Interdisciplinar

É importante que o professor dialogue com as diferentes áreas e disciplinas para que estimule o aluno a uma compreensão mais ampla sobre os acontecimentos da natureza e da vida humana. Quanto maior conexão com outras áreas no processo, a aprendizagem se torna mais ampla e eficaz.
Hoje, pensamos não ser adequado trabalhar isoladamente as disciplinas e áreas de ensino como define o sistema cartesiano que privilegiava conhecimento dedutivo setorizado e especializado. Após o século vinte, com o surgimento de novas ciências e de novas tecnologias que permitiram a formação de um novo homem com uma visão de mundo em teia, na qual não existe um fenômeno isolado, que não influenciava as manifestações dos demais fenômenos por mais distante que nos pareça esta relação. Os indivíduos estão interligados, conectados estabelecendo uma semântica que não é fixa, mas que se constrói a cada instante. Por isso, é tão difícil o isolamento pretendido no filme, não existe tal controle. As relações continuam a ser estabelecidas e não nos cabe o controle das mesmas, mas talvez a possibilidade de antecipações  e compreensões das mesmas para termos uma visão de conjunto. Vale lembrar que a totalidade não se caracteriza pela descaracterização das disciplinas em si, cada uma tem sua função e importância, mas pela consciência de que cada particularidade está interligada com outras. Cada área tem o seu conhecimento específico, mas temos que propor a compreensão das relações que o construiu e que deve ser repensada e refletida.

Na obra descrita do Livro Cartas a Théo, do Pintor Van Gogh  permite  entendermos o que era disposto como material e tecnologias da época que se fazia necessário exercitar a criatividade com o que tinha a disposição. O pintor conhecia as várias formas de utilizar o carvão explicitando um conhecimento amplo que justifica o célebre trabalho/ofício do artista que o tornou mundialmente reconhecido.  Em um contexto de sala de aula todo conteúdo escolar a ser discutido com os estudantes deve estarem interligados  nas dimensões cultural, tecnológica, científica e laboral. Dessa maneira é importante desenvolver com o aluno as capacidades para uma análise crítica de propor um uso consciente e eficiente da tecnologia. Para que eles possam sugerir e criar novas tecnologias, realimentando suas práticas culturais. É preciso levar em conta que a cultura modifica a mente e a mente constrói cultura na mesma medida.

A superação da fragmentação e da compartimentação dos conhecimentos é realizada com naturalidade em algumas disciplinas. Na disciplina de arte, por exemplo, não há possibilidade de se falar em técnicas sem relacioná-las com a ciência, cultura, trabalho e tecnologia. Até porque, a arte é reflexo daquilo que ocorre no subjetivo do indivíduo e na sociedade em que este está inserido. Neste processo, realizamos a contextualização histórica, cultural, social, política e através disto, relacionamos com várias áreas do conhecimento. O que está ocorrendo é que o conteúdo que é visto, estudado, pesquisado em um período em disciplina, muitas vezes e visto e estudado em outro período por outras disciplinas e o estudante não consegue fazer a relação entre ambos. E assim ainda fica a sensação de fragmentação. Há necessidade de mais estudos e debate para que haja esta integração e os estudantes percebam de forma teórica e prática a real relação entre as áreas de conhecimento.