O ENSINO MÉDIO INOVADOR

A questão do acesso e permanência da juventude na escola representa um desafio para todo o corpo docente. O frequentar a escola tem sido visto por grande parte dos jovens como uma obrigação, algo que lhes é imposto. Eles vivem marginalizados na sociedade brasileira. Um exemplo disso é a música. “Seria eu um intelectual/Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal/Muitos me chamam pivete/Mas poucos me deram um apoio moral/Se eu pudesse eu não seria um problema social/Se eu pudesse  eu não seria um problema social”. (  Música Problema Social – intérprete: Seu Jorge – Compositores: Fernandinho e Guará . Ano de divulgação – 2005).  Esta fase da vida é cheia de instabilidades, descobertas e problemas sociais, gerando conflitos de gerações. É necessária a tolerância com a diversidade cultural, diversidade de gênero, diversidade social e até as territoriais para compreender a juventude nas suas potencialidades e possibilidades e não apenas pelos seus problemas.
Quando se trata de jovens, eles aparecem como uma categoria socialmente destacada. É necessário que se conheça e se redefina os jovens estudantes reais e corpóreos que habitam a escola.
Atualmente eles possuem  um campo maior de autonomia para construir seus próprios acervos e identidades culturais. A identidade será tanto mais consciente quanto mais conseguirem realizar negociações entre as partes que a fazem existir e que selecionam as diferenças com as quais querem ser conhecidos socialmente. É preciso que os professores contribuam para que eles façam suas escolhas e constituam seus valores e conhecimentos, conscientemente, sobrepondo-se às barreiras que lhe sobrevirão, tais como a desigualdade social e a problemática fragilidade das instituições. Embora os professores detenham vasto conhecimento adquirido ano a ano, poderão se deparar com as ideias trazidas pelos jovens que frequentam as salas de aula que podem diferir das concepções que até então tivemos. É preciso que procuremos compreendê-los e aceitemos as inovações para que a nossa relação educativa com eles seja possível, harmoniosa. Esses jovens são indivíduos que têm  identidade, valores, conhecimentos e sentem necessidade de expressá-los. O trabalho pedagógico deve dar abertura a eles, observando o grupo a que pertencem, suas culturas artísticas e culturais.
Um fato inovador que faz parte do dia a dia escolar é a presença da  internet. A classe mais pobre não consegue, porém, ter tanto acesso à tecnologia como as classes mais favorecidas. Esse é mais um dos fatores de desigualdade social e econômica da população. O uso do celular tornou-se imprescindível para a maioria dos jovens, não vivem mais sem ele. Essa é a época da tecnologia digital e influencia as ações de quase toda a população. Há professores que têm menos intimidade com a tecnologia e a considera como causa do mau êxito dos alunos ao escrever, visto que não leem mais os livros, pois só vivem frente ao computador.
Segundo grande parte dos jovens da Escola Vidal Vanhoni, porém, o uso da internet e dos games lhes permitem a experimentação de papéis sociais, ampliam seu leque de relações interpessoais e o seu contato com as informações. Eles concluíram que as tecnologias lhes fornecem elementos para formação de sua identidade. O volume progressivo das informações geradas por essas tecnologias, segundo eles, traz mais facilidade no seu processo de aquisição de conhecimentos.
Cabe a nós, professores, conscientizarmo-nos que, se bem usada, ela pode se tornar nossa aliada. Ainda que esses recursos sejam novos, é preciso conhecê-los para que possamos ajudar os alunos no processo de aprendizagem e representa um meio de nos aproximarmos deles, visto que assistem às aulas desmotivados, muitas vezes.
A juventude caracteriza uma fase da vida cheia de questionamentos, de conflitos interiores, e muitas vezes o jovem questiona a ordem social, infringindo regras e convenções que levam a sociedade a condená-lo, precipitadamente. Historicamente a juventude sempre foi apontada como a vilã da sociedade. “Essa juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura.” (Hesíodo, aprox. 720 a.C). É claro que uma sociedade que não aceita o jovem não é aceita por ele. No entanto, nessa fase da vida, que é bastante intensa, dentro de todo esse embate, também pensa e  planeja seu futuro. Não de forma linear, metódica e bem delineada, mas do seu jeito jovem de ser. Ele busca sempre realizações que o farão alguém na vida. “Acredito nos jovens à procura de caminhos novos abrindo espaços largos na vida.” (Cora Coralina)
Cabe à escola descobrir, estimular e desenvolver no aluno sua aptidões, suas potencialidades, através de projetos escolares e ações formadoras que estimulem o aluno a falar de si  e de seus projetos. Afinal, o jovem não é um desordeiro, como se pensava. Ele apenas é, muitas vezes, incompreendido pela sociedade. Tais projetos são elaborados a partir de experiências pessoais, de seu autoconhecimento, do conhecimento de suas potencialidades, e também do conhecimento da realidade em que está inserido.
Outra questão que gera conflito é a relação dos jovens com o mundo do trabalho. Muitas vezes eles não vivem a sua juventude por completo, pois  estão muito preocupados com sua sobrevivência e, por vezes, a escola e o trabalho caminham lado a lado. Muitos, desde cedo, já estão desempenhando atividades informais, para ajudar a família. Por outro lado, para outros jovens, esse mundo do trabalho, não demonstra uma necessidade financeira, mas uma conquista da autonomia. A escola deve identificar essas relações, abrir discussões sobre esses caminhos,  e refletir sobre seu papel diante do jovem e do mundo do trabalho.
A escola é um dos lugares mais conflitantes que o jovem frequenta. Nesse espaço várias “tribos” se encontram, cada qual com as características do lugar onde vive, convivendo num território que deve ser ocupado por todos. O papel da escola é fazer desse território um local para se aprender a respeitar as diferenças e valorizar a cultura de cada um, apresentando um caminho de referências positivas e éticas. É fundamental fazer com o jovem participe de decisões importantes no ambiente escolar. Ele deve ser o protagonista na sociedade no seu processo de formação teórica para a vida cidadã. O educando deve receber ensinamentos sobre valores, conteúdos cívicos e históricos de democracia, além de oportunidades para a experimentação do seu exercício de participação democrática em vários espaços. Esse aprendizado de participação só se realiza através da prática. A escola deve se empenhar em oferecê-la, a fim de desenvolver nos alunos uma consciência crítica acerca de sua realidade. Esta medida lhe permitirá reconhecer em si um potencial transformador que lhe possibilitará uma participação mais consciente em seus ambientes de convívio, não só em sala de aula, mas também em todos os projetos culturais da escola.
O jovem precisa  ser ouvido  e cabe à escola desenvolver formas democráticas para que ocorra  a comunicação. A escola de hoje, tal como está organizada, dificulta a adaptação dos jovens e se torna excludente , conduzindo-os à desistência. A inserção dos jovens em diversos grupos sociais, família, grupo de amigos, igreja, meios de comunicação em massa, mídia, entre outros, contribuirão para formação de sua identidade. O adolescente quando investido de maior autonomia, vislumbrará maiores possibilidades de participação na escola, visto que o currículo escolar está distante do seu cotidiano, de sua vida prática, ou seja, não se atribui sentido à escola. O modelo de escola atual não se adapta às suas reais necessidades, pois ele está cada vez mais informado, atualizado. Cada jovem é um sujeito de direito, com uma dimensão ativa, inalienável. É o construtor e detentor de saberes que lhe são próprios e lhe permite a construção de ações mais conscientes em suas esferas de convívio. Cabe a nós, professores, oferecermos a ele uma maior gama de possibilidades que contribuam no seu processo de aprendizagem.

Orientadora de Estudos

Carla Renata Telles de Abreu

Cursistas:

Gracília Maria Ramos Marques

Luciana Lopes de Farias Xavier

Adriane de Oliveira

Débora Peniche Taira

Circe Carneiro Leão

Luciane Mafra

Ariosvaldina Telles

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Formação de Professores do Ensino Médio- Ensino Médio e Formação Humana Integral- Versão Preliminar- Etapa I- Caderno I – Setor de Educação da UFPR (2013) . Curitiba
Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino  Médio- Ministério da Educação- Conselho Nacional da Educação- Aprovado em 04/05/2011
http://www.forumseculo21.com.br – Acessado às 13:18h
ABADE, Miguel – Possibilidades e Limites de participação juvenil para o impacto na agenda pública. Recife: Projetos Redes da Juventude.