O que se ensina em Língua Portuguesa

COLÉGIO ESTADUAL DE MARMELEIRO - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
NRE: Francisco Beltrão

ATIVIDADE DO PACTO
REFLEXÃO E AÇÃO Caderno IV

Orientadora de estudos: Lucia C F Pasquali
Professores:
Nivaldo Amaral, Sirlene Scolari Pontes, Jania Scherer, Janete Silva Vial, Albino Muller, Renê D de Liz, Gema Zambilo, Marivone Nardi Scolari, Carla Kasiraghi, Joelma Swheig, Marcia Telli Ferronatto, Andriele Toller, Carmélia Roque Pacheco,Rosangela Prestes, José Luiz de Quadros,Ivete Camera Tesser,Darci Baldo, Cristiana Maria Menegazzo Canton, Valdirene H Gaiovickz.Maribel Colognese

DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

1. O que ensina em Língua Portuguesa?

Primeiramente é necessário compreender que a Língua Portuguesa é um sistema de diferentes formas e significados e de seus entrelaçamentos. Por isso é sistematizada em três modos de análise de elementos que a compõe:
* Morfologia: é a parte da língua que estuda os morfemas, ou seja, tudo que nos diz sobre gênero e números dos substantivos; tempo, modo, número e pessoa de um verbo e classe gramatical.
* Sintaxe: é a parte da língua que estuda o modo como o falante transmite a informação, a maneira com que organiza e relaciona as palavras em uma oração.
* Semântica: é a parte da língua que estuda o significado das palavras, os sentidos que elas podem tomar de acordo com o contexto.
Obviamente, essas partes não devem ser ensinadas/estudadas isoladamente. Elas devem fazer parte de um contexto, como propõe as DCEs: " O ensino de Língua Portuguesa deve dar ênfase à língua viva, dialógica, em constante movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva". Também é preciso considerar as linguagens não-verbais. A leitura de imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os multiletramentos mencionados nas Diretrizes.
Mas, o que vem a ser língua? A língua, primeiramente, nos remete a um órgão do corpo que é usado na comunicação, e é partir daí que começamos a entender que o idioma escrito hoje foi, um dia, apenas falado. A partir desse princípio de fala, nós definimos como o conjunto de letras que formam palavras com sentidos diversos. E a relação dessas palavras e suas significações nós chamamos de sistema. Então, a língua é um sistema, ou seja, um conjunto de elementos que se relacionam entre si e formam um significado.
Resumidamente, a Língua Portuguesa deve ensinar a língua. A língua viva, falada e escrita, na interação social, nas atividades sócio-culturais, dentro do contexto a que se propõe. Ainda segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa "existem situações sociais diferentes, então, deve haver também padrões de uso da língua diferentes. A variação, desse modo, aparece como algo inevitavelmente normal. Ou seja, "existem variações linguísticas não porque as pessoas são ignorantes ou indisciplinadas; existem, porque as línguas são fatos sociais, situados num tempo e num espaço concretos, com fundamentação bem definidas. E, como tais, são condicionados por esses fatores.
Muitos alunos costumam perguntar por que falamos português e não brasileiro? Nossa língua recebe a adjetivação de "portuguesa" porque veio de Portugal, colonizador do Brasil. Porém, o português de Portugal não permaneceu em sua colônia de maneira pura e simples, mas recebeu uma conotação abrasileirada e, por isso, falamos do português do Brasil. Outros países que também foram colonizados por Portugal também falam o português: Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Moçambique, Angola, Guiné-Bissal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. ( Há de se destacar que, embora todos esses países falam o português, são respeitadas as devidas questões culturais presentes em cada um deles.)

2. Que abordagem privilegia?

Levando em consideração as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa " A escola deve ser um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com diferentes funções, o letramento do aluno, para que ele se envolva nas práticas de uso da língua - sejam de leitura, oralidade e
escrita."
Desde as séries finais do Ensino Fundamental e culminando no Ensino Médio, o Discurso como Prática Social é o conteúdo estruturante que compõe as Diretrizes de Língua Portuguesa. Portanto, essas três abordagens devem ser trabalhadas de igual maneira, sem detrimento de uma perante a outra. [...] saber avaliar as relações entre as atividades de falar, de ler e de escrever, todas elas práticas discursivas, todas elas usos da língua, nenhuma delas secundária em relação a qualquer outra, e cada uma delas particularmente configurada em cada espaço em que seja posta como objeto de reflexão [...] (NEVES, 2003, p. 89).
Poucas vezes pensamos na Língua Portuguesa como um universo muito nosso – e ao mesmo tempo desconhecido. Quase nunca pensamos nela direito, tão habitual o seu uso. No entanto, a língua que usamos revela o que somos, e nem sempre nos damos conta. Está na música, na arte, no trabalho, na política, em toda a cultura, trai preconceitos, as ênfases do passado e os papéis que adotamos nas nossas relações sociais.

2. Como ensina?

Para alcançar o objetivo no ensino de Língua Portuguesa é importante pensar sobre a metodologia a ser usada em sala de aula. A língua, acima de tudo, é um código social, um acordo de letras, que em combinações entre si adquirem significado para um determinado grupo social. Contudo, há uma convenção linguística, a qual permanece em uma sociedade para que a comunicação possa existir entre os falantes. Isso não quer dizer que todo indivíduo vai escrever e falar da mesma maneira, já que cada um tem a sua particularidade e um objetivo ao se comunicar.
Para contemplar os três eixos leitura/oralidade/escrita é preciso envolver o aluno em uma série de atividades em que ele possa se posicionar, interagir perante os textos que lê e produz, fazer inferências e em relação a opinião dos demais colegas, reelaborar suas produções e suaargumentação.
Para isso é necessário deixar claro que não existe uma única maneira de falar, caso da oralidade, pois devem ser consideradas as variações linguísticas da língua em seu contexto de uso. Porém, no caso do registro escrito, há de se esclarecer que existem regras que devem ser obedecidas para que não se perca a clareza naquilo que se escreve.
Costumo fazer a comparação do uso da Língua Portuguesa com a mensagem de um cântico: " Dá-me a palavra certa/ Na hora certa/ E do jeito certo/ E pra pessoa certa". Quando conhecemos as variações de nossa língua materna, com certeza saberemos usa-las no contexto certo.
Tomemos como exemplo os dois textos abaixo. Em cada um deles, as variações linguísticas podem ser exploradas quando ao contexto em que foram usadas.
No primeiro, a personagem parece estar em uma entrevista de emprego. Seria esta a maneira correta de usar a língua, levando-se em consideração a pessoa com quem ela está falando e o propósito a que ela se propõe?
No segundo, pode-se dizer que houve comunicação entre a pessoa que pede a informação e a pessoa que dá a resposta?

3. Material utilizado

Para ensinar Língua Portuguesa, como em qualquer outra disciplina, há inúmeros materiais disponíveis. Os dois textos citados acima nos dão uma vasta possibilidade de ensino, podendo ser trabalhados vários conteúdos específicos de língua portuguesa. No entanto, o uso do livro didático, como material de apoio, é importante para leitura de diferentes textos e de atividades de compreensão.
O aluno precisa compreender o funcionamento de um texto escrito, que se faz a partir de elementos como organização, unidade temática, coerência, coesão, intenções, interlocutor(es). Além disso, é necessário deixar claro ao aluno que a escrita apresenta elementos significativos próprios, ausentes na fala, tais como o tamanho e tipo de letras, cores e formatos que operam como gestos, mímica e prosódia graficamente representados. Daí a importância do uso do material didático, que geralmente apresenta muitos e variados gêneros textuais.
O livro didático utilizado atualmente é Português: linguagens, de Wiliam Roberto Cereja.
Além desse material, costumo usar também: tiras, charges, anúncios publicitários, imagens retiradas da Internet e do site Dia a Dia Educação, gibis, revistas, visualização de vídeos clipes de músicas, letras de músicas, produções textuais, questões complementares de vestibular e ENEM.

4. Dificuldade/ problemas

Uma das maiores dificuldades de ensinar Língua Portuguesa, considerando que o maior aprendizado parte da leitura, está na competição com outras mídias. Ler, por exemplo, é uma experiência única. No entanto, nosso maior empasse, enquanto educadores, ainda está no fato de conseguirmos formar pouco leitores. A Internet, o cinema, a música, whatsapp são linguagens que caminham junto com a Língua Portuguesa, com a vantagem que, por trás dessas linguagens está a própria língua, falada e escrita de acordo com o uso e não em consonância com o ensino formal. Lançar o desafio da leitura de um livro deve ser nosso maior propósito. Afinal, é só lendo que estimulamos nossa criatividade, aguçamos nossa percepção, ampliamos conhecimentos de toda espécie, até linguístico.
Quanto aos problemas do ensino de Língua Portuguesa ( estou trabalhando assim e não está dando certo) é muito relativo. O que dá certo em algumas turmas pode se tornar totalmente errado em outras e vice versa. Se soubéssemos o que está dando errado, jamais faríamos novamente. O que mais nos frustra é que, na maioria das vezes, parece quase impossível romper a barreira entre o "querer ensinar" do professor e o "querer aprender" do aluno.

5. Por que Língua Portuguesa no Ensino Médio?

Antes de tudo, se o aluno ainda está na escola, se faz necessário o ensino da língua materna para a continuidade e ampliação do que foi ensinado/aprendido nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental.
O ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio tem o papel de promover o amadurecimento do domínio discursivo da oralidade, da leitura e da escrita, para que os alunos compreendam e possam inferir nas relações de poder com seus próprios pontos de vista. Além disso, o aprimoramento linguístico possibilitará ao aluno a leitura dos textos que circulam socialmente, identificando neles o não dito, o pressuposto o que está subentendido a espera da interpretação do leitor.
É no Ensino Médio também que o aluno terá mais contato com a literatura. Nesse caso, faz-se importante trabalhar as estruturas de apelo, demonstrando aos alunos que não é qualquer interpretação que cabe à literatura, mas aquelas que o texto permite.
Para finalizar, fica o pensamento de Marta Morais da Costa sobre a importância da literatura em nossa vida:
O bom texto literário faz com a que a língua de todos os dias apareça em roupagem mais bonita e trazendo assuntos, personagens e situações narrativas que nem sempre fazem parte de nossas vivências. Cabe à escola, enquanto instituição social, e aos professores, enquanto agentes de leitura, demostrar essa diferença trazida pelo texto literário e por aqueles bons escritores, que souberam extrair do usual e do rasteiro formas narrativas e poéticas extraordinárias e ricas ( p. 10).

REFERÊNCIAS

ADLER, M. J.; e VAN DOREN, C. A arte de ler. Tradução de José Laurenio de Melo. Ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Agir, 1974.
CEREJA, William Roberto. Português: linguagens. São Paulo: Saraiva, 2013.
COSTA, M. M. da. Metodologia do ensino da literatura. Curitiba: IBEPX, 2007
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.
PAULINO, M. das G. R. Intertextualidade: teoria e prática. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Lê, 1997.
www.humortadela.com.br acesso em 07/09/2015.