A internet é o lugar onde viveremos (?)

Olá, pessoal

Boa tarde!

Aconteceu no mês de janeiro a Campus Party, que é um dos maiores eventos sobre internet no mundo. Lá acontecem vários encontros e palestras e uma delas foi com o Mark Surman, diretor-executivo da Fundação Mozilla. Ela é responsável por um dos navegadores mais usados atualmente, o Mozilla Firefox.

Eu estou trazendo a entrevista que foi realizada por ele, pois nela existem assuntos importantes para dialogarmos sobre a função da tecnologia, no caso, a internet e se é possível alcançar mudanças sociais a partir de suas invenções.

Entre tantos trechos importantes, eu destaco aquele em que Mark diz que programação deveria ser ensinada na escola. O que vocês acham disso?

Da minha parte, acredito que essa "disciplina" poderia existir num contexto mais amplo de uma dinamização da escola, que estimule um crescimento pessoal e não só uma formação para vestibulares e o mundo do trabalho. O que mais me chama a atenção nessa colocação é que ela alerta para algo no qual eu tenho começado a acreditar: a internet (e todos os meios da cultural digital) é um instrumento de poder que está muito, muito próximo do cotidiano de muitas pessoas. E um domínio mais desse sistema por outros grupos da nossa sociedade pode gerar sim mudanças sociais.

Certa vez ouvi de uma amiga: "o computador não é limitado, o ser humano sim".

Bom, já escrevi bastante. Segue aqui a entrevista:

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São Paulo - Em passagem pelo Brasil, para palestrar na Campus Party, o diretor-executivo da Fundação Mozilla, Mark Surman,  voltou  a pedir o uso de padrões abertos ao invés de soluções proprietárias na web e disse que a internet ganhará tanta importâncias nos próximos anos que “será o lugar em que viveremos”.

Em conversa com INFO Online, Surman explicou como o navegador Firefox influencia esta disputa de padrões na web, disse como pretende tornar o Firefox OS um sistema móvel relevante e ainda defendeu que as escolas ensinem programação para as crianças.

A internet mudou muito desde sua criação, no início dos anos 90. Que caminhos você acha que a rede tomará nos próximos anos? É difícil prever quais tecnologias vão predominar no futuro, mas podemos afirmar que a internet se tornará ainda mais presente no cotidiano das pessoas. A web será o lugar onde vamos viver!

E esse lugar será muito diferente do que conhecemos hoje?  A Mozilla defende que a web seja, no futuro, também uma plataforma livre e aberta, onde poderemos fazer nossa criatividade trabalhar, abrir nossos próprios negócios e conectar cada um de nós. Isso só será possível se os usuários da rede puderem moldá-la, se as pessoas compreenderem como funciona esta ferramenta poderosa que poderá tornar a vida delas melhor, ajudá-las a conseguir um emprego melhor e ter mais contato com outras pessoas e experiências.

O problema é que a web pode tomar o caminho errado, se tornando uma plataforma fechada, como é a televisão hoje em dia. Todos nós, às vezes, queremos apenas sentar e assistir a um filme ou vídeo na internet, mas nós, da Mozilla, queremos que todos também saibam que podem também moldar a internet, que podem construir a web do jeito que quiserem. Elas não precisam apenas consumir conteúdo, mas podem produzi-lo, mixá-lo e ainda desenvolver as tecnologias que vão processar esses conteúdos e não apenas adotar padrões impostos por ferramentas fechadas, criadas por grandes empresas que desejam limitar a experiência do usuário às suas tecologias.

É possível que o usuário se contraponha às tecnologias criadas por grandes empresas, como Google, Facebook, Microsoft ou Apple? O usuário sozinho, não. Mas comunidades de usuários, sim. Veja o caso do navegador Firefox que nós criamos numa época em que o Internet Explorer dominava 96% do mercado de browsers.

Com este domínio, a Microsoft podia influenciar os padrões e tecnologias web como bem quisesse.  Com a invenção do Firefox e sua popularização, nós pudemos influenciar esse debate e colocar na mesa padrões abertos. Assim, fizemos os padrões da web seguirem o caminho certo. A investida foi bem-sucedida e os outros navegadores, como o próprio Chrome, são prova disso.

No mundo mobile, o Firefox OS deverá ser um ótimo produto como é o browser Firefox, para que assim as pessoas queiram utilizá-lo em seus smartphones. Esse produto deverá ser também uma forma de ajudar a “transformar” os sistemas operacionais em plataformas móveis, liberando o usuário do duopólio iOS e Android.

Mas o centro das propostas da Mozilla é aumentar massivamente o entendimento das pessoas sobre como a internet funciona e ensiná-las a ter poder sobre ela.  Desenvolvemos um projeto chamado “Webmakers”,  que planeja ensinar as pessoas comuns a interpretar códigos-fonte, conhecer padrões de web e formar novos desenvolvedores. Eu defendo, inclusive, que programação e internet sejam assuntos ensinados nas salas de aula de todo mundo, como matemática, língua ou ciências, tamanha a importância que a web e a tecnologia terá na vida das pessoas no futuro.

A Mozilla defende que os usuários tenham um papel ativo nas mídias sociais e nas ferramentas de publicação, mas também esperamos que eles ajudem a começar um movimento global em que pessoas vão querer auxiliar umas às outras a entenderem como funciona a internet.

Em sua última versão, o navegador Firefox atualizou o engine de JavaScript e o recém-lançado Firefox OS é totalmente baseado em HTML 5. Para você, serão essas as tecnologias do futuro? Se nós da Mozilla “vencermos” a batalha, sim, serão. E elas continuarão evoluindo e se tornando cada vez melhores. O que nós queremos são tecnologias de capacidade cada vez maior, que funcionem em diversos dispositivos. Isso, no entanto, não significa que elas serão as tecnologias mais bonitas ou com visual mais legal, certo? Mas serão mais livres, certamente.

 

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