mesmos são capazes de reescrever sua própria história.
3 – Que para o desenvolvimento humano integral dos estudantes as formas avaliativas ou de avaliação seja elas somativa, diagnóstica, sondagem ou formativa, não ocorre de forma isolada, mas sim, como uma atividade complexa, refletindo sobre o que fazemos, como fazemos, e do para que fazemos, da forma como fazemos. Não existe métodos perfeitos, mas as nossas escolhas pode ter na vida dos estudantes impactos na sua vida social, cultural e em todo o contexto educacional.
CONCEITUANDO: LINGUAGENS: Conhecimentos e saberes relativos às interações e às expressões do sujeito em práticas sociais, e, portanto, os componentes curriculares, de algum modo, enfocam as representações de mundo, as formas de ação e as manifestações de linguagens.Percebemos também, por exemplo, que a prática de um esporte, a escrita de um e-mail, a ação de fotografar e expor essa fotografia são formas de produção de sentidos e que se dão como linguagens.
Os conhecimentos da área de Linguagens:
• O conhecimento sobre a organização e o uso crítico das diferentes linguagens. Diz respeito às diversas possibilidades de uso das linguagens em práticas sociais, que quando chegam ao estudante de forma significativa, possibilitam uma ampliação de saberes relativos à produção de identidades, das relações sociais e da própria realidade.
• O conhecimento sobre a cultura patrimonializada local, nacional e internacional. Compreende o acesso à cultura patrimonializada pelo viés da reflexão crítica sobre o próprio processo de patrimonialização, sempre envolto em ideologias, interesses e jogos de poder, compreendendo desse modo também o acesso aos bens culturais que não foram institucionalizados. Se por um lado têm-se patrimônios como as cidades históricas, a literatura, as artes plásticas, há também todo um conjunto de expressões do bairro e da própria escola que são bens culturais importantes para o posicionamento daqueles sujeitos na estrutura social. Muitas vezes, a comunidade perde em organização social e bem-estar por não conhecer e lutar pela valorização de um patrimônio seu;
• O conhecimento sobre a diversidade das linguagens. Está relacionado à valorização e/ou desvalorização de grupos à medida que compreende a construção das identidades socioculturais, e a consequente inserção em práticas políticas, éticas e estéticas. Os estudantes podem se beneficiar do compartilhamento e da reflexão sobre o outro e o que o constitui. O conhecimento sobre a diversidade se legitima pela vivência da diferença, não cabendo aí a imposição de algumas codificações culturais como melhores que outras.
• O conhecimento sobre a naturalização/desnaturalização das linguagens nas práticas sociais. Compreende o reconhecimento de que as manifestações de linguagem se estabilizam através de um processo histórico e social que envolve relações de poder e hegemonia. Muitas das representações que tratamos como naturais e imutáveis, podem manter relações de colonização, de desigualdade de gêneros, de preconceitos étnico-raciais. Quando os estudantes se percebem como produto e produtores de linguagens, podem desenvolver-se uma dimensão crítica sobre a linguagem que, desnaturalizada, favorece a participação e a mudança social.
• O conhecimento sobre autoria e posicionamento na realização da própria prática. Trata-se de um conhecimento sobre as possibilidades e limites da própria ação que se forma pela experiência da participação política e do protagonismo. Consiste, além disso, em uma ampliação das referências através das quais os estudantes estabelecem critérios que permitem avaliar a sua própria conduta, e entender e caracterizar a conduta dos outros. •f) O conhecimento sobre o mundo globalizado, transcultural e digital e as práticas de linguagem. Compreende as práticas e problemas sociais resultantes dos ajustes e desajustes nos planos macroeconômicos, tecnológicos, de comunicação e transporte que impactam as formas de ser e agir no mundo contemporâneo. Assim, esse conhecimento diz respeito à prática social transversal e globalizadora decorrente do rompimento das fronteiras espaço-temporais que põem em cena as mestiçagens linguísticas, culturais, étnicas, sociais etc. características desse início de século. O acesso a saberes sobre o mundo digital é fundamental aos estudantes do Ensino Médio, pois: 1) as práticas digitais, direta ou indiretamente, impactam o seu dia-a-dia, 2) certamente já lhe despertam o interesse, o que favorece o ensino significativo, e 3) delas podem melhor se apropriar técnica e criticamente para sua participação social e profissional.
Nos componentes da área de Linguagens, há muitas possibilidades em latência para o desenvolvimento de saberes situados e consequentes, sendo exemplos:
A formação de rodas de leitura e compartilhamento de textos produzidos, a instauração de ciclos de debates e diversos outros eventos, a produção de mídias que viabilizem conhecimentos sobre a sociedade (a relação entre as mídias e os poderes públicos e privados, por exemplo), conhecimentos técnicos (dominar, por exemplo, a leitura e produção e textos jornalísticos em língua materna e estrangeira) e conhecimentos pessoais (de se ver como agente social e político). Um recurso importante, nesse caso, é a formação de convênios com os jornais comunitários para trocas de experiências e trabalho conjunto;
POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS NA ÁREA DE LINGUAGEM
• a construção de fóruns de intercâmbio entre estudantes falantes de línguas diferentes, a apreciação da produção cultural em línguas estrangeiras, a participação em movimentos internacionais de hip- hop, de questões da juventude, de produção audiovisual etc.;
• o desenvolvimento de projetos culturais (de teatro, dança, música, artes plásticas), a participação em movimentos já instaurados (como os cineclubes, os saraus, as exposições), a frequência a aparelhos culturais (teatros, cinemas, museus, feiras etc.);
• projetos esportivos, as práticas que trazem embutidos movimentos altamente atrativos e motivacionais para os jovens, como a capoeira e a cultura afro, a caminhada em trilhas e as causas ecológicas, o folclore e o conhecimento e preservação da cultura regional;
• Muitas dessas práticas viabilizam atividades educativas que vão além do interdisciplinar, ganhando um caráter transdisciplinar.
• Caminhadas em trilhas, por exemplo, podem ser discutidas a partir da cultura corporal de movimentos, da preservação ecológica, do turismo e da indústria cultural, podem ser fotografadas, podem ser textualizadas e disponibilizadas em diversas línguas e mídias.
• A produção de um jornal ou rádio também podem ensejar a produção de seções e programas envolvendo diversos componentes curriculares.
Conhecimentos da área de Linguagem que podem ser mobilizados nas práticas educativas, sendo que eles dizem respeito:
• à organização e ao uso crítico das diferentes linguagens;à cultura patrimonializada local, nacional e internacional; à diversidade das linguagens; à naturalização/desnaturalização das linguagens nas práticas sociais; à autoria e ao posicionamento na realização da própria prática;ao mundo globalizado, transcultural e digital e às práticas de linguagem.
Resumo do filme “O Enigma de KasparHauser
O Enigma de KasparHauser é uma das mais famosas obras cinematográficas do diretor Werner Herzog (Alemanha, 1974). KasparHauser, em tradução literal, significa "cada um por si e Deus contra todos". É um filme denso, que nos mostra uma visão sobre a humanidade e faz uma reflexão sobre a unicidade do ser humano, da história de vida e experiências de cada um, e sobre o quanto linguagem e cultura representam para o desenvolvimento psicológico do indivíduo.
KasparHauser, um personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 1928, com supostamente 15 anos, quase não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano, pois desde a mais tenra idade, foi privado do convívio social. Sua trajetória de vida é o triste resultado de sua carência de cultura e do
não desenvolvimento da linguagem. O total isolamento na caverna por tanto tempo, impactou fortemente sua formação como indivíduo.
Muito tempo após sua reintegração na sociedade, já com a linguagem mais desenvolvida, percebe-se ainda a dificuldade de KasparHauser em entender às pessoas e suas reações. Enquanto privado do convívio social, o silêncio era sua única companhia. Não somente a ausência de vozes externas, mas o silêncio interno, da mente vazia. KasparHauser não poderia conhecer a si mesmo sem ter alguma relação interpessoal, sem referências. Não havia a linguagem para que ele pudesse definir as coisas que via e experimentava no cativeiro.
Sinopse
O filme apresenta KasperHauser em diversos momentos de sua vida e como se dá o desenvolvimento mental após o cativeiro.
No cativeiro, KasparHauser aparece acorrentado, vítima de um homem com capuz, cujo rosto não pode ser visto, que lhe alimenta com pão e água e lhe ensina algumas palavras. KasparHauser viveu nessa situação até o dia que esse homem, única figura humana com quem tinha contato, decide tirá-lo do cativeiro e ele então começa a aprender a andar. Esse mesmo homem o abandona em uma praça de Nuremberg, Alemanha. KasparHauser fica atônito até ser encontrado por outro homem que lhe faz uma série de perguntas que ele não consegue compreender.
Logo a notícia da presença estranha daquele rapaz se espalha e KasparHauser se torna alvo da curiosidade dos habitantes da cidade. Como as autoridades não conseguiram decifrar o enigma, KasparHauser passa a viver em um estábulo sob a contínua observação das autoridades que só tinham as informações que o rapaz portava ao ser encontrado: um rosário, umas orações católicas manuscritas e uma carta que mencionava seu nome, a data de seu nascimento e a indicação de que ele deveria se tornar um cavaleiro tal como seu pai, cuja identidade não é revelada.
Em outro momento do filme, inicia o contato de KasparHauser com a sociedade. As autoridades perceberam que ele só se alimentava de pão e água e que seus pés estavam feridos. Descobriram também que ele era capaz de reproduzir seu nome (um rudimento de escrita). Diagnosticaram seu caso como uma mente confusa que não poderia ser submetida a um inquérito policial e decidiram mandá-lo para a prisão junto com outros vagabundos.
Seu primeiro contato em um ambiente social é com a família do guarda do presídio e se dá através do filho do guarda, que o ensina a pronunciar as palavras com auxílio de um espelho. É com essa família que KasparHauser toma seu primeiro banho e aprende a usar os talheres. A filha do casal tenta ensinar música para KasparHauser e, apesar da dificuldade com a letra da melodia, ele se identifica com os sons. KasparHauser tinha mais afinidades com animais e crianças.
As autoridades continuaram a investigação para saber mais sobre KasparHauser, mas os gastos para mantê-lo longe da sociedade estavam altos e, então, decidiram enviá-lo para um circo.
Nesse novo momento, o filme apresenta as agruras e humilhações pelas quais passou KasparHauser durante o tempo que esteve no circo. Ele é apresentado em espetáculos como uma aberração junto com outros indivíduos que também são especiais, cada um de uma forma diferente. Todos conseguem fugir do circo, correndo das pessoas que querem caçá-los. KasperHauser se esconde em uma cabana e é encontrado por um professor.
Após esse primeiro encontro com o professor Daumer, passam-se dois anos e KasparHauser aparece como filho adotivo do professor. A cena mostra o professor e KasparHauser assistindo a um jovem cego, Florian, tocar piano. Kaspar chora de emoção, pois a música o sensibiliza. KasparHauser se sente envelhecido e cansado de tentar aprender coisas que para ele são difíceis e muitas vezes, sem sentido. O professor o consola e tenta reanimá-lo dando como exemplo o jovem Florian, que apesar de cego e de ter perdido toda a família em um acidente, não desanimou e toca piano o dia todo.
Após esse episódio, o filme passa a outro momento e KasparHauser aparece tomando chá com os padres. Os religiosos estão interessados em saber o quanto o rapaz conhece de Deus. KasparHauser os surpreende dizendo que não consegue imaginar que Deus tivesse criado tudo o que existe no mundo a partir do nada. Os padres tentam convencê-lo a crer através da fé e mais uma vez KarparHauser, em sua simplicidade e inocência, esclarece com muito bom senso, que precisará melhorar sua leitura e sua escrita para, posteriormente, compreender o restante.
Em todos os momentos do filme em que KasparHauser é confrontado por alguém, ele se mostra muito mais sensato e lógico do que os homens educados.
Quando KasparHauser é convidado para sua primeira festa, mais uma vez se torna uma atração para os convidados. Kaspar é informado que o lorde que o convidou tem a intenção de adotá-lo e levá-lo para a Inglaterra. Porém, KasparHauser não consegue causar uma boa impressão ao lorde e não se sente bem no ambiente festivo.
Em outro momento importante da trama, KasparHauser sofre um atentado. Sua fama começa a incomodar algumas pessoas. Durante o atentado, Kaspar não se defende e nem pede ajuda. Machucado, procura um local escuro para se esconder, como se quisesse retornar ao seu tempo de cativeiro, quando não era atormentado pelos homens. Mais uma vez, KasparHauser é auxiliado pelo professor Daumer, que o leva para casa e cuida para que ele se recupere. KasparHauser tem delírios onde se encontra com a morte.
Pouco tempo depois, KasperHauser sofre um segundo atentado. Mesmo machucado, procura pelo professor Daumer e conta o que se passou. No local do episódio, o professor encontra um saco com um bilhete que sugeria o motivo pelo qual KasparHauser havia sido atacado e fica subentendido que o atacante poderia ser seu pai. A verdade sobre a origem de KasparHauser fica para sempre em segredo.
KasparHauser morre rodeado por aqueles que lhe foram mais próximos durante sua curta trajetória de vida em sociedade. Após sua morte, ele é levado para autópsia, cujo relatório aponta uma anormalidade no cerebelo que afetou seu desenvolvimento intelectual, acreditando as autoridades que haviam encontrado as respostas a todas as questões pendentes em torno desse homem diferente, KasparHauser.
Essa obra do diretor Herzog é repleta de simbolismos. Podemos estudar as experiências vividas por KasparHauser pela ótica tanto das ciências médicas como das sociais. A importância do aprendizado da linguagem para o bom relacionamento interpessoal é o fator que mais chama a atenção. KasparHauser menciona em uma de suas falas:
- Tenho que aprender a ler e a escrever para depois poder compreender.
Conhecer o mundo pela linguagem, por signos linguísticos, parece não ser suficiente para KasparHauser. Vygotsky insiste que o pensamento e a linguagem se originam independentemente, fundindo-se mais tarde no tipo de linguagem interna que constitui a maior parte do pensamento maduro. (Saboya, 2001 – p.5)
KasparHauser não passou por um processo de socialização, onde exercitaria a compreensão através da prática social, não consegue atribuir significado às coisas, mesmo tendo adquirido a linguagem. Assim, analisando o caso de KasparHauser, somos levados a pensar que não apenas o sistema perceptual, mas as estruturas mentais e a própria linguagem são resultantes da prática social, ou seja, as práticas culturais "modelam" a percepção da realidade e o conhecimento por parte do sujeito. (Saboya, 2001 – p. 6)
(RESUMO RETIRADO DA INTERNET)
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