O ALUNO TRABALHADOR: UM DESAFIO Á EJA

Atualmente leciono apenas em CEEBJAS, especificamente, em Apeds, que é uma modalidade dentro da educação de jovens e adultos, com aulas ofertadas em bairros mais distantes do centro, nas escolas municipais e no período noturno. Nestas escolas o perfil de nossos alunos, varia com relação à idade, e ao gênero, mas é uniforme com relação à condição social. São alunos oriundos das classes mais baixas, que não tiveram a oportunidade de cursar o ensino médio na idade correta (no caso dos adultos) ou se evadiram da escola (no caso dos jovens). A maioria dos nossos alunos tem faixa etária entre 25 e 40 anos, embora haja casos extremos como alunos de 18 e de 70 anos. A relação entre gêneros é equilibrada. Estes alunos são também trabalhadores. Num levantamento recente feito para fins de abertura de turmas, foi apontado que 76% dos alunos trabalhavam, nos diversos períodos. Isso mostra a importância de um ensino voltado para este grupo com horários mais flexíveis, sendo a modalidade EJA individual a mais indicada nestes casos. Muito destes alunos são os mantenedores de suas famílias, tanto homens como mulheres, mãe solteiras, em muito dos casos. Neste sentido um dos desafios atuais do Ensino de EJA, não é apenas a oferta de matrículas e vagas, mas a manutenção destes alunos nas salas de aulas. Muitos enfrentam dificuldades simples, mas que impedem a continuação dos estudos, como mudança do turno de trabalho, falta de quem cuide dos filhos, no caso das alunas mães. Isso mostra que outras as ações precisam ainda ser feita para uma melhor possibilidade de acesso ao Ensino médio, principalmente, para este grupo de alunos e alunos. Ou seja, em no caso de EJA a questão do trabalho concorrendo com a escola é ainda maior do que no ensino regular. Lembrando que muitos desses alunos já deixaram a escola regular para trabalhar.

Obs: Este texto foi escrito a partir da proposta do Reflexão e Ação(p.31) do Caderno 1 do Pacto para o fortalecimento do Ensino Médio.

Cleia da Rocha Sumiya.