O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO

Cascavel, 12 de Agosto de 2014.

 NEIRE MARIA MARCANTE  -  Colégio Estadual Olivo Fracaro

Caderno 2 - "O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO"

Como citado no Fórum, as características e peculiaridades de nossos alunos é um tema que constantemente tem sido pauta de discussões e debates dentro da escola. Há muito que se vem discutido a necessidade de percebermos e levarmos em consideração as diferenças humanas e de que forma essas diferenças interferem no ensino-aprendizado dos alunos, pois muitas vezes precisamos descobrir e utilizar novos formas ou métodos de ensino para que a aquisição dos conteúdos de fato ocorra, porém, no cenário atual de turmas superlotadas, sobrecarga de professores e funcionários e ferramentas precárias e ultrapassadas na escola pública, torna-se quase impossível atender de forma adequada as individualidades de nossos jovens, ou seja, reconhecemos a necessidade de trabalharmos com a diversidade dentro da escola e estamos arduamente batalhando para que essa diversidade seja reconhecida como parte integrante da formação humana, porém não conseguimos ainda atender de forma digna as características individuais de nossos alunos.

Especificamente em nossa escola, procuramos levar em consideração que nossos alunos são, em sua maioria, provenientes de famílias carentes e que, portanto, são alunos trabalhadores, que colaboram na manutenção familiar e veem no ensino noturno a única forma de concluir o Ensino Médio. Boa parcela desses alunos pretendem ingressar uma faculdade, porém, devido ao cansaço de uma jornada de trabalho desgastante, chegam à escola desmotivados, tornando a aquisição e retenção dos conteúdos um grande desafio para uma mente já exausta. Assim, buscamos promover discussões em que eles possam participar durante a apresentação dos conteúdos para que o aluno não fique somente absorvendo o que está sendo trabalhado, mas participe com suas experiências, tornando a aula mais atrativa e dinâmica, como forma de mantê-los conectados.

A escola reconhece a diversidade e o protagonismo de seus alunos na medida em que busca constantemente reformular seus conceitos e métodos de ensino. Tanto nas reuniões pedagógicas quanto nos cursos de capacitação procuramos discutir e buscar em conjunto formas de colocar o interesse de nossos alunos acima de conteúdos pré-definidos e muitas vezes desvinculados de suas realidades, afinal, é para eles e por eles que a escola existe e se o aluno não está conseguindo ver sentido em sua permanência dentro das salas de aula é porque algo não está dando certo, é isso que nos angustia e para isso que buscamos respostas e possibilidades de mudanças.

Nossa escola adota, de forma geral, mas principalmente no período noturno, uma aproximação muito grande com os alunos e seus familiares, de forma que eles sempre se sintam acolhidos e incentivados a procurar a equipe pedagógica ou mesmo seus docentes para conversar sobre problemas e dúvidas que os afligem. É muito comum ouvir os alunos dizerem que mesmo não gostando de estudar, não abandonam a escola por gostarem de estar no colégio, que se sentem bem no espaço escolar e que veem na equipe um porto seguro. Porém, não há dúvidas de precisamos avançar e ir além do aspecto emocional, precisamos garantir a qualidade do ensino, precisamos unir ao vínculo afetivo a motivação para a aquisição do conhecimento científico e histórico, em que todos os aspectos ou pelo menos grande parte da formação humana seja garantida e esse, sem dúvida, é ainda o nosso grande desafio.