O número de alunos do ensino médio, etapa que vive a principal crise na educação brasileira, caiu 0,7% entre 2012 e 2013, revelam dados do Censo da Educação Básica 2013 divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Educação (MEC). Segundo a pesquisa, havia no país 8.312.815 alunos no ano passado, 64 mil a menos do que em 2012.
Considerando o total de matrículas no ensino básico, que abrange das creches à educação de jovens e adultos, o conjunto de estudantes brasileiros diminuiu de 50,5 milhões para 50 milhões. No geral, o MEC considera a queda positiva, já que ela é puxada pelo ensino fundamental, devido à redução das taxas de repetência. Na medida em que mais crianças passam de ano e avançam de série, cresce o número de concluintes e diminui o universo de estudantes. Outro fator que contribui para a diminuição de matrículas no fundamental é a redução do número de crianças que nascem a cada ano no país.
O raciocínio não vale, no entanto, para o ensino médio. Isso porque na faixa etária do ensino fundamental, dos 6 aos 14 anos, 98% dos brasileiros já estão na escola. Ou seja, quase todas as crianças já estão estudando. Na faixa de 15 a 17 anos, porém, que corresponde à idade adequada para o ensino médio, cerca de 15% dos brasileiros estão fora da escola. Sem falar que grande parte está matriculada, mas em séries atrasadas.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), José Francisco Soares, disse que o problema do ensino médio é histórico e que a taxa média de aprovação no 1.º ano gira em torno de 70%. O ministro da Educação, José Henrique Paim, admitiu que é preciso melhorar o ensino médio:
- Temos um grande desafio pela frente. Lançamos o pacto pelo ensino médio recentemente. Queremos avançar mais – disse Paim.
O censo mostra que, nas quatro séries dos anos finais do ensino fundamental, havia no país 13,3 milhões de estudantes, ante 8,3 milhões no ensino médio, que é formado por apenas três séries. Embora não seja possível comparar o total de alunos de quatro séries com o de três, a diferença de 5 milhões de alunos a menos no ensino médio, em relação aos anos finais do fundamental, dá uma ideia de que um vasto número de alunos ficou pelo caminho.
Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, a queda nas matrículas do ensino médio evidenciam a necessidade de reforma do setor. Ele lembra que muitos jovens de 15 a 17 anos - idade adequada para o ensino - ainda estão no ensino fundamental por repetência. E quando eles finalmente conseguem avançar, grande parte acaba desistindo dos estudos ao se deparar com um currículo desatualizado, optando por chances no mercado de trabalho formal e até informal.
Ainda segundo João Batista, outros estudantes com idade mais avançada também acabam migrando do ensino médio para a Educação de Jovens e Adultos (EJA):
- Como o ensino médio está descolado de toda a realidade, as pessoas são realistas e pulam fora. O problema é que não se está reduzindo o número de vagas. Está se reduzindo o interesse do aluno. O governo é incapaz de entender que é preciso reformar o ensino médio, diversificar. E o povo também tem parte de culpa porque só pensa no vestibular.
O que você pensa sobre isso? Já refletiu sobre essa realidade do ensino médio? Como você vê essa etapa da educação básica? Como você vê o ensino médio na sua escola?
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