A juventude morretense e suas expectativas para o futuro - Rocha Pombo - Morretes
TÍTULO: A juventude morretense e sua expectativa para o futuro
Autores:
Ana Cristina Cassilha
Daiana Dal Negro
Darcicly de Souza Junqueira
Elsa Damas Ribeiro Martins
Jó Gonçalves
Leila Bonzatto
Luiza Maria Wicthoffet Machado
Stella Maris Fedalto
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo investigar as expectativas e preocupações de alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Rocha Pombo em relação a seus projetos de vida futura, à escolha profissional e à entrada no mundo do trabalho. Este estudo analisou, por meio de uma abordagem qualitativa, as respostas a um questionário aplicado a 284 estudantes do período diurno e 109 do período noturno. Observou-se que os questionados anseia do ensino médio: preparação uma para a vida adulta e para a universidade, aprendizagem mais prazerosa, ampliação do círculo social, apoio e acolhimento.
PALAVRAS CHAVES
Ensino médio – juventude – expectativas – jovens estudantes
Introdução
Temos hoje uma visão muito dura do jovem expressa pela sociedade. Esta, não raro, o vê de forma pessimista e sem expectativas para o futuro. Nesta visão, pode-se muitas vezes formar uma caráter deturpado do que se pensa sobre a juventude, transformando-a em uma “idade problemática”, por nãoter sido considerado que muitos dos problemas atribuídos ser desta juventude, não foram por ela produzidos.
Existem muitas literaturas onde a busca pela definição do que é ser jovem é exaustivamente escrita. No entanto, ainda não foi encontrado um consenso do que é ser jovem e de quando isto acontece. Dessa forma, neste, período o adolescente fica muitas vezes perdido durante essa transição, estando sujeito até mesmo a uma desvalorização dos seus sentimentos.
Diante deste contesto cabe-nos questionar se nós, professores, juntamente com a escola, somos parceiros e construtores de espaços que levem o adolescente a falar sobre si e seus projetos para a vida futuras não esta na hora de usar as forças da juventude rompendo desta forma o “rotulo de adolescência”? Como os adolescentes estão pensando e refletindo sobre o futuro? Quais seus medos e preocupações? Como têm se defrontado com o momento de escolha profissional? Como estão vivendo as transições em suas vidas?
DESENVOLVIMENTO
Este artigo se propõe a investigar e tentar a responder os questionamentos elencados, haja vista que estas angustias sobre o futuro, projetos de vida, “o que eu quero para mim” se encontram fortemente presentes no cotidiano de nossos jovens.
Sendo este período um momento de construção de suas identidades, a construção de um projeto de vida conscientes por parte dos adolescentes é extremamente necessária, pois suas escolhas terão reflexo na sua vida futura.
Para realização deste estudo optou-se pela aplicação de questionários individuais, escritos, anônimos onde o entrevistado assinalaria a alternativa mais adequada a sua pessoa.
MÉTODO
Participantes
Participaram da pesquisa 18 turmas de 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio, 1º, 3º e 4º ano de Formação de Docentes. Cada uma com aproximadamente 30 alunos com faixa etária entre 14 e 17 anos, do Colégio Estadual Rocha Pombo, da cidade de Morretes- PR, sendo uma escola que tem alunos de todas as classes sociais. Essa pesquisa iniciou-se com um questionário aplicado pelos professores que fazem o curso Formação de Professores do Ensino Médio – Pacto Nacional pelo Ensino Médio, que tinha como objetivo perceber como os adolescentes se sentem em relação a sua vida futura no momento da saída do ensino médio e de escolha profissional.
Procedimentos
Foram realizados encontros com os professores. No primeiro encontro teve uma coversa e elaboração de questões que pudessem ser úteis para conhecer o perfil socioeconômico e cultural dos alunos. O segundo encontro aconteceu para levantamento de dados coletados e elaboração dos gráficos de amostragem. No terceiro encontro, ficou decidido por uma coversa com questões abertas ao dialogo, voltadas ao jovem. A conversa centrou-se na visão dele sobre a escola e sua importância, se a escola esta aberta para as culturas juvenis, seu projeto de futuro, escolha profissional.
Instrumentos
Neste primeiro momento de estudo, foram analisadas as respostas do questionário aplicado pelos professores cursistas, os dados produzidos com cada turma, num total de 393 questionários, contendo as seguintes perguntas: 1)Qual o turno que você estuda? 2) Qual o seu sexo? 3) Qual a sua faixa etária? 4) Onde você mora? 5)Você trabalha? 6) Qual é o tipo de trabalho exercido por você? 7) Qual função você exerce no seu ambiente de trabalho? 8) Qual a razão pela qual você começou a trabalhar? 9)Qual a sua renda própria aproximada? 10) Qual a sua religião? 11) Qual é a série que você está cursando? 12) Você é repetente? 13) Qual o motivo da reprovação?14) Qual o meio de transporte que você utiliza para chegar até a escola? 15) Após o termino do Ensino Médio, o que você pretende fazer? 16) Você tem acesso à internet?.
Segundo momento as questões foram abertas e discutidas em mesa redonda, contendo as seguintes perguntas: 1)Para que serve a escola? 2) Será que o que se conversa pela internet tem “menos” valor ou importância do que aquilo que se diz presencialmente? 3) A escola esta aberta para o dialogo com as culturas juvenis que envolvem os jovens na escola? 4) Qual o seu projeto para o futuro? 5) Você, jovem é levado a sério?
Análise de dados
As respostas foram examinadas e organizadas em categorias. No estudo elaborado foram privilegiadas as questões relacionadas ao seu trabalho atual e expectativas profissionais futuras. O interesse é refletir sobre as questões que preocupam os adolescentes nesta fase. Ainda assim, calculou-se a porcentagem das respostas dos adolescentes, conforme descritas nas Tabelas 1, 2, 3. As perguntas um e dois foram categorizadas e discutidas em conjunto.
Tabela 1
Porcentagem referente às respostas dadas às perguntas 5 e 6 do 1º questionário
Diurno (entrevistadas 284) Noturno (entrevistados 109)
Trabalham 34,15% 67,8%
Não Trabalham 65,85% 32,2%
Trabalho formal 70% 38,5%
Trabalho informal 30% 61,5%
Tabela 2
Porcentagem referente à resposta dada a pergunta 7 do 1º questionário.
Função Diurno Noturno
Agricultura 14,43% 4,1%
Comercio 41,23% 33,8%
Restaurante 18,55% 25,7%
Construção civil 4,12% 5,4%
Outros 21,67% 30,6%
Tabela 3
Porcentagem referente à resposta dada a pergunta 8 do 1º questionário.
Motivo Diurno Noturno
Ajudar a família 29,89% 44,64%
Independência financeira 70,11% 55,36%
Tabela 4
Porcentagem referente à resposta dada a pergunta 10 do 1º questionário.
Renda Pessoal Diurno Noturno
Até um salário Mínimo 82,47% 56,7%
Mais de um salário Mínimo 17,53% 43,3%
Tabela 5
Porcentagem referente à resposta dada a pergunta 15 do 1º questionário.
Diurno (entrevistadas 284) Noturno (entrevistados 109)
Trabalhar 16,54% 55,1%
Faculdade 64,10% 31,2%
Outros 19,36% 13,7%
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a análise das respostas das questões que foram colocadas nas tabelas acima, se percebe uma grande diferença entre os alunos que frequentam o colégio no período diurno em relação ao noturno, pois na sua grande maioria os alunos do noturno já estão inseridos no mercado de trabalho e muitos estão fora da faixa etária com um, dois ou mais anos de repetência. E percebe que os adolescentes vão para o mercado de trabalho para ajudar a família, enquanto que os do diurno iniciam no mundo do trabalho neste momento buscando sua independência.
No segundo momento referente às perguntas por tratarem de questões abertas para a discussão os adolescentes colocaram as expectativas referindo-se como pontos positivos e negativos.
A escola serve para? O mais citado foi fazer amizades como ampliação dos grupos sociais, pois a cidade é pequena e para muitos a escola é o único local de socialização. É na escola que vai conhecer “mais mulheres”, mais homens”, “novos amigos”, “vir para a cidade”, “não trabalhar”. As relações sociais se mostraram muito relevantes para os adolescentes e ocupam papel central nesse processo. O grupo passa a ter grande importância. Assim, se observa maior expectativa de conhecer pessoas novas do que o interesse pelos estudos. Pode-se supor também que isso se deva ao fato de que os aspectos negativos dos estudos aparecem mais para os envolvidos com o processo de ensino. Já para os jovens os positivos são os contatos sociais que possibilitam ampliar o círculo de amizades, namorar, se divertir e ter mais prazer.
Em segundo veio aprender e estudar mais, que apresentou tanto aspectos negativos como positivos. Falaram também que a escola serve como um degrau importante para liberdade, autonomia e independência. Por um lado demonstrando interesse e necessidade de aprender e por outro a obrigação e a sobrecarga, se torna algo desagradável e aversivo, gerando angústia e desânimo por mais um ano escolar. Explicam que há também uma falta de compromisso deles com os estudos. Como falas que expressam o desejo e a intenção dos jovens de se responsabilizarem pelo próprio crescimento, reconhecendo nas próprias escolhas a possibilidade de ter ou não um futuro que inclua uma universidade, apesar de desconhecido, é visto como promissor. Citaram que é na escola que eles tem contato com as drogas licitas e ilícitas. E na escola que aprendem mais sobre sexo e é onde aprendem fazer suas escolhas em relação a sexo, grupos e tribos, gostos musicais e suas atividades sexuais
Em relação à internet a grande maioria relatou que gosta de conversar usando a rede, porém pessoalmente é muito melhor, pois é “face a face” que se conhece e percebe as expressões faciais e gestuais, não podendo fantasiar ou mentir. Nada como um bom papo com um amigo. Há uma valorização muito grande em relação a amizade.
Quando questionados se a escola está aberta para o dialogo com as culturas juvenis que envolvem os jovens na escola? Eles ficaram divididos. Alguns fizeram relatos emocionados do apoio que a escola ofereceu em períodos conturbados – problema pessoal e escolar - ocorridos no decorrer do ano escolar. Outros acham que a escola deixa a desejar em relação as culturas juvenis.
Qual o seu projeto para o futuro? Muitos sabem que fazer uma faculdade esta longe da sua realidade, por isso já estão inseridos ou desejam empregos oferecidos no próprio município e vai trabalhar em empregos oferecidos no município. Outros se posicionaram firmes em relação de cursar uma universidade para buscar uma melhor posição social.
Você, jovem é levado a sério? Manifestaram-se em um primeiro momento dizendo que não eram levados a sério, mas ao refletiram perceberam que tinham uma parcela de culpa, devido a sua falta de comprimento na hora de validar suas ações, precisando serem mais responsáveis com atividades proposta pela escola em relação aos estudos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo mais generalizado, percebe-se que os jovens estão preocupados com o termino do ensino médio, pois temem que não possam ingressar na vida acadêmica, e também com o futuro profissional, principalmente por não saberem o que realmente esperar do futuro. Há expectativas no campo socioafetivo e desejos de ter mais liberdade para namoros e envolvimentos mais pessoais. Fica claro também o desprazer que a escola representa, sendo vista como um peso - embora se reconheça a necessidade de maior dedicação frente ao desafio que é o vestibular.
Em relação ao futuro profissional, as preocupações se concentram na vontade de se realizar ganhando dinheiro, mas principalmente, fazendo o que gostam. Essas preocupações assumem caráter de excessiva importância. Ao mesmo tempo se sentem inseguros na hora de escolher o que fazer no futuro. Percebe-se o desejo dos jovens, bem como a necessidade de mais orientações vocacionais.
A maior ansiedade está com os menos favorecidos socialmente, pois suas expectativas não vão além da conclusão do ensino médio. O emprego fica na faixa de um salário mínimo ao dois, não passando disso.
Não se pode ignorar que anseiam por um ensino mais prazeroso que estimularia o estudo, facilitando a passagem para a vida adulta e a preparação para o vestibular ou possível trabalho.
A angústia e a insegurança dos jovens em relação a não fazer parte de um grupo ou tribo apareceu em algumas falas. A aceitação é prioridade.
Por fim, os resultados desta pesquisa indicam a necessidade e a expectativa de se empreender estratégias educacionais que visem uma melhor preparação para os momentos de transição: para o mundo do trabalho e para a vida adulta. Também, a criação de estratégias que melhorem o espaço escolar tornando-o um lugar prazeroso, afetivo, que realmente ofereça ao jovem o que ele precisa, que faça sentido, estimulando o desejo de crescimento.
- Logue-se para poder enviar comentários