O PACTO: um novo olhar para o Ensino Médio
É imprescindível a realização de um trabalho pedagógico em que se considere a realidade do aluno e faça com que ele perceba a função dos conteúdos e a sua importância. Entretanto, o desafio é: o que ensinar o que já se ensina de forma que chame a atenção do jovem do ensino médio para o aprendizado?
Na busca por respostas a essa e outras questões, os cursistas do Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio, do Colégio Estadual Papa Paulo VI – EFM, propõem algumas ações práticas como, ler visando ao aprofundamento da fundamentação teórica (embasamento teoria e prática); discutir e debater os desafios como sugere o PACTO; dialogar com os alunos para conhecer e reconhecer as causas da desvalorização do ensino (saber sistematizado/conhecimento); adequar o conteúdo de acordo com a necessidade/realidade, sem prejudicar o Plano de Trabalho Docente; utilizar os recursos didáticos e midiáticos para que as aulas se tornem mais interessantes para os estudantes; envolver várias disciplinas focando o mesmo assunto com proposições diferenciadas; trabalhar de forma prática para que os alunos percebam a função do conteúdo no dia a dia; estabelecer laços de respeito e amizade com o objetivo de dirimir os conflitos; enfatizar a importância da permanência e da conclusão dos estudos; sensibilizar os alunos para a necessidade do estudo para um futuro melhor, e ainda, vislumbrar esse olhar que faz a diferença no ser e na educação.
Tendo em vista todas essas ações, as DCNEM e as DCE, são os documentos balizadores que norteiam e subsidiam toda a prática pedagógica; embora apresentem algumas concepções que se diferem quanto à indicação da organização curricular, por meio de áreas do conhecimento ou por disciplinas, percebe-se que a contextualização e a interdisciplinaridade são abordadas em ambos os documentos. Diante disso, observa-se a necessidade de articulação do conhecimento obrigatório com atividades de interesse do estudante, levando-se em conta a sua realidade e diversidade. Nesse sentido, o currículo deve apresentar os subsídios necessários aos professores de modo que favoreça à adequação e ressignificação curricular esperadas, propondo alterações a serem desencadeadas a partir da definição dos objetivos. Dessa forma, são pontos fortes a se considerar nesse redesenho curricular, a contextualização, partindo da valorização do conhecimento prévio dos alunos, pois é por meio desse conhecimento de mundo que o professor deve sistematizar os conhecimentos escolares, científicos, historicamente construídos pela humanidade, considerados primordiais, denominados por Young como "conhecimento poderoso", e a interdisciplinaridade, já que esses são aspectos essenciais a serem considerados para a formação integral e humana dos estudantes.
Uma questão bastante relevante a se considerar também, é a adequação dos conteúdos contemplados no currículo para que o ensino seja de qualidade e que vise à formação integral do ser humano (omnilateral). Nesse sentido, a escola deve abrir espaços para que os jovens estudantes dialoguem, discutam com maturidade temas, conteúdos e conhecimentos, expondo seus anseios e aspirações; espaços em que, ao mesmo tempo, os educadores possam direcionar a essa juventude os embasamentos científicos necessários para que se tornem sujeitos emancipados, com responsabilidades em relação ao aprender e ao conviver em sociedade.
Dessa forma, é indispensável tomar como referência as DCNEM que tratam da relação entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura como base para a concepção de ensino médio integrado – dimensões da vida social – como ponto de partida para a produção da existência humana que se dá pelo trabalho. Diante disso, surge um questionamento: como colocar em prática esse princípio que deve nortear o trabalho pedagógico e articular as disciplinas curriculares de forma a superar a fragmentação do saber?
É sabido que o trabalho é o agente de mediação entre o homem e a realidade, e por esse motivo se torna um fator educativo. Trabalhando, o homem produz conhecimentos, culturas e tecnologias. Assim, faz-se necessário compreender o trabalho em seu sentido ontológico e histórico e a pesquisa como princípio pedagógico, estimulando a curiosidade, fazendo com que os jovens estudantes do ensino médio saiam do senso-comum e ingressem num processo de desconstrução de conceitos e apropriação e produção de novos conhecimentos, contribuindo para a sua autonomia intelectual.
Considerando a possibilidade de articulação entre as disciplinas curriculares com vistas à superação da fragmentação do saber e os pressupostos que têm o trabalho como princípio educativo e a pesquisa como princípio pedagógico; além da interdisciplinaridade relacionada ao conceito de contextualização sócio-histórica como princípio integrador do currículo, foi proposta aos alunos do terceiro ano do ensino médio a participação de algumas sessões na Câmara Municipal onde tiveram a oportunidade de observar como é realizado o trabalho dos vereadores, como se realiza a aprovação dos projetos e propostas de cada membro da câmara. Essa proposta curricular trouxe resultados muito positivos para os estudantes e também para os professores, já que o trabalho pedagógico aconteceu de modo disciplinar e interdisciplinar e foi possível aprofundar o conteúdo lançando mão das diversas disciplinas do currículo.
Assim, o Pacto pelo fortalecimento do Ensino Médio veio como um grande auxílio para os professores que estão repensando suas práticas, suas metodologias; estão buscando novas formas de ensinar para que o processo de ensino-aprendizagem se torne mais significativo e prazeroso para os alunos e não mais algo cansativo e desconectado da realidade deles. Os alunos já estão percebendo essas mudanças durante as aulas e os professores estão notando transformações, mesmo que sutis, durante a realização das atividades e no retorno, quando ocorrem as avaliações.
É preciso destacar a relevância das propostas discutidas e sugeridas nos cadernos do PACTO; são realmente coerentes e necessárias para que a educação do Ensino Médio, que todos queremos, possa acontecer. Mas, para que essas proposições não fiquem apenas no campo das ideias é fundamental o engajamento de todos. Deste modo, a organização e a gestão democrática da escola devem estar pautadas dentro de um trabalho coletivo, elaborado por todos os participantes envolvidos no processo educacional.
No tocante à gestão democrática, a comunidade escolar não deve ser concebida como mera espectadora ou receptora, muito menos deve ser excluída do processo educacional. Em nossa escola, alguns problemas fazem parte do dia a dia da vida escolar e contribuem negativamente para com o bom andamento do processo educativo. Os desafios são nos apresentados constantemente e nos fazem refletir sobre a pouca participação da comunidade escolar, a buscar por maior interação dos pais e alunos, o comprometimento e a participação dos professores, gestor e equipe pedagógica e a buscar uma educação de qualidade onde todos os envolvidos participem efetivamente do processo de ensino e aprendizagem. Assim, como forma de um melhor direcionamento e na busca por uma educação de qualidade que contribua com a formação dos nossos alunos integralmente, foram realizadas ações que oportunizaram a formação continuada visando à atualização dos conhecimentos e das metodologias dos professores, como: realização de reuniões bimestrais com os pais, por turmas, nas quais foram pontuados os avanços de seus filhos bem como os pais puderam sugerir ações; reuniões para entrega dos boletins bimestralmente, com a presença das famílias na escola, possibilitando à escola um diálogo aberto de acordo com a necessidade do aluno; realização de palestras a partir de temas da atualidade (drogas, sexualidade, alimentação, qualidade de vida, entre outros); oferecer aos alunos meios de participar e realizar provas e simulados da OBA, da OBMEP e prova Brasil para melhorar o rendimento escolar.
Podemos destacar que as questões apresentadas até aqui, efetivadas e postas como limites, já estão sendo vistas com realidade diferenciada e com resultados positivos. No entanto, ainda há muito a ser feito, pois o desafio maior é continuar desenvolvendo ações eficazes que realmente condigam com as necessidades que vivenciamos. A formação humana integral é um desafio constante da gestão democrática que requer a interação e a participação de toda a comunidade escolar.
Nesse sentido, como parte do processo educativo, a avaliação precisa cumprir a função de garantir o sucesso do estudante; ela deve ser sistematizada pelo professor que estabelecerá critérios e instrumentos claros. A avaliação deve ser democrática e inclusiva além de subsidiar o melhor resultado, apontando as dificuldades a serem superadas. A avaliação apresenta-se em três dimensões e objetivos diferentes: a avaliação da aprendizagem, interna, que serve como diagnóstico e parâmetro para o redimensionamento da prática docente; a avaliação institucional, que fornece informações para as políticas públicas, e a avaliação externa que se apresenta como aspecto potencialmente positivo, pois a gestão das escolas passa a incorporar os indicadores de desempenho provenientes dessa avaliação como mais um elemento para o conhecimento de suas realidades e, assim, estabelecer metas mais precisas e elencar prioridades de intervenção.
Por fim, vale ressaltar a importância dos temas discutidos durante os encontros do Pacto na busca por um Ensino Médio cuja formação do jovem seja integral e humana. Nota-se que o investimento na formação dos educadores no “chão” das escolas está trazendo muitos benefícios para a escola; nessa primeira etapa, mesmo que timidamente, já se observou mudanças significativas tanto por parte dos estudantes, como dos professores. Obviamente, ainda temos muitos desafios a enfrentar, mas as expectativas são as melhores; para a segunda etapa, já vislumbramos grandes transformações.
Texto elaborado pelos professores que participam do Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio no Colégio Estadual Papa Paulo VI - EFM de Nova América da Colina, PR: Alessandro Bressan Godoy, Lizabeth Rogate da Silva, Magna Regina Pedrosa de Oliveira, Márcia Aparecida Rossieri, Maria de Fátima Caldeira, Maria Márcia da Silva, Marta Caldeira, Nágela Rita de Carvalho, Neuza Francisco da Silva Cardoso, Rosangela Aparecida Basso, Tereza Settny Rogatti, Vânia Maria Santo.
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