O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO

Na introdução do caderno 2 há um mapeamento dos conflitos  que ocorrem na escola entre estudantes e professores,  segundo o texto por coisas pequenas, há também uma indicação  de que o mapeamentos da realidade escolar hoje não é para achar culpados e sim encontrar caminhos para melhorar o desempenho, a freqüência, a permanência e o sucesso do jovem, na escola.   Com relação à nação de juventude temos de ter claro em nossa prática, que há uma diversidade de juventudes, muito maior da que podemos abarcar.
No final do primeiro capitulo há um questionamento aos professore sobre: o que aconteceria se perguntassem ao jovens e as jovens estudantes, o que pensam e sentem sobre a escola de Ensino Médio? A proposta dessa atividade é a abertura dos professores à escuta e ao diálogo com os jovens, alternativas para a superação dos problemas de relacionamento e a realização da vida escolar Após os questionamentos há uma  sugestão de  atividades para dar inicio  a práticas alternativas de interação entre professores e alunos. È sugerido  que se motive os estudantes para que estes produzam coletivamente uma carta dos professores e professoras endereçada ao jovem estudante de sua escola? Minha análise sobre as sugestões é que este conteúdo é interessantíssimo, porém, precisamos encontrar maneiras simples de mobilizar os jovens a realizá-las. Precisamos estudá-las bem para melhor entender  o projeto e propor ações  efetivas para  os estudantes.  
O diálogo proposto é o de “virar o jogo”, na prática de professores e alunos se culparem mutuamente  pelos insucessos escolares e construir novos relacionamentos  visto que não faz sentido se culpam mutuamente. A questão é entender para que serve a escola nos dias de hoje  quais as maneiras  de melhorar a convivência,  a aprendizagem e a formação. “Virar o jogo” e construir novos relacionamentos faz sentido, porém é necessário elaborar estratégias de reconhecimento mútuo, tais como mapas das identidades culturais juvenis do bairro, escrever cartas aos jovens estudantes para que eles se revelem além de suas identidades uniformizadas de alunos; promover jogos de apresentação na sala de aula, dentre outras atividades. E em quais outras iniciativas podemos pensar para ampliar o campo de conhecimento sobre quem são eles e elas que estudam e vivem a escola? Buscar perceber como os jovens estudantes constroem o seu modo próprio de ser jovem é um passo para compreender suas experiências, necessidades e expectativas. Com relação a este item considero o conteúdo muito interessante, porém faço uma observação. No jogo de “encontrar culpados” e de resolver a situação da escola de Ensino Médio com “ações paliativas” pode nos decepcionar novamente. Acredito que as questões apontadas são interessantes, porém não podemos nos esquecer da complexidade que é a vida hoje em dia. E qual a finalidade da educação/formação do sujeito para o mundo do trabalho. 
Certamente teremos que nos pautar em outras práticas se quisermos respostas diferentes. Nossos planos de trabalho e nossos livros didáticos são engessados, porém sair disso para algo qualitativamente melhor e sem perder o essencial “um ensino de qualidade” é uma caminhada que exige fôlego, pois reconhecer as identidades juvenis, seus sonhos e planos  requer outra postura dos dirigentes de estabelecimentos estaduais e professores do ensino médio. Podemos pensar, por exemplo, na dinamicidade que é o real, que é a vida de quem trabalha e que não tem tempo para ler e pensar sobre o que acontece, hoje, na economia, na política, na sociedade, nos conflitos e disputas econômicas e culturais, nos afetos e desafetos, nos arranjos e re arranjos sociais.
Há muito que fazer e não é “teórico” como pensam alguns colegas.  É parar para se identificar, pra se conhecer e reconhecer também as dificuldades que os jovens de hoje enfrentam. Só assim poderemos pensar em mudança.  Para se perguntar, como trazer a dinâmica da vida juvenil, que  ao mesmo tempo vem a escola, mas por cansaço, e outras necessidades fica fora do portão ou nos corredores conversando assuntos pessoais que as aulas não abarcam. Aqui caberia uma pergunta. Por que muitos alunos vêm até á escola e ficam do portão e outros entram e ficam nos corredores e banheiros, conversando sobre assuntos dinâmicos de suas vidas, afetos e desafetos; problemas familiares, filhos fora de hora, amores e desemprego e novo emprego.
Bem é preciso admitir que a verdadeira aula muitas vezes acontece, no funda da sala, onde muitos conversam sobre os dilemas de suas vidas. O que fazer então?  O que dizem os alunos sobre isto? Muitos  alunos escreveram que há aulas simplistas demais, explicações pouco esclarecedoras, professores  impacientes e que não sabem a matéria. Outros ainda culpam alguns colegas que não querem nada com nada e só incomodam e atrapalham a aula. Certamente teremos que fazer mudanças radicais, nos tempos e espaços de formatação do Ensino Médio se quisermos que esta etapa da Educação Básica avance.    
Ao serem perguntados sobre o que mais conversam na internet, muitos alunos relataram que uma das coisas é conversar com os amigos sobre, namoro, sexo, problemas existenciais, e afetivos, os meninos dizem que conversam sobre o que “não presta”, bobeira sacanagem e sexo. Entender sobre as culturas juvenis requer que nos dialoguemos com os mesmos sobre: como determinados assuntos são analisadas por eles.
As sugestões de atividade apresentadas no documento são interessantes e podem ser desenvolvidas em todas as turmas. Eu mesma  realizei no projeto do PDE em 2008/2009 com a temática “Juventude trabalhadora e escola”: um estudo sobre os jovens trabalhadores que freqüentam o ensino noturno no Colégio Estadual Novo Horizonte. Realizei pesquisa sobre onde trabalhavam? Que atividades realizavam? Que realização o trabalho lhes propiciava? Qual a média salarial recebida pelo trabalho que realizavam e o que faziam com o salário? Onde e em que gastavam? Apliquei um questionário tabulei e levantei inúmeras questões da realidade. O trabalho foi válido, fiquei surpresa com a realidade vivida pelos alunos, especialmente com a longa jornada; os baixos salários - de um grupo de 30 alunos -  dois recebiam mais que um salário mínimo. O relato do estresse e da canseira para cumprir as metas da empresa. Com relação às famílias dos jovens, a maioria é números, tendo em média de três a cinco pessoas, dentre elas duas a três crianças e em algumas com idosos ou mesmo pessoas com necessidades especiais. O que ficou evidente é que a tamanha dificuldade vivida por muitos não lhes tira o desejo de construir sua própria família.
Outro dado importante foi analisar com a turma o resultado da pesquise, eles mesmos se surpreenderam, pois desconheciam a realidade de muitos colegas. Embora o trabalho tenha sido para um momento determinado e trabalhado com apenas algumas turmas facilitou a aproximação e confiança.

Última edição: sábado, 20 setembro 2014, 19:27 (1213 palavras)