O ensino médio no Brasil

Até a década de 60, o ensino médio se subdividia em curso normal, curso científico e curso clássico. Nesse período o nome foi mudado para colegial, em que se estudavam os três primeiros anos e quem quisesse fazer o antigo Normal e o Clássico deveria cursar mais um ano. Poucas pessoas tinham acesso ao estudo. Os filhos da classe trabalhadora tinham sua educação voltada para o trabalho e os filhos da classe elitizada tinha então o privilégio de ter uma formação mais geral. Também era mínima a presença de mulheres nas instituições de ensino nessa época, o que privilegiava o conhecimento masculino, enquanto as mulheres eram educadas para serem do lar.
Desde a década de 90, o ensino médio (que durante muito tempo foi também chamado de segundo grau) passou a ter a finalidade de aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, tornando-se a última fase que o educando precisa cumprir obrigatoriamente após o ensino fundamental. É nessa fase que o jovem sai com formação para posteriormente ingressar no mercado de trabalho e estar apto para demais etapas de sua vida.
Para ingressar no ensino médio, o aluno obrigatoriamente precisa ter concluído o ensino fundamental e passará por três anos de estudo nessa nova fase. As Leis de Diretrizes e Bases (LDB) foram criadas no ano de 1996 com o intuito de regulamentar especificamente o que compõem o currículo obrigatório desse estudo. Uma das novas conquistas que passaram a enriquecer a grade de estudos do ensino médio foi a volta das disciplinas de filosofia e sociologia, proibidas de serem ministradas durante o período da ditadura militar, pelo motivo de que não se aceitava o pensamento livre e a ideia de contrariedade ao pensamento imposto pelo governo  naquele momento da história.
Atualmente é possível se formar tecnicamente um aluno ao mesmo tempo em que ele cursa as disciplinas do ensino médio, por meio de cursos técnicos específicos de cada área, que chamamos de integrados, e tem uma duração por volta de quatro anos. Abriu-se a modalidade chamada concomitante, que pode ser ou não na mesma instituição que o jovem frequenta as aulas regulares do ensino médio, ou ainda, caso seja da vontade do jovem, ele pode cursar o ensino médio normalmente e posterior aos três anos, fazer o curso técnico, que em média acrescentará mais dois anos aos estudos e chamamos essa modalidade de subsequente.
Os maiores desafios atualmente com relação ao ensino médio podem ser lembrados pelo grande número na evasão escolar, já que os jovens precisam muitas vezes ir para o mercado de trabalho precocemente, o baixo investimento na estrutura das escolas, em material didático adequado e de qualidade para uma educação eficaz e na falta de remuneração justa para os docentes, que muitas vezes precisam se sobrecarregar com muitas aulas e trabalhar em várias instituições simultaneamente, o que deixa o profissional numa rotina exaustiva e quase sempre com pouco tempo para o preparo de suas aulas e investir em novas capacitações necessárias para o seu gabarito, o excessivo número de alunos por turma, dificultando a aprendizagem e tornando o ambiente impróprio para a concentração e entendimento dos conteúdos mínimos necessários, a falta de investimento em recursos tecnológicos para o desenvolvimento de estudos e de pesquisas, tanto para os alunos como para as instituições e para os professores, a falta de capacitação para o uso de novas tecnologias, a falta de concursos e contratações para profissionais da área da educação, o que deixa muitas vezes várias turmas sem serem atendidas adequadamente e a chagada do jovem no ensino médio sem estar de fato preparados para essa etapa de estudos, tendo muitas vezes uma base insuficiente de entendimento das disciplinas, ocasionando a falta de compreensão, a impossibilidade de acompanhar as explicações e por fim causando um grande número de reprovações.
É preciso mudar as políticas públicas no sentido de olhar com mais seriedade para a educação, fortalecer as bases, valorizar mais o ensino médio, investir verdadeiramente na qualidade tanto das instituições de ensino como na valorização e capacitação dos profissionais que ali estão, destinas mais recursos para a qualidade do material a ser trabalhado e fazer campanhas estimulando os pais e a comunidade a estarem mais presentes junto das escolas e dos alunos para poder ter um reflexo positivo e uma melhoria significativa, como se espera dos jovens que se formarão para adentrar ao mercado de trabalho.

 

Professora Juliana Góbbi.

Filosofia.

Colégio Estadual Professor Victório E. Abrozino

Cascavel/PR