Limites, desafios e possibilidades para um ensino de qualidade e para todos.
COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO CARLOS GOMES.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO.
Orientadora: Ivete Eliana C. Carrasco Rodrigues
Participantes: Cleiton Fernandes Santos
Elenilce Sartori
Luana Dams
José Roberto Ferreira
Maria das Graças Ferreira Godoy
Martinho Lucas Godoy
Rosemare Aparecido Alves
Santina Elza Inácio
Soeli Berton Pantano
Sonia Regina Carrasco Oliveira
Valdenir Lisboa da Silva
1 – Quais desafios que permanecem para o ensino médio na realidade brasileira?
O histórico de exclusão que temos em relação aos alunos, principalmente, no ensino médio, é mero reflexo de uma sociedade que, muitas vezes, não faz a inclusão, e que a escola, mesmo com todas as dificuldades, tem se esforçado para garantir.
Dentro de um sistema capitalista e de uma sociedade com tanta disparidade entre classes, fica difícil competir com a necessidade de que nossos jovens têm de conciliar estudos com o trabalho. Sabemos que neste momento o ideal seria a dedicação exclusiva aos estudos, contudo não é o que ocorre com muitos dos alunos, que precisam trabalhar para complementar a renda familiar ou, ainda, assumir a responsabilidade de cuidar dos irmãos e da própria rotina doméstica. Devido ao trabalho, os pais permanecem fora de casa por um longo período de tempo. E esses fatores contribuem para elevados índices de evasão e abandono.
No entanto, o maior desafio a ser vencido é fazer com o jovem se perceba como protagonista de sua própria história, percebendo a educação como parte de um processo de transformação, que culminará com seu crescimento pessoal e melhoria de sua condição social.
Nesse contexto, cabe à escola criar estratégias para integrar a realidade vivida pelo aluno com um ensino de qualidade, garantindo seu pleno desenvolvimento para que seja um cidadão crítico e reflexivo, capaz de agir positivamente na sociedade e gerar transformação social.
Perfil social, cultural e econômico dos sujeitos matriculados no Ensino Médio em nossa escola.
Nossa escola tem se esforçado para entender a diversidade de ideologias e culturas trazidas pelos jovens em seu convívio social procurando interar-se de sua realidade e respeitá-las, porém nunca abandonando seu papel de agente de preparação, tanto para o mercado de trabalho, quanto para o relacionamento humano em sociedade.
Praticamente todas as ações da escola visam despertar no jovem a percepção de sua capacidade de transformação, dele como pessoa e do meio que ele está inserido. A educação como célula disseminadora do conhecimento tem papel fundamental de instigar o pensamento do jovem, suas concepções e sua busca de identidade. A Escola busca, também, auxiliá-lo a atuar na comunidade criticamente sempre mantendo suas tradições, porém nunca deixando de lado seu poder decisivo frente aos desafios encontrados ao longo de sua vida
A nossa escola, por ser a única do município, recebe alunos de todas as classes sociais, sendo a maioria oriunda da zona rural. Apesar da heterogeneidade no aspecto social e no trabalho coletivo tem se observado que os alunos de famílias não bem constituídas acabam melhorando seu rendimento devido ao convívio com os demais alunos. Sentimo-nos em vantagem pelo fato de nossa clientela ser heterogênea, pois essa diversidade nos faz ver os diferentes modos de aprender e a ensinar, mas percebe-se nitidamente entre os envolvidos, os que buscam na escola o conhecimento acadêmico, os que vêm com objetivo só de concluir o ensino médio e aqueles que veem o ensino como um caminho para o futuro. Alguns têm consciência que devem permanecer no município, fortalecendo a vida no campo, se aperfeiçoando na área, outros deixam o município por não conseguirem trabalho e não ter recursos financeiros para poder fazer um curso superior.
Temos também aqueles alunos que vem de famílias humildes e que devido a sua falta de cultura não existe o incentivo à continuidade dos seus estudos, concluindo apenas o ensino médio e alguns, nem isso.
A proposta de formação humana integral e de como chegar à universalização do ensino médio?
A leitura do Caderno I nos permite fazer uma retomada de toda a trajetória histórica ocorrida no Ensino Médio desde o Império, com os colégios criados com o propósito de formar as elites nacionais, os chamados liceus provinciais. Durante a República fica notadamente visível a separação entre o ensino popular e a educação das elites. Na década de 30 o ensino secundário passa por uma reforma (....), e assim o texto segue nos remetendo aos modelos usados e às transformações ocorridas de tempos em tempos, até nos dias atuais, em que também continuamos, e mais do que nunca, com todo o avanço ocorrido, estudando e buscando formas de propor um ensino de melhor qualidade para todo ser humano.
O maior desafio para o Ensino Médio é, para praticamente todas as escolas, atender a todos os que estão dentro da faixa etária, tanto aqueles que não estão matriculados ou frequentando ou mantê-los estudando até que concluam, diminuindo assim a taxa de abandonos ou mesmo as de reprovações.
Com esta porcentagem de baixa frequência de jovens matriculados no Ensino Médio, os resultados implicarão na vida social e econômica dos jovens e adultos, pois segundo os indicadores das pesquisas, nos revelam um aumento da proporção de jovens que trabalham e que não dão continuidade aos estudos - isso acontece em nossa realidade escolar também – sendo um dos fatores que mais contribuem para a evasão escolar.
Vivenciamos uma desigualdade muito grande quanto ao atendimento desses jovens em diferentes escolas, com suas concepções e práticas de formação humana tão distinta, sendo que todas teriam igualdade de direitos.
A Formação Integral do ser humano como está sendo colocada neste caderno implica no desenvolvimento de todas as potencialidades do jovem, levando-os à autonomia e atuação na sociedade. Todavia temos que levar em conta que, enquanto houver tamanha desigualdade socioeconômica e não levarmos em consideração que nesse momento o ideal seria a dedicação exclusiva aos estudos a situação não se modificará. Enquanto essa situação permanecer, muitos dos nossos alunos precisarão trabalhar para complementar a renda familiar e auto sustentar-se, ficando, muitas vezes, sem ânimo de continuar os estudos.
- Logue-se para poder enviar comentários