Marechal Cândido Rondon, Núcleo de Toledo, Colégio Paulo Freire. Ações Pacto

Propondo ações para as áreas do ensino médio
É evidente que o retrato que temos do Ensino Médio hoje não é bom; isso pode ser observado pelos baixos índices nas avaliações externas. Sabemos também que, nesse momento, é preciso dialogar, inovar, buscar soluções para que possamos melhorar o ensino público. Entretanto, não é simplesmente ouvir, mas também observar o que é coerente e viável para a concretização das mudanças. Nesse sentido, o nosso estudo, ou seja, o Pacto do Ensino Médio está oportunizando aos professores momentos de estudos e reflexões nos quais os desafios vivenciados cotidianamente no ambiente escolar sejam reconhecidos e também possíveis soluções sejam apontadas.
O desenvolvimento da ciência no século XX dependeu substancialmente de um fato: quanto mais a ciência se especializou e se diferenciou, maior o número de novos campos que ela descobriu e descreveu. Também tanto mais definida se tornou a unidade material interna a esses campos — uma unidade epistemológica que significa a definição clara de seu objeto de estudo e dos métodos para se abordá-lo. Por exemplo, a biologia se desenvolveu tendo a vida orgânica como objeto; a química, a constituição das matérias orgânica e inorgânica e suas transformações; a física, os fenômenos da natureza mais gerais e suas propriedades de movimento, de energia, etc.
Já o professor de, por exemplo, matemática traz ao aluno uma equação da circunferência e espera que o aluno associe isto a um futuro a alguma ação ou fato, que ora poderá ser usado ou não. E assim todas as Áreas do conhecimento fazem o mesmo, vejamos também, por exemplo, a Língua Portuguesa que trata a Gramática, não se importando com o habitat, com a cultura, com a história e com tudo que cerca o aluno, se ele traz ou não alguma bagagem para poder entender o que está acontecendo. Em suma, o aluno aprende a equação da circunferência e a gramática e tem como simples objetivo aprender para se “dar bem na prova”.
Seria talvez melhor se pensássemos as áreas do conhecimento como algo mais íntegro do indivíduo. Vejamos o caso das Ciências Humanas que tratam da vida social e psíquica do ser humano, em termos de acontecimentos, problemas, desafios, hábitos, normas, etc. enfrentados e construídos pela humanidade ao longo do tempo e em dados espaço.
Sendo assim, para que o ensino que está acontecendo no EM melhore, é necessário que os docentes sejam motivados e se sintam apoiados para transformar suas ideias em ações e mesclem as áreas de conhecimento, desenvolvendo assim a interdisciplinaridade em seus projetos, que o conhecimento esteja baseado em todas as matérias, conforme a necessidade do aluno. Para isso, toda a comunidade escolar precisa estar engajada, envolvida na busca de soluções para sanar as dificuldades proporcionando melhorias não só dentro da sala de aula, na aprendizagem, mas também na formação integral do aluno, no seu comportamento fora de sala de aula, quanto ao respeito à merenda que recebem diariamente, aos objetos, mobiliários e instrumentos tecnológicos pertencentes à escola; enfim, todos são responsáveis pela formação do cidadão e precisam estar juntos em prol de um mesmo objetivo: a melhoria da qualidade de ensino.
A educação para ser significativa e cumprir com sua função que é a formação de sujeitos capazes de exercer sua cidadania, cumprindo seus deveres e fazendo valer seus direitos, deve ser pautada não somente em conteúdos de distintas disciplinas, mas também considerar as potencialidades de cada aluno, buscando uma aproximação com esse sujeito, a fim de que, todo o processo de ensino/aprendizagem seja direcionado a atender ao máximo possível as necessidades desse aluno. Pensando dessa maneira, pode-se citar algumas ações, que se forem realizadas surtirão efeitos transformadores no processo ensino/aprendizagem, pois de nada adianta o discurso bonito por parte de professores e de setores envolvido com a educação, se essas ações não forem colocadas em prática. O primeiro passo para se pensar em fazer um processo educativo diferente, é colocar em prática aquilo que fica somente na teoria. Tanto educadores e educandos já estão fadados de tanto discurso pomposo de ideais e metas para com a educação, que não saem do papel. É necessário trilhar novos caminhos para que os resultados possam ser diferentes, pois não se encontra nada de novo em caminhos já trilhados.
Durante muitos anos a Educação Básica tirou do currículo o foco principal que é o conhecimento científico e passou a valorizar de forma demasiada o desenvolvimento de competências e habilidades, ou seja, “o aprender a aprender”, dando ênfase ao conhecimento do cotidiano do aluno. O conhecimento escolar necessita ultrapassar o conhecimento local. O currículo não pode de forma alguma tomar como base o cotidiano do aluno.
O ensino é ofertado de uma forma fragmenta e o grande desafio é fazer com que esses conhecimentos que fazem parte do currículo sejam relevantes no desenvolvimento cognitivo do aluno, bem como na sua formação ética, estética e política.
Os alunos que frequentam o Ensino Médio na EJA no Colégio Estadual Paulo Freire já trazem uma vivência de conhecimentos do cotidiano, são experiências de vida que o auxiliam na aquisição do conhecimento científico, mas muitas vezes este tem dificuldade de relacionar o conhecimento escolar com sua vivência. Este já é um fator que a diferencia de forma demasiada do ensino regular gerando assim a necessidade de um currículo que contemple essas especificidades. SUJEITOS: Nosso objetivo é formar sujeitos plenos e críticos. Algumas questões: nós (professores) o somos (plenos e críticos baseados em fatos concretos da história)? E a partir de nós mesmos, temos a contribuir para isso? Os demais da comunidade escolar também são? Certamente como profissionais não somos plenos e formados criticamente para dominar as várias outras questões que permeiam nossas disciplinas e que sejam capazes de contribuir com veemência nesse processo. Ação - formação real (se necessário remunerada, por área de interesse ou disciplina) de maneira que os profissionais saibam lidar com essas questões no dia a dia. As propostas do estado e aquilo que ele deseja com a educação estão muito aquém do que é possível realizar, a formação dos sujeitos envolvidos que estão destinados a formar cidadões é essencial, e a partir daí outras tantas ações são necessárias.
GESTÃO DEMOCRÁTICA: Nosso objetivo - envolvimento de toda a comunidade escolar e se possível em geral na gestão escolar. Com certeza, conforme se encontra nosso quadro de profissionais e as inúmeras tarefas e obrigações legais e burocráticas, é praticamente impossível haver uma gestão participativa no âmbito escolar. Sugiro no entanto que hajam publicações periódicas de assuntos correlacionados (como prestação de contas, atividades desenvolvidas, etc) em veículo amplamente divulgado e de fácil acesso, inclusive, se for o caso em forma de circular direta para os pais, de forma a esclarecer o cotidiano escolar e abrindo portas para um diálogo direto.
CURRÍCULOS: As ciências básicas continuam as mesmas e com as mesmas importâncias (claro que conforme o interesse do sistema político - econômico cada uma têm a carga horária e conteúdo direcionados para tal). Porém, é possível através do currículo haver inter-relação entre as disciplinas e estas com a realidade local, de maneira a buscar o interesse do aluno (educando) para fatos do seu cotidiano e ao mesmo tempo aprender o conteúdo e ser capaz de diagnosticar e resolver situações problemas. Ação proposta - ao menos uma experiência extra curricular no sentido inter-disciplinar focado em questões da atualidade e realidade regional
ÁREAS: Várias áreas compreendem a formação humana e contribuem no processo de aprendizagem. Ações - haver comunicação entre as diferentes áreas de forma a propor ao educando a entendimento da relação entre elas. Quando falamos de biologia, também falamos de química, de matemática, de física, de história, de geografia e línguas estrangeiras....
AVALIAÇÃO EXTERNA: por vezes o processo avaliativo nos coloca numa situação complicada e talvez pensamos que sejam negativas. Porém é fundamental que tenhamos parâmetros de nosso rendimento que a partir daí pensarmos em ações e metas, não apenas para que sejam superadas e sim para que tenhamos uma educação de melhor qualidade, pensando em buscar um país melhor. Ação - utilizar dados das avaliação para debates internos, inclusive em salas de aula, de forma a compreender e superar as possíveis limitações.
Assim sendo, cita-se abaixo algumas ações necessárias para que a educação atinja efetivamente os sujeitos para o qual ela é pensada:
• Desconstrução de antigos modelos de ensino/aprendizagem, que focam somente no conteúdo apresentado em livros didáticos. É importante que o educador selecione aqueles conteúdos que sejam realmente significativos para o educando, bem como, deve-se repensar na forma de repassar esses conteúdos, que na maioria das vezes se faz mecanicamente.
• Conhecer o aluno é um caminho muito importante para o desenvolvimento do processo educativo, muitas vezes esses sujeitos são visto por parte dos professores, escola e do próprio estado, como um número ou um índice que deve ser melhorado, não considerando a necessidade de conhecer a realidade desse aluno, saber o que ele pensa, em que meio social ele está inserido, o que ele pensa para o futuro, se trabalho ou somente estuda. Para esse fim a escola e os professores podem desenvolver dinâmicas com o aluno, ou mesmo, criar em sala de aula um ambiente que possibilite á cada aluno espontaneamente a falar sobre si e sobre o que pensa.
• Modificar metodologias já defasadas pelo tempo é necessário, mas para isso, é preciso que alguns professores já acomodados, saiam de sua zona de conforto e se desafiem a buscar e propor novos caminhos para a educação.
• Valorizar o professor é fundamental para que a educação flua de forma a produzir bons resultados. Não há como melhorar o processo educativo sem considerar aqueles que trabalham por ele. A muito tempo percebe-se uma cobrança muito grande sobre os Avaliação
• Realização de simulados impressos pelos professores,  por disciplina de cada coletivo para preparação do Provão, ENEM e vestibulares.
• Utilizar as avaliações externas da escola,  como base diagnóstica para verificação de quais eixos devem ser melhor trabalhados;
• Estabelecer anualmente um cronograma de reuniões ordinárias, bem como as reuniões previstas para ocorrerem trimestralmente;
• Reunião no início do ano letivo para orientar quanto a elaboração do PTD e do Registro do Diário de Classe, incluindo neles o Plano de Ação do Colégio e as Instruções, contemplando os projetos do PPP e respeitando a proposta de avaliação de cada modalidade ( EJA e Regular );
Professores. Deles são cobradas, novas metodologias, o alcance de índices, aperfeiçoamento profissional, no entanto, pouca atenção é dada a esses profissionais por parte dos governantes. Quando o educador é valorizado, ele tem estímulos para fazer ainda melhor aquilo que já é realizado tendo essa prioridade, embora com muitas precariedades.
• Maior autonomia para as escolas desenvolverem seus currículos dentro da proposta de gestão democrática.
• Inserir no currículo escolar disciplina que prepare o aluno para o mundo das tecnologias, tornando-o um internauta consciente e competente para o manuseio das mídias; para que essa ação se efetive será necessária uma reestruturação dos laboratórios de informática, uma vez que atualmente se encontram sucateados.
• Implantação de um benefício como forma de incentivo para alunos da EJA para que permaneçam na escola, evitando assim a evasão.
• Outro aspecto que dificulta a aquisição do conhecimento é a falta de uma metodologia e um material específico para a Educação de Jovens e Adultos, hoje eles usam o mesmo livro didático do Ensino Regular;
• Os professores que lecionam nesta modalidade de ensino recebem a mesma capacitação dos professores do ensino regular. Propomos que haja a valorização do professor de EJA e que este receba capacitações específicas para esta modalidade.