O Jovem como Sujeito do Ensino Médio - Col. Est. do Campo Novo Sarandi

1. Construindo uma noção de juventude

Virar o jogo de culpados na escola somente acontecerá se existir uma cumplicidade mútua entre professores, alunos e direção, sendo que todas as partes devem estar cientes de que a escola é um todo formado por estes três setores e que a mesma somente atingirá seus objetivos e propósitos diante da completa integração entre eles.

A culpabilidade mutua entre professores e alunos existe se consideramos alguns aspectos relacionados com resultados e objetivos pretendidos. Assim, por parte dos alunos diante de algum tipo de fracasso (não promoção para a série seguinte, não aprovação em vestibular, dificuldade no ingresso em universidade, reprovação em concurso público, não admissão em emprego), a culpa é direcionada para os professores e em consequência para o tipo e qualidade de ensino recebido, o que acaba abrangendo a escola como um todo.

Por parte dos professores, diante de resultados apresentados (baixo número de alunos matriculados no ensino médio, números de reprovações, número de abandonos, enem, aprovação em vestibulares e concursos), direciona-se a culpa para a falta de vontade e pouca dedicação por parte dos alunos, indisciplina, alto número de alunos em sala de aula.

Uma iniciativa que ajuda a ampliar o campo de conhecimento sobre os jovens é o desenvolvimento de atividades de integração (esportivas, recreativas, culturais) entre a comunidade escolar, buscando uma maior proximidade entre ambos, buscando perceber como cada uma das partes (principalmente os jovens) constroem o seu modo de ser.

 

2. Jovens, culturas, identidades e tecnologias

Acredito que um diálogo com os estudantes sobre as conversas na internet seria bastante proveitoso, pois a maioria deles faz uso desse meio para se comunicar.

A conversação via internet, por vezes, aparenta ser mais informal do que aquilo que se conversa presencialmente, visto que são usados abriações, códigos e representações (símbolos). Porém a valorização ou importância do que se está conversando é a mesma, pois presencialmente também se fala de maneira informal.

Algumas das culturas juvenis que envolvem jovens fora da escola (e por muitos que a frequentam regularmente) e que é trazida para dentro da escola, tanto através do diálogo, como também com apresentações ( funk, hip-hop, capoeira, skate) as quais são ensaiadas, praticadas no desenvolvimento de projetos e atividades ofertadas pela escola durante as aulas de Educação Física e Arte.

3. Projetos de vida, escola e trabalho

Todas as discussões que envolvem a vida dos jovens (estudo, namoro, diversão, amizades, trabalho, casamento, filhos, ...) são importantes, os quais para cada um deles  apresentam características pessoais baseadas em valores aprendidos e trazidos do meio familiar social no qual estão inseridos. Essas dimensões serão direcionadas conforme o campo de possibilidades que cada jovem terá a seu dispor, o qual será influenciado pelo contexto sócioeconômico-cultural onde vivem, ou seja, dependerá do projeto de vida que cada jovem tem para si, oriundo das potencialidades individuais e do conhecimento de sua realidade.

Diante disso, nós professores podemos ser parceiros e coconstrutores desses projetos de vida de nossos jovens através da orientação e incentivo de ações (por parte dos estudantes) de forma planejada, de modo que eles projetem seus objetivos, seus sonhos, acreditando em suas potencialidades, não deixando (nem delegando a escolha) que outras pessoas (pais, professores, namorado(a), amigos) escolham ou determinem as dimensões de sua vida, principalmente a questão profissional, ou seja, o seu trabalho.

O trabalho faz parte da vida de muitos de nossos jovens estudantes do Ensino Médio, sendo a escola e o trabalho, projetos que misturam, que se superpõem neste ciclo da vida dependendo das condições sócioeconômicas de cada um. Desse modo, essa etapa final de escolarização deve proporcionar uma formação geral para a vida relacionando e articulando ciências, trabalho e cultura, levando em consideração o trabalho como atividade criativa para a condição humana.

 

4. Formação das Juventudes, participação e escola

Visto que a experiência participativa é tida como uma experiência educativa e formativa, é de suma importância a participação dos jovens do Ensino Médio na vida escolar (Grêmio Estudantil, projetos, eventos), pois essa experiência permitirá a vivência de valores (solidariedade, democracia e principalmente aprender a respeitar e reconhecer o outro e suas diferenças), reforçando e estimulando valores e práticas relacionados à dimensão coletiva da vida social, propiciando aos jovens o desenvolvimento de habilidades de convivência, de respeito às diferenças e liderança.

A escola é um espaço-tempo de convivência e aprendizado para os jovens, sendo uma instituição central na vida da maior parte deles. Lugar onde passam parte significativa do seu cotidiano, fazem amigos, compartilham experiências e valores e por vezes delineiam seus projetos de vida, sendo que para muitos a escola alimenta expectativa de contribuição efetiva para suas vidas. Porém, muitos jovens quando falam da sua escola, elaboram críticas e questionamentos. Assim, devemos valorizar suas idéias, pois muitas vezes podem apontar caminhos para a superação de muitos problemas vivenciados em nossa comunidade escolar, pois os jovens possuem uma maneira própria de ver e valorizar a escola a partir de seu pertencimento, de sua adesão a ela. Isso com certeza influenciará para que muitos deles tenha motivação para os estudos pois se sentirão parte integrante dos interesses e identidades construidos a partir da realidade vivenciada e da interação com outras pessoas e com a própria instituição.