O jovem como sujeito no Ensino Médio - C. E. "João Bettega" - Curitiba

          Quando da colonização do Brasil, os portugueses implantaram uma colônia de exploração, de economia agroexportadora, baseada no trabalho escravo. Isto caracterizou a formação, segundo SCHWARTZ, de uma sociedade dividida entre uma minoria de indivíduos com direitos de pessoa e propriedade, e de uma maioria de indivíduos sem qualquer direito.

          A divisão social do trabalho veio como decorrência desses direitos: o trabalho manual era atribuído aos escravos ou mebmbros das baixas classes sociais. Dessa maneira, o Brasil Colônia e posteriormente o Império, pouco se preocupavam com a educação, pois consideravam uma atividade secundária aso poucos integrantes da elite. Estes se preocupavam em atender funções burocráticas e profissões liberais.

          Após a Guerra do Paraguai, a campanha republicana e abolicionista, até segunda metade do século  XIX, os cafeicultores e industriais passaram a optar pela mão de obra imigrante e pelo trabalho assalariado, visto que o Brasil estava entrando em um processo de revolução industrial.

          No início do século XX, a economia brasileira ainda estava ligada ao capital monopolista estrangeiro, e a política brasileira ainda ficava nas mãos de um pequeno grupo, o agroexportador. Sendo assim, o perfil das leis aplicadas e o direcionamento do Ensino Médio pouco mudavam, pois só se atendia aos intersses da elite dominante.

          Na década de 1930, esta fase agroexportadora teve um fim inciando um processo de industrialização e, consequentemente, as instituições políticas e sociais se moldaram conforme esse novo processo. Refém da burguesia internacional, não de maneira volúntária, a sociedade brasileira se manteve aristocrática, com a concentração de terras, poder, renda e uma maioria excluída do processo produtiva e cultural.

          Com a Lei Orgânica do Estado Novo, preocupou-se em preparar o educando para a academia. O SENAI formaria o educando em um "sistema de ensino profissional para a indústria", com a finalidade de atender à demanda por mão de obra qualificada". Essa lei, consolidava a estrutura elitista do Ensino Médio oficializando duas instituções paralelas: o ensino secundário para produzir as individualidades e o ensino profissionalizante para o mercado de trabalho.

          Com a LDB de 1961, o governo muda esse paradigma unindo essas duas funções. Porém, com o regime militar em 1968, vem a Lei 5692/71 e o Ensino Médio passa a ser, obrigatoriamente, profissionalizante.

         Na redemocratização e com a Carta de 1988, a nova Lei de Diretrizes e Bases normatizou o Ensino Médio como etapa concluinte dos estudos. Porém, no final da década de 1990, um governo neoliberal privatizou o ensino instaurando o modelo de competências, direcionando as demandas do mercado.

          A partir do governo petista, mudou-se o foco do Ensino Médio para uma formação humana integral, ainda que em tempo parcial. Espera-se que, agora, com a destinação de 10% do PIB para a educação, o futuro seja promissor. O projeto do ensino, tanto o fundamental quanto o médio, passará a ser em período integral, voltado à qualidade humana e à formação de um cidadão crítico, capaz de fazer a diferença na comunidade em que está inserido.

          Para constituirmos a proposta tarsnformadora do Ensino Médio e de formação humana integral, faz-se necessário produzir transformações estruturais. A educação ideal vem sempre de uma omnilateralidade, e desde o processo de redemocratização esta vem sendo separada entre a elite, preparada para disputar as vagas dos melhores cursos das Universidade e a formação profissional, para servir o mercado de trabalho.

          Como fenômeno social, a educação tem características complexas, com determinações formadas de interdisciplinaridades. O que organiza a educação e o Ensino Médio é o papel da educação e sua dialética com asociedade, a relação entre ciência e conhecimento/ensino e aprendizagem, etc.

          Quanto à relação reforma-inovação do Ensino Médio voltado para a comunidade, há os que consideram que as reformas introduzem elementos que aspiram melhorar o sistema de ensino, mas que dependem das organizações como um meio fundamental para se realizarem as transformações necessárias.

          Precisa-se dar sentido às inovações que virão, uma resposta técnica a problemas de ordem muito mais complexas, envolvendo aspectos políticos, antropológicos, existenciais. O essencial da inovação é o sentido que se constrói, a nova maneira de ver aquilo que já existe e já é realizado. Representações, valores, significados compõem o núcleo básico do conceito de inovação em educação.

          Tais procedimentos revelam um empenho em construir uma relação de reciprocidade com a sociedade civil que vai além de um trabalho evidente de prestação de contas ou de uso da comunidade para preencher lacunas do Estado. Do ponto de vista da reformulação e do desenvolvimento da proposta pedagógica da escola, a autonomia para administrar a aplicação de recursos financeiros mostrou-se uma oportunidade  fértil do fortalecimento do trabalho coletivo dos professores e da centralidade do currículo como critério básico para as opções de investimento.

          Na adolescência, o jovem conquista a capacidade de julgar através do uso pleno de seu pensar. Constitui-se o idealismo e a postura crítica. O jovem, numa formação integrada e completa, quer atuar, questionar, entender o mundo que o rodeia e o mundo interior que ele começa a experimentar. O ensino parece estimulá-lo a refletir sobre a realidade externa e sobre si mesmo, proprocionando uma postura próativa em relação ao mundo.

          Durante muito tempo, os estudiosos e o professorado sempre associaram o termo juventude como imaturo e inconsequente, manipulado em geral pela mídia corporativa para discriminá-los, diminui-los em todos os pontos de vista, quer sejam sexuais, políticos, culturais, familiares e no mundo do trabalho.

          O mundo econômico-produtivo de hoje exige mais flexibilidade dos sujeitos para que eles possam consumir, ser felizes e ainda se adaptar à instabilidade do mercado de trabalho. Assim, a idade passou a não definir a juventude.

          Acredita-se que reformular o Ensino Médio é uma forma de manter e tornar esse cidadão crítico e mostrar aos jovens os seus direitos e espaços de rebeldia, trazer os movimentos sociais, a militância, o espaço aberto para a sociedade.

          Aliado a tudo isso, vem a tecnologia. Há necessidade de julgamento não somente segundo juízos de valor, mas também segundo critérios objetivos que poderiam avaliá-la sob o ponto de vista científico dentro da área de intersse em questão, ou quando não, quem são as pessoas com as quais se relacionam os jovens ao navegar na rede. É importante esclarecer para os alunos que a internet, também, pode ser um mal, se não for bem direcionada.

          Para aumentar a visão de mundo e ambições de carreira futuras, há a necessidade do desenvolvimento de um trabalho específico do resgate da história das famílias e da conscientização de que uma nova vida a partir da dedicação aos estudos é possível. E como os estudantes do Ensino Médio podem ser como sujeitos históricos e fazer uma nova história de vida.

Cursistas: Celso Banzzatto Monteiro, Cleunice Mainardes, Elenita de Fátima de Oliveira Halla, Fátima Dangelo, Marilene Melo, Mércio Cabral dos Santos, Ricardo Pizzatto e Thelma Regina Rossa.

Orientador de estudos: Roseli Albini Petersen

Relatora: Thelma Regina Rossa.