O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO – QUEM É ? O QUE QUER?

COL. ALCYONE MORAES DE CASTRO VELLOSO
PROFESSORES: Celso Luis Delattre; Gisele Ferreira de Andrade; Luis Carlos dos Santos; Vera Lúcia Andrade Leite.
Orientadora: Patricia Cristina Toaldo

O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO –  QUEM É ? O QUE QUER?

Quem não pertence a algo, não tem chão, herança e principalmente referência de vida, é um despatriado, pois pertencer a algo quer dizer, ser de um povo, amar sua comunidade, ter cultura e identidade, pois aquele que não pertence, não tem história e, portanto jamais terá futuro, e assim sendo, não terá chão pra plantar sua semente” (Sangerson Santos).

A juventude faz parte do processo da adolescência a qual está marcada por uma série de transformações biológicas, psicológicas e sociais e não está reduzida apenas uma passagem para o mundo adulto, mas representa um exercício de inserção social, onde este jovem adquire o poder de procriar, que apresenta sinais de menos proteção familiar, assume responsabilidades, sejam elas no trabalho ou por seus atos, está em busca de independência e identidade.
O ser jovem tem relação com a linguagem, aparência, modo de questionar, criatividade etc, sendo assim, não se pode definir um conceito único, mas sim de juventudes, o qual está relacionado com fatores e aspectos culturais, políticos, sociais, econômicos que fazem com que tenhamos em cada localidade tipos de juventude.
Quando falamos em identidade, esta pode ser entendida como conjunto de características próprias com as quais podem se distinguir pessoas, animais, plantas etc, diferenciando-se uns dos outros. Possui diversas definições conforme o enfoque podendo ser individual ou coletiva.
Dentro da Sociologia podemos dizer que identidade é o compartilhar de várias ideias e ideais de determinado grupo onde há interação entre o indivíduo e o meio. A Antropologia consiste em somar referências, influências que definem o entendimento relacional. 
Pensando em nossos jovens, fica clara a existência da identidade coletiva, pois o sentimento de pertencer a um determinado grupo é muito forte, uma vez que nesta via de relações encontramos a autoidentificação e o reconhecimento social. Há um jogo de interesses que dá sentido ao estar junto, fazer parte de determinado grupo, pois se unem por gostos musicais, esportes, estilos de vida iguais ou parecidos, o que faz com que sejam reconhecidos e se sintam seguros.
Nos dias atuais, este “pertencer” / fazer parte de determinado grupo fica evidenciado e se torna viável por meio das tecnologias e redes sociais.
Conversando com os alunos, percebeu-se que a utilização de celulares e internet  tem como objetivo principal a comunicação, fato esse que corrobora com o texto e com os questionamentos levantados sobre os jovens, porém alguns aspectos quanto aos espaços de diversão dos jovens em nosso bairro se resumem a algumas praças, sem a presença de atrativos  como músicas, esportes, segurança, e tal fato os levam a buscar nas redes sociais a convivência, pelo menos virtual, com seus pares.
Assistindo o desafio do passinho, verificou-se que, pelo menos esse tipo de cultura não atrai nossos jovens, entretanto ver a escola como um espaço de interação e contra cultura no sentido irreverente da palavra, o jovem deve se fazer ouvir e a escola pode participar desse espaço, ainda não temos uma ideia formada de como fazer, mas o primeiro passo foi dado.
Quando o jovem  interage, percebemos que ele se sente corresponsável e assim sendo devemos perceber e com critérios estabelecidos eles nos ajudam a buscar novas ferramentas e tecnologias.
Ao investigar quem é esse jovem, o que deseja, quais são suas perspectivas futuras e principalmente o que ele espera da escola, nos deparamos com os seguintes relatos:
“Os alunos em sua maioria falaram que gostariam que as aulas fossem fora do padrão convencional, pois acham cansativas aulas em sala, muito tempo sentados e assim sugeriram  atividades que envolvessem passeios em museus, teatros e outros, ou  mesmo que fosse na própria escola, que a infra estrutura do colégio fosse melhor aproveitada com  mais laboratórios de informática, ciências e também outras áreas. Eles também acreditam que os professores em sua grande maioria são bem qualificados, mas admitem não ter muito interesse nas aulas”.
Quem será o culpado? Professor, aluno ou ambos? Professores culpam os alunos pela apatia em sala de aula, alunos culpam professores por aulas desinteressantes.  Afinal, como resolver esse problema nesse jogo de “empurra empurra’’? Que aspectos são relevantes para os professores e para os alunos a fim de se chegar a fórmula ideal para que a escola torne-se mais atrativa para o aluno  sem desviar o foco da aprendizagem. A partir de uma investigação com alunos do 1º, 2º e 3º anos, alguns aspectos foram colocados em discussão no que diz respeito à escola, aos professores e alunos, assim chegou-se aos seguintes apontamentos:
Nossos alunos têm ciência de que a escola é local para aprender e prepará-los para o futuro e que alguns alunos pretendem ingressar na universidade enquanto  outros  desejam ser empreendedores,conforme relato:

“A escola deveria conter atividades variadas como: Aulas práticas e teóricas; Aulas envolvendo música, teatro, dança e atividades diferenciadas; A escola melhor estruturada; Escola integral”.

Durante a realização destas investigações, o convívio com os professores foi de forma positiva, a relação entre eles ocorreu em grupos/ turmas divididas e estes tiveram a oportunidade de expressar o que pensam e o que querem. Cabe a nós educadores considerar as colocações feitas pelos alunos e buscar atender o que for possível para reverter o quadro desse jogo.
Neste momento vale ressaltar as palavras de Miguel Arroyo (2004, p. 53) onde nos diz que

“Como profissionais estávamos preocupados em conhecer os conteúdos de nossa docência e seus métodos e processos de avaliação. Não deixaremos essas preocupações, mas se impõem outras: conhecer melhor os educandos (as)”.

E neste sentido os docentes podem exercer parceria na construção de projetos de vida para os estudantes. Essa cooperação construtiva pode ser efetivada por meio de metodologias dialógicas, que permitem ao aluno a exposição de seus desejos, de seus planos para o futuro.
Por que não investir tempo em ministrar o conceito de projeto e instigar o aluno a transformá-lo em uma produção de seu projeto de vida? Essa foi uma das
ações efetivadas em uma turma de 2º ano de Ensino Médio.
Por meio dessa ação, percebeu-se o quanto os jovens projetam, em suas mentes sonhadoras, seus objetivos, suas metas tão almejadas. Para a maioria desses jovens, no entanto, esse projeto só terá início após a conclusão do ensino médio, ingressando no mercado de trabalho, ainda que seja com um sub emprego, e posteriormente em uma faculdade. Unido a esses planos financeiros e profissionais está o projeto de família e realização emocional.
No entanto, percebe-se que eles ainda não têm a real noção do investimento em tempo de estudo e preparação para um ingresso produtivo no mercado de trabalho. O imediatismo é um traço marcante da juventude, logo alguns jovens são imediatistas, querem tudo e para agora. Então, em seus projetos de vida surge a vida afetiva entrelaçada à vida acadêmica e profissional, com planos imediatos para a construção de uma nova família
E agora, como orientar esses jovens, mostrar a importância do Ensino Médio e do planejamento da vida emocional-afetiva nesse projeto de vida? Certamente, essa não é uma resposta fácil, portanto há a necessidade de uma coesão de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional para elaboração e concretização de estratégias que visem a orientação para o planejamento desse projeto de vida desses estudantes. Assim estaremos efetivando a parceria na coconstrução de seus projetos Todavia, os autores e protagonistas desses projetos de vida serão eles, com seus desejos de projetar e executar as construções de suas vidas.

Referências:
ARROYO, M. G. Imagens quebradas: trajetórias e tempo de alunos e mestres. Petrópolis – RJ: Vozes, 2004.