O Jovem e a Escola e seu Projeto de Futuro - CEPMAT - Curitiba

REFLEXÃO E AÇÃO III Caderno II

O Pacto Nacional do Ensino Médio tem como proposta um novo olhar sobre a escola contemporânea. É um processo de reflexão sobre o Ensino Médio, partindo de uma retomada histórica.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, Parecer de CNE/CEB 05/2011,  a função da educação de um modo geral e do Ensino médio vai além da formação profissional, atinge a construção da cidadania, portanto cabe a escola oferecer aos  jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir seus horizontes, autonomia intelectual, assegurando-lhes o acesso ao conhecimento historicamente acumulado e à produção coletiva de novos conhecimentos, sem perder de vista que a educação também é, em grande medida, uma chave para o exercício dos demais direitos sociais.
Ao fazermos o olhar para a formação de nossos alunos, e no intuito de compreendermos melhor o que pensam sobre a escola foram propostas algumas ações que serviram de base para as reflexões e análise   sobre as práticas pedagógicas da sala de aula e sobre a escola em geral.  Um questionário foi elaborado e aplicado a um total de 99 estudantes.
Dos 99 pesquisados, 92% pretendem fazer um curso superior. Destes, 8% apontam como profissão futura os cursos de Engenharias. 27% não decidiram ainda a graduação, talvez por se tratar de alunos em séries iniciais do Ensino Médio, 52% almejam cursos de medicina, direito e administração. Porém, chama atenção a parcela de 11% dos estudantes que pretende buscar graduação para o magistério, o que nos permite observar, com grande alegria, que embora nossa profissão seja pouco valorizada, estamos conseguindo inspirar nossos alunos a desejarem seguir essa árdua, mas maravilhosa carreira.
Com relação ao tempo de trabalho, 39% dos estudantes do CEPMAT trabalham em turno contrário, um não respondeu e 59% dos mesmos não trabalham (turmas de séries iniciais).
Quando questionados em relação à pretensão de trabalhar e cursar a faculdade  ao mesmo tempo,  58% deles responderam que sim, pretendem trabalhar,  13% responderam que não, pois pretendem priorizar os estudos com o apoio familiar e  28% não responderam à pergunta.
Foi perguntado também sobre as Leis Trabalhistas, 47% dos estudantes responderam que conhecem seus direitos trabalhistas, 27% não conhecem e 25% não responderam. Não ficou claro por parte dos estudantes o quanto conhecem sobre seus direitos e deveres, desta forma acreditamos que se forem questionados quanto ao direito de férias, estágios, 13º salário, 1/3 de férias, licenças, FGTS, PIS-PASEP, carga horária semanal, obrigatoriedade de cumprir horários, etc., muitas dúvidas surgiriam. Outro questionamento foi em relação ao que pensam os estudantes da escola. As respostas e apontamentos dos alunos foram separados em três quadros a seguir:

Considerações positivas sobre a escola feitas pelos alunos

Os estudantes gostam da escola; é importante para vida deles; tem bom ensino; é a porta para o futuro; é um lugar para os adolescentes; bom ambiente; bons professores; boa estrutura; lugar de aprendizado; faço muitas amizades e fica mais fácil aprender; professores ensinam bem; não estudaria em outro lugar, se sentem felizes na escola; local de aprender e brincar além de fazer amizades. Sem a escola não se consegue nada no mercado de trabalho; embora reclamem sempre vão precisar da escola. É um lugar acolhedor; local de preparação profissional; local no qual passo metade do meu tempo então todos deveriam preservá-la; se for bem explorada pode abrir portas para grandes futuros; local para estudos e não para brincadeiras; bem localizada, bom colégio.

Considerações negativas sobre a escola feitas pelos alunos

A escola poderia melhorar; alguns alunos não tem vontade de frequenta-la. Há necessidade de mais seriedade por parte dos professores; ensino fraco; faltam atividades culturais; às vezes a escola é muito chata.  Há falhas na dinâmica da escola; a estrutura deixa a desejar; falta de informação quando falta professor. Os professores poderiam mudar sua metodologia pois alguns alunos dormem na sala; muita bagunça sendo difícil para concentrar; alunos pulam o muro; a escola deveria ser para quem realmente quer estudar. A rotina da escola é cansativa; falta de organização; a escola é muito liberal; falha no ensino e na equipe pedagógica que não respeitam os alunos; é uma escola boa, mas faltam segurança e materiais de lazer; tem bons professores, pena que alguns são péssimos ao tratar com os alunos; a estrutura está ruim e precisa melhorar; nunca parei para pensar; falta profissionalismo de alguns professores.

Se pudesse, o que o aluno mudaria na escola

Mudaria a forma da aula de educação física que atrapalha (Ensino Médio por Blocos); não ligar para os pais quando vou embora. A organização deixaria professor substituto para substituir professores ausentes; pintar os muros e melhorar o comportamento na escola; as aulas deveriam ser mais práticas e menos teóricas; mudaria o individualismo e o respeito; o tipo de ensino com menos regras. Melhoraria a qualidade do lanche; criaria um ambiente melhor para onde os alunos teriam prazer de vir estudar; o modo de alguns professores darem aulas; está tudo ótimo; as janelas; capacitação para alguns professores; laboratório de ciências; o método de ensino; mudaria alguns alunos para outro turno por causa do comportamento; quando não tem professor liberar a gente ou adiantar as aulas. O método de ensino e ter mais práticas para que os alunos se interessem mais em aprender; a dinâmica de ensino e alguns professores que não respeitam os alunos; menos faltas por parte dos professores; a fachada, salas, os banheiros e alguns professores; mais aulas práticas; tornaria as regras mais rígidas; a metodologia das aulas; mais aula interativas; a atitude que os professores tem com os alunos; ensino melhor; não mudaria nada pois do jeito que está é bom; carga horária e tratamento, substituir o quadro por um computador, colocaria salas ambiente – pois do jeito que está é cansativa – maior autonomia aos alunos, maior autonomia para o grêmio estudantil, melhorar a merenda escolar; mais diversão para incentivar os alunos virem para a escola, arrumar as cadeiras, ventiladores, TV; mais segurança na escola; exigir mais dos alunos; forma de aprender os conteúdos sem ter que ficar copiando mil textos em todos as aulas; colocaria professores mais interessados em ensinar; atitude de alguns alunos e professores; alguns professores  não respeitam os alunos; professores mais qualificados que saibam  dialogar; ter mais aulas práticas com passeios; mudaria as aulas, trocava os televisores, ventiladores, as janelas que estão enferrujadas, professores mais presentes na escola (muitos faltam); ensino mais reforçado e rígido; deixaria os espaços com mais vida e trocaria alguns professores.

Analisando as respostas do alunos/as, pudemos perceber que a esperança ainda prevalece, e que os/as alunos/as ainda, de alguma maneira, acreditam na escola, como uma instituição, e também como um espaço de socialização, um porto seguro. Como instituição, para alguns alunos, a sua organização deixa a desejar, há reclamações das faltas dos professores, das metodologias ultrapassadas, do comprometimento a um ensino de qualidade.  Por outro lado como espaço de socialização os/as alunos/as se sentem acolhidos e em grupo, ou seja, o que ainda traz o jovem pra escola é a motivação social promovida pelos encontros e desencontros da adolescência, que se dão, em sua maioria, nas relações vividas na escola.
Diante do que foi exposto pelos estudantes, a escola necessita refletir e agir sobre essa realidade que aí está. Não podemos esquecer que a instituição escolar e os atores que lhe dão vida - professores, alunos, gestores, funcionários, familiares, entre outros - são parte integrantes da sociedade e expressam de alguma forma os problemas e desafios sociais mais amplos, a falta de ações mais efetivas por parte do governo com a qualidade de ensino que muitas vezes no meio do ano letivo fecham turmas, superlotando outras, redução dos recursos e sucateamento do Ensino Público. De acordo com Young (2007) resolver os problemas dessa tensão entre demandas políticas e realidades educacionais é uma das maiores questões educativas dos nossos tempos.
Portanto a escola necessita urgentemente ser vista não somente como uma célula, mas como um corpo que tem que funcionar em sua totalidade e dimensão.

Referências:

YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? Revista Educação e Sociedade, volume 28 nº.101. Campinas, 2007.

Brasil. Conselho Nacional De Educação. Parecer CNE/CEB nº 5/2011. Diretrizes Curriculares Na¬cionais para o Ensino Médio, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 jan. 2012. Seção 1, p. 10. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&i¬d=.... Acesso em: 01/11/2014.