NRE Cascavel - CEEBJA - Professora Neuza Cantarelli - Caderno 7 - Wiki
SUJEITOS
A maioria dos professores deste grupo de estudos atua em um centro de Educação para Jovens e Adultos (EJA), onde se procura valorizar os conhecimentos prévios dos alunos, suas experiências de vida, seu cotidiano, seu trabalho, suas limitações e potencialidades. As turmas são heterogêneas, formadas por alunos de diferentes idades, cultura, nível econômico e social.
Essa diversidade contribui para o desenvolvimento dos conteúdos pedagógicos e também promove a interação, pois a escola propicia oportunidades para que os sujeitos se expressem e participem, expondo a sua experiência e colaborando para que seus conhecimentos promovam experiências educativas, conforme preconizam as Diretrizes para a Educação de Jovens e Adultos. Reconhece-se as diversas características e diversidades, respeita-se a sua singularidade e promove a inclusão.
Muitas ações são realizadas a fim de promover a formação integral de nossos alunos, porém precisamos aprimorar e ampliar alguns projetos para que envolva um maior número de estudantes e professores promovendo atividades pedagógicas integradas ao caráter formativo em termos de cultura, trabalho, ciência e tecnologia.
Projetos como os desenvolvidos pelos professores PDE Estanislau Lacowicz de História e Professor George Bednarczuk de Geografia, consideram os sujeitos da EJA propondo ações que visam resgatar a história dos afrodescendentes no Brasil, buscando reduzir o preconceito velado pelos quais estes passaram e passam. Atividades como o trabalho desenvolvido pelo professor Pedro Pereira da disciplina de Matemática, que promove o estudo dos grandes líderes na luta pela igualdade racial como Martin Luther King, Nelson Mandela, Zumbi dos Palmares podem ser integrado e ampliado numa perspectiva interdisciplinar na valorização da cultura afro, a qual faz parte da formação da cultura, da identidade nacional e de nossa região.
Ações que busquem recuperar a memória/trajetória social e cultural dos alunos da EJA, promovendo a inclusão desses sujeitos no contexto social, tomando como ponto de partida depoimentos de sujeitos que passaram por esta modalidade como os do índio Rodrigo Tupã, estudante de medicina da UNIOESTE e outros estudantes que passaram pela EJA e que transformaram a sua história de vida a partir da educação formal recebida.
GESTÃO ESCOLAR
Considerando as intenções da escola em relação à sociedade que se pretende construir, há que envolver todos os membros de cada segmento da escola nas decisões e na implementação das ações de forma que a coletividade decida seus rumos tanto intra quanto extra-escolar, ou seja, na sociedade como um todo.
De modo que o processo democrático seja uma construção permanente, um fazer e refazer contínuo. No entanto, não há uma formula elaborada e acabada. Isto é, deve haver uma busca constante, com diálogos permanentes, sendo que os embates, as discussões e as deliberações sejam realizadas com respeito e sem animosidades/ressentimentos.
A organização da gestão escolar democrática é fator determinante para a qualidade social da educação e a escola é o espaço privilegiado para a construção de saberes essenciais, que habilitem o indivíduo a ter uma vida em sociedade digna.O conflito de ideias é primordial para a construção da democracia.
Portanto, para que as decisões da gestão democrática surtam efeitos positivos, é importante e necessário o envolvimento de todos, pois as decisões deverão ser absorvidas e desenvolvidas pela comunidade escolar.
Apesar de todas as dificuldades que enfrentamos para nos reunirmos, para envolvermos toda a comunidade escolar, para debatermos as muitíssimas ideias, considerando-se os diferentes tempos de cada um: estudantes, professores e demais funcionários dos diversos períodos, trabalhadores em diferentes locais a escola é um espaço de construção dos saberes, inclusive do saber organizar-se, de promoção do exercício democrático a fim de que, na sociedade como um todo, os sujeitos interfiram, participem dos rumos, das decisões e ações daquilo que se concluiu como essencial, prioritário para o bom desenvolvimento educacional e da sociedade onde estão inseridos.
Como sabemos, a democracia é exercida através da construção de ideias em prol do povo e pelo povo. É necessário que todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem saibam da importância da participação de cada um em todos os aspectos da gestão democrática, bem como dos seus direitos e deveres sociais, na mesma.
A função democrática da escola vem contemplar e garantir a organização e o desenvolvimento da instituição educacional no processo do planejamento e das ações que necessitam para se obter uma organização do trabalho, que se promova uma cultura democrática e participativa, envolvendo toda a comunidade escolar para agregar compromissos e responsabilidades na execução de metas e objetivos definidos.
Conforme trabalho apresentado pelo professor/PDE José Armando Peletti,
A parcialidade, o trabalho isolado de cada professor, de cada disciplina, de cada membro dos segmentos da escola precisa ser superado, permitindo que o coletivo, a totalidade, o conjunto se sobrepunha, com projeto de construção de uma escola que proporcione a formação de sujeitos preocupados não com o individualismo que o sistema consumista da sociedade impõe, mas com uma visão de sujeitos participativos, cooperativos, compreendendo-se a sociedade como um organismo vivo em que todo ele sente tendo um de seus membros
doentes. (Artigo PDE 2013/2014).
CURRÍCULO PARA ENSINO MÉDIO
A apresentação deste tema parece-nos uma valiosa oportunidade para algumas considerações sobre a construção de um Currículo para o Ensino Médio. Consideramos como pressuposto de que as ideias nascem como expressão da emergência de políticas educacionais voltadas para formação mais ampla e aprofundada junto aos jovens, sobre a organização social e econômica em que estamos inseridos. Para Paulo Freire, é importante a democratização da cultura, pois a educação é entendida como prática da liberdade.
A fragmentação e classificação das disciplinas enfraquece a educação, pois há uma tendência de colocarmos cada uma em um degrau, ou seja, onde uma disciplina está acima considerada como mais importante que a outra e nunca juntas; mesmo sabendo que nenhuma sobrevive sozinha. O papel do educador, discutindo o currículo formal e oculto é geral e diversificado, agregando conceitos e ideias, os quais não podem ser descartados.
É de fundamental importância e necessário, considerar a realidade do educando e o contexto em que a escola está inserida, no conteúdo diário, há uma grande diferença entre a teoria e a prática, pois as aulas são planejadas, porém a prática pedagógica exige metodologias adequadas à realidade prevista.
O jovem deve ser visto como sendo, o homem no mundo e com o mundo, a natureza e a cultura. O conjunto significa colocá-lo como ser de relações sociais e de forma ativa e produtiva. O trabalho faz parte da vida e está sendo colocado fora do alcance dos que precisam dele para o desenvolvimento humano.
Temos jovens que querem trabalhar e não conseguem devido à idade, falta de oportunidades e até mesmo devido à falta de experiência. Observando que, conforme Mézzaros, a educação deve ter o objetivo de emancipação humana e não como formação de mão de obra para atender demanda do mercado de trabalho e relações de produção do sistema capitalista. O trabalho entendido como o princípio da formação humana.
Será necessário que façamos um trabalho interdisciplinar, envolvendo o maior número de áreas possíveis, dessa forma montando um diálogo intenso entre as participantes, para que cada uma possa enriquecer ainda mais. Quando os envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem estiverem juntos, explorando conteúdos de várias disciplinas para a resolução do problema, em prol do conhecimento, aí sim atingiremos o sucesso desejado, pois nenhuma disciplina é autossuficiente.
A transposição teórica referente ao exposto, diz respeito a considerações no tocante a fase histórico cultural, tais como: existe a sugestão para que utilize um tema, como por exemplo: “Culturas Indígenas”, e que esse tema seja trabalhado no conjunto de todas as disciplinas/conteúdos, porém, corre-se o risco de tornar o assunto repetitivo e cansativo. Tal objetivo é necessário planejamento baseado na interdisciplinaridade. Se for bem planejado e discutido, existe a possibilidade de trabalhar um tema em diversas disciplinas, ser bem aproveitado e não esgotar suas possibilidades de assimilação de determinado conteúdo de forma diversificada.
ÁREAS
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, as diferentes áreas do conhecimento, na educação, são exercidas em forma de disciplinas. "As áreas indicadas são: Linguagens, códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza; Matemática e suas tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias" (DIRETRIZES, 2013, p. 29).
As disciplinas tem a função de transmitir o conhecimento científico atuando dentro dos conteúdos estruturantes e específicos. No entanto, devem andar juntas, em parcerias, de forma que o conteúdo seja trabalhado de maneira contextualizada, quebrando a imagem da fragmentação entre as disciplinas.
"A interdisciplinaridade e a contextualização devem assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes disciplinas e eixos temáticos, perpassando todo o currículo e propiciando a interlocução entre os saberes e os diferentes campos do conhecimento" (DIRETRIZES, 2013, p. 52). Assim, o professor deve saber lidar com os elementos das outras disciplinas fazendo uma junção, uma interação, sendo elemento fundamental na construção do conhecimento.
Ivani Fazenda relata que o nível de estudo é dividido em disciplinas dando um enfoque de fragmentação, ou seja, português é português, tendo o professor uma cultura disciplinar, mas nem o próprio ENEM é fragmentado. Portanto, os conteúdos devem ser administrado pelo professor relacionando-os, uns com os outros.
O mundo não esta dividido em Português, Geografia e História, e sim, uma disciplina interliga-se à outra. O aluno consegue ter uma visão mais ampla quando o conteúdo é trabalhado de uma forma contextualizada e interdisciplinar.
Uma forma que pode romper a fragmentação é trabalhar os conteúdos através de ações e projetos.
O CEEBJA de Cascavel-PR desenvolve as seguintes ações: - resgate histórico; - gestão democrática; - doação de sangue; - dengue; o consumismo através da propaganda- práticas pedagógicas da PEC/PIC; - democracia racial; - precarização do trabalho docente.
Para 2015 pretende-se executar as seguintes ações interdisciplinares: meio ambiente: gestão de resíduos e sustentabilidade; mostra de talentos com oratória, teatro, poesias, projetos de informática, que transitarão por todas as disciplinas, com assessoramento da equipe pedagógicas, consequentemente o envolvimento de toda a comunidade escolar do CEEBJA.
Assim, os professores poderão trabalhar os elementos das diversas disciplinas, promovendo a interação entre os saberes, visando a construção do conhecimento científico e técnico, favorecendo a aprendizagem.
AVALIAÇÃO
A Avaliação foi discutida durante todo o presente curso, com a presença de palestrantes entre os quais se destaca o Prof. João Zanardini, Professor da UNIOESTE, Campus Cascavel, e verificou-se que o assunto é muito relevante para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem na escola.
A avaliação acontece em todo momento. Ela faz parte do processo para que o ensino e a aprendizagem sejam aprimorados. Por isso, estudiosos a denominam de instrumento diagnóstico. Uma vez realizada o docente tem condições de perceber se os estudantes estão se apropriado dos saberes construídos historicamente pelos homens. De posse dos dados, terá condições de utilizar métodos e aportes pedagógicos para que a melhor educação ocorra. Em suma, a finalidade precípua da avaliação não é reprovar o estudante e sim garantir que a socialização do conhecimento aconteça e daí a importância e preparação dos profissionais da educação.
A responsabilidade dos educadores com a aprendizagem dos estudantes é destacada por Perrenoud (2003), quando afirma que nem o sucesso nem o fracasso dos estudantes sinalizam suas características intrínsecas. Esses resultados indicam, sim, um julgamento feito por representantes do sistema educacional sobre o desempenho desses estudantes em relação às normas de excelência escolar estabelecidas e o empenho dos responsáveis pela educação escolar. Pelos sistemas de ensino reflete, sem dúvida nenhuma, o cuidado escolar com o desempenho de todos os responsáveis pelo processo pedagógico. Esse desempenho pode ser mais bem preparado e construído a partir de ações bem planejadas, estruturadas, avaliadas e com processos e resultados acompanhados pelo gestor(a) e pela equipe escolar. O gestor (a), e sua equipe escolar devem estar comprometidos com a aprendizagem dos estudantes e promover, mediante ações, a construção da memória da escola, a constante atualização da equipe escolar, a criação de um ambiente acolhedor e favorável à aprendizagem e ao convívio social de todos na escola sob sua responsabilidade.
A avaliação no CEEBJA, acontece paralela à aprendizagem pois a modalidade de ensino é por ciclo. O educando na sala de aula, é avaliado de várias formas e assim o mesmo tem possibilidades de demonstrar o conhecimento construído no decorrer das aulas com os conteúdos estruturantes.
O que poderia se fazer para melhorar o processo de avaliação do CEEBJA, seria implantar as metas abaixo:
- A avaliação não deve estar focada nas dificuldades e limites, e sim nas potencialidades e avanços alcançados.
- A avaliação não deve ser instrumento de controle, vigilância e punição. Ela deve ser diferenciada e continua, durante todo o processo de ensino aprendizagem, tendo como ponto de referência os objetivos de cada disciplina.
- A avaliação deve estar, devidamente estabelecida dentro do PPP da Escola e precisa ser flexível para que possa adaptar-se às exigências dos objetivos da aprendizagem que não foram alcançados.
- As avaliações mais frequentes dá-se por meio de debates, pesquisas, resoluções de exercícios, avaliações em grupos e individuais, com e sem pesquisa, com o intuito de fazer o educando perceber que ele próprio avançou em relação ao conteúdo administrado, e assim concretizando o saber científico.
As políticas educacionais brasileiras durante muito tempo excluíram muitas pessoas da educação escolar. Foi apenas quando houve uma democratização do acesso à escola, que existiu também uma percepção de que não bastava apenas alcançar esse acesso, mas era preciso também garantir a aprendizagem dos alunos. Enfim, é necessário avaliar as aprendizagens dos alunos, o processo de planejamento e os programas de ensinos estabelecidos pelo sistema.
As avaliações externas possuem como justificativas a necessidade de monitorar o funcionamento de redes de ensino, além de fornecer subsídios para seus gestores na formulação de políticas educacionais com dados melhor definidos em termos dos resultados, que decorrem das aprendizagens dos alunos.
Outrossim, os defensores das avaliações externas reconhecem que estas são alheias ao dia a dia da escola, pois mede o desempenho das escolas através de um processo operacionalizado por sujeitos alheios ao dia a dia escolar. Esta avaliação externa, ultrapassa o ambiente escolar, distanciando o avaliador (governo ) e o avaliado ( escola) para que dê uma referencia nacional de qualidade de ensino, desconsiderando vários detalhes de cada escola, já que aponta somente ocorre em determinado momento dentro das mesmas. Sugerimos que a avaliação externa seja composta com interna para balizar as políticas públicas bem como o fazer na prática do professor. A avaliação externa observa os resultados do que foi desenvolvido ou não, mas cabe a avaliação interna apurar as origens do resultado alcançados.
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