O jovem como sujeito do Ensino Médio

Colégio Estadual Hildebrando de Araújo.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO
O jovem como sujeito do Ensino Médio
ETAPA I – CADERNO II

Há algum tempo que muitos estudos e apontamentos acerca da temática juvenil têm direcionado suas conclusões para o reconhecimento de um perfil atual de juventude problemático, apático e resistente, especialmente, à cultura escolar. Novos enfoques, no entanto, têm direcionado seus diagnósticos em outra direção: a leitura da juventude problemática estaria apoiada em uma relação de transferência, de análises projecionistas, onde anseios e dilemas de uma juventude de contexto histórico diverso seria o ponto de partida para a leitura dos jovens atuais. Em outras palavras, espera-se que o jovem de hoje assuma as bandeiras que nós, educadores, tínhamos em nossa juventude, no passado.
Com o intuito de refletir sobre as representações atuais acerca da juventude  e e as possíveis posturas juvenis lidas por nós educadores como focos de insurgências, nosso grupo de estudo passou a problematizar sobre “quem” são nossos jovens alunos.
Já de início, a questão foi colocada de modo inverso: quem somos nós? Egressos de uma época pós-ditadura militar, vivendo um rápido avanço tecnológico e um fenômeno de globalização – contexto este naturalizado e facilmente assimilado pelos jovens atuais – que nos deixam inseguros e sem direcionamento.
Para o educador atual, as manifestações culturais desta realidade não podem, sobremaneira, serem as mesmas manifestações culturais “engajadas” produzidas pelos educadores de outrora. Hoje, as manifestações culturais parecem se iniciar e perecer em si mesmas. É a arte pela arte pela arte, sem necessariamente estar enquadrada numa determinada categoria ideológica, premissa sine qua nom, para que as manifestações culturais fossem respeitadas no passado.
E a novas tecnologias? Ipod’s, celulares, redes, e’books, cibercultura, softwares, hardwares e tantos outros termos linguísticos inseridos em nosso contexto. Proibir a evolução, forçar o jovem a adequar-se ao que pensamos seria correto? Ou rasgar o “burocrata planejamento” didático já amarelado e ultrapassado, visto utilizar-se de uma nova forma produzida em meados do século passado.
A juventude vê a proposta de diálogo atual como uma conversa (sermão) entre pai e filho, enfadonha e tediosa. Como podemos apontar o caminho se, sequer professores aceitam a introdução da cibertecnologia na escola?
Por fim, os projetos de vida, escola e trabalho. Devemos considerar a possibilidade do aluno não querer traçar um planejamento para o futuro, na medida em que seu foco de atenção e prospecção é relativamente curto, apoiado em interesses e desejos imediatos. Em longo prazo, visto o futuro ser incerto, porém, o aluno deve aprender a planejar o seu dia, seu momento de lazer, seu estudo, entre tantas outras atividades, conscientizando-o que a organização é o caminho e que este se torna mais fácil.
E o que faz sentido?
Talvez esse seja o questionamento a se fazer. É com esse pressuposto que teremos um ponto a iniciar essa caminhada, num processo indutivo, partindo de seu contexto para assim inseri-lo em novos rumos, apontando-lhes novos horizontes e não mais esse processo dedutivo que o leva a desinteressar-se do caminho por nós apontado.