OS DESAFIOS DO ENSINO MÉDIO - CADERNO I

PROFESSORES DO ENSINO MEDIO DO COLEGIO ESTADUAL DR. MARIO AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS - Barracão - Pr.

Orientador de Estudos: Juana da Rocha

 Texto apresentado por: Elizabet Ayala Lazzarotto

Um dos principais desafios a serem superados, principalmente no ensino médio noturno, é em relação a permanência do aluno na escola e sua frequência às aulas. Os alunos que estudam nesse período mostram-se desmotivados, aparentemente cansados e a maioria deles não tem noção sobre os benefícios que a escola traz para suas vidas. Analisando os alunos do Colégio Dr. Mário, percebe-se que muitos deles optam entre o trabalho ou o estudo, e nessa interface muitos acabam priorizando o trabalho devido as necessidades socioeconômicas.
Diante da realidade que se apresenta, acredito que um currículo mais adequado a realidade do aluno seja a alternativa para superamos esse desafio. Esse currículo deve atender tanto os jovens que pretendem ingressar no ensino superior, quanto àqueles que possuem a necessidade imediata de formação profissional.
Outro grande desafio na educação está associado com os avanços tecnológicos, uma vez que a educação não evolui na mesma proporção das tecnologias.  O uso de celulares em sala de aula para fins não pedagógicos atrapalha o processo de ensino e aprendizagem, causando pouco envolvimento dos alunos nas atividades escolares além de situações conflitantes entre professores e alunos. Uma forma de superar esse desafio seria aliar o uso das tecnologias nas atividades escolares, para que esta relação não seja de concorrência, mas de agregação de valores. Algumas ferramentas tecnológicas já estão presentes em nossa escola, como TV pen drive, laboratório de informática e data show multimídia. Entretanto estes não atendem as reais necessidades educacionais devido à falhas de ordem técnica e a dificuldade de trabalhar com um maior número de alunos usando esses recursos.

Os alunos matriculados no Ensino médio apresentam aspectos sociais, culturais e econômicos diversificados. Alguns são provenientes da zona rural, filhos de pequenos agricultores e/ ou agregados, não possuem renda fixa e são beneficiários de Programas Sociais do Governo. Frequentam o Ensino Médio, porém não pensam em cursar a faculdade. Muitos deles pretendem procurar emprego e tornarem - se assalariados.
A maioria deles mora na zona urbana, alguns  trabalham meio período, outros estudam no período noturno e trabalham durante o dia, em atividades formais e também na informalidade e contribuem com o sustento da família. Em sua maioria recebem auxilio de programas sociais do governo. Alguns pretendem fazer curso superior, outros estão fazendo ou pretendem fazer cursos técnicos.

Segundo as DCNEM “o Ensino Médio é um direito social de cada pessoa, e dever do Estado na sua oferta pública e gratuita a todos”. Nesse contexto o grande desafio é efetivar a oferta de um ensino, que garanta a formação integral dos sujeitos que frequentam a escola pública.
Para que isso ocorra é necessário garantir uma base igualitária para os diversos grupos de jovens e adolescentes que frequentam a escola pública, suas especificidades devem ser consideradas no PPP e no currículo, sem prejuízo da garantia da base comum. A atuação do professor deve estar pautada pelas transformações sociais, políticas e culturais necessárias para a construção de uma sociedade igualitária. Nessa perspectiva os conteúdos científicos devem ser desenvolvidos de acordo com as necessidades de seus diferentes alunos, turmas e ou escola de atuação tendo o cuidado para que os estudos destes não priorizem unicamente o acesso ao ensino superior ou para o mercado de trabalho.
A formação integral implica em compreendermos a aprendizagem como processo singular e social que ocorre de diferentes formas. Nesse sentido, é necessário incorporar ao currículo conhecimentos que contribuam para a compreensão do trabalho como princípio educativo, no seu sentido histórico, que explica como este foi estruturado historicamente (servil, escravo, outros) como também no seu sentido ontológico, compreendido como mediação primeira entre o homem e a natureza, elemento central na produção da existência humana, gerando dessa forma conhecimentos que são historicamente acumulados, ampliados e transformados.
A materialização dessa proposta poderá efetivar-se por meio de práticas pedagógicas norteadas pelas DCE, onde se propõe uma escola equivalente a ideia de um atelier-biblioteca- oficina, visando, a um só tempo, a formação humanista e tecnológica, ou seja, defende um currículo baseado nas dimensões científica, artística e filosófica do conhecimento.
Nessa perspectiva, o professor deve ser o autor de seu plano de ensino, ficando atento para a realidade e as reais necessidades de seus alunos; cabendo a ele refletir e decidir sobre as técnicas metodológicas mais adequadas para atingir seus objetivos.
No entanto, são muitos os entraves que devem ser superados para que essa proposta se efetive em sala de aula. Em relação aos professores os entraves são: a rotatividade, afastamento (licenças médicas/especial, atestados médicos), falta de tempo para estudo e pesquisas, dificuldades em promover encontros para planejamento e formação docente precária. Em relação a comunidade: falta de interesse dos alunos pelos estudos, pouco envolvimento da família e da sociedade com a educação, políticas públicas desvinculadas da realidade escolar, entre outros.

A universalização do ensino médio poderá ocorrer mediante políticas públicas democráticas que atendam as particularidades e a diversidade dos indivíduos e que promovam a superação da desigualdade social. Precisamos, também, repensar estratégias que potencializem a permanência do aluno na escola, pois como podemos constatar, o aluno matricula-se e facilmente evade-se. Nosso desafio nesse sentido é repensar estratégias de ensino que estabeleçam uma relação mais estreita entre teoria e prática de forma que o aluno encontre no currículo um maior significado para sua vida. Outra possibilidade seria a oferta de ensino profissionalizante a nível de ensino médio pois devido a sua situação socioeconômicas o aluno da escola pública, muitas vezes, não dá conta de trabalhar e estudar optando apenas pelo trabalho o que faz com atrase a conclusão do Ensino Médio ou leve à desistência.

 

Elisabet Ayala Lazarotto, Aline Luchesi, Edna Servi, Elisangela Fiorenza, Marta Ribeiro Klein, Marlise Fiori Polletto, Mariley Haefliger Reineri, Maristela Gnoatto, Noeli Pfeifer, Eloir Fiuza, Mayanna Rosa, Rosa Lucia Lopes Santini, Gina Fabrycia Valese Martins, Mari Lurdes Vetorazzi, Ledir Regina Verona,Lucimar Sopran.