INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO "DR. CAETANO MUNHOZ DA ROCHA" - CADERNO 2
Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio.
Etapa II
Caderno II
Orientadora- Andréia Maria Digiovani Frumento
Professoras Cursistas
Amanda Gondro Celestino
Carolina Casimira Molina Celestino
Everly Lilian Domingues
Jurema Aparecida Matuichuk
Soraya Geremias Ribeiro
REFLEXÃO E AÇÃO
Caro professor, cara professora, como sugestão para o desenvolvimento de um bom trabalho e com foco no processo de humanização, sugerimos a realização de um exercício simples com os jovens. Peça que eles escrevam (ou utilizem outra forma de expressão mais atraente, como um pequeno vídeo, uma teatralização etc) quais são seus valores atuais, seus planos para o futuro, e como eles se imaginam daqui a 10 anos. Acreditamos que com este exercício simples você poderá se surpreender com a beleza de muitos sonhos, com o valor que estes jovens dão a família e a escola. Esses dados podem ser expostos, sem identificação dos autores, mas como forma de valorizar o jeito de cada um. Lembre-se que conhecer os sujeitos da aprendizagem é fundamental. Poderá fazer toda a diferença na condução das nossas aulas. Nos tornará profissionais mais próximos do que o jovem estudante também espera de um professor. Depois de realizar essa ação, registre as conclusões por escrito e socialize no seu grupo de estudo.
Através de uma proposta de produção de texto realizada pelos professores cursistas em seus colégios de origem, perguntou-se aos alunos do Ensino Médio quais eram seus valores atuais, quais seus planos para o futuro e como eles se imaginam daqui a 10 anos. Foram entrevistados trezentos alunos do Ensino Médio, de três escolas diferentes: 150 alunos do Curso Técnico de Formação de Docentes Integrado com o Ensino Médio do Instituto Estadual de Educação “Dr. Caetano Munhoz da Rocha”, 50 alunos do Ensino Médio do mesmo colégio, 40 alunos do Colégio Estadual “Profª. Maria de Lourdes Morozowski” e 50 alunos do Colégio Estadual Porto Seguro.
A partir das investigações realizadas, observa-se que a maioria dos jovens possui uma perspectiva positiva em relação ao futuro. A maioria se mostra preocupado com a família, apesar de alguns poucos afirmarem que odeiam as famílias em que vivem. Em vários relatos pode-se observar muitos depoimentos de lares desfeitos, pais separados, filhos de gravidez indesejada e até uma aluna que relatou ter sido deixada com a avó com quinze dias de vida, pois os pais foram para o Japão e nunca mais voltaram. A despeito disso tudo, a maioria dos alunos demonstra ter bondade em seus corações, desejando proteger a família que o gerou, preocupando-se com os irmãos, avós e o próximo.
Entre os alunos do Ensino Médio regular, poucos disseram almejar o casamento e pouco mais da metade deseja ter filhos, isso já não acontece com os alunos do curso de formação de docentes, pois a maioria deles deseja casar-se e constituir família, com cônjuge, filhos e até animais de estimação. O fato de alguns não quererem se casar pode ser reflexo da instabilidade familiar, essa situação também é evidente e pode ser percebida pelo fato de muitos jovens estarem pedindo paz no ambiente familiar.
Com relação a estudo e trabalho, todos pretendem concluir uma faculdade e conquistar um bom emprego, maneira esta, que eles encontrarão para ajudar a família e formar a sua própria. Outros não vinculam seu futuro a casamento, mas somente a se formar, ter um bom emprego, casa própria, carro e independência financeira.
Outro fator interessante percebido pelas respostas dos alunos foi a questão da honestidade e do roubo, apenas pouco mais da metade acha relevante ser honesto e não roubar. O mesmo se nota quando eles se referem à mentira, apenas alguns disseram ser importante não mentir.
Observou-se também a presença de paradoxos interessantes: a maioria diz ser comprometido com suas obrigações, mas não acham importante serem pontuais, outros dizem não gostar de estudar e frequentar o colégio, mas dizem pretender carreiras notadamente concorridas, como medicina, direito e psicologia.
Por outro lado, todos sabem que precisam de persistência e muito estudo para alcançar seus propósitos e reconhecem isso em seus relatos.
Muitos textos demonstram individualismo e questões como “ajudar o próximo” e “saber dividir” são deixadas de lado, demonstrando que, para alguns, o mais importante é cada um pensar em si, deixando o bem comum em segundo plano.
Quanto às profissões desejadas, entre os alunos do Curso de Formação de Docentes, vários pretendem continuar seus estudos na área da Educação: pedagogia, professor de várias matérias, intérprete de libras, especialista em educação especial, psicologia. Vários alunos também disseram não saber o curso que pretendem fazer no futuro pois, ou ainda não se decidiram, ou já mudaram muitas vezes de opinião.
Um outro aspecto relevante e do qual quase todos os alunos falaram direta ou indiretamente, é a questão religiosa. Vários alunos se disseram religiosos e que seu futuro pertence a Deus, outros deixaram claro que seus valores têm que ver com o fato de servirem a Deus. Ainda alguns disseram que não importa qual seja seu futuro, pretendem ser servos de Deus, onde quer que forem. Dois alunos, inclusive, expressaram o desejo de serem missionários em locais pobres do mundo, além daqueles que disseram ter o desejo de cuidar dos menos favorecidos, moradores de ruas, crianças e até animaizinhos abandonados.
Por fim, um desejo real de todos os alunos é o mesmo de todos os seres humanos: ter uma vida feliz.
Abaixo, destacam-se trechos das respostas dos alunos:
“Meu bem, mais precioso é a minha religião, não por ela ser melhor que as outras (até porque não existe uma melhor), mas sim por ela ser melhor para mim. É dentro dela que aprendi meus valores, e é ela que me mostrou o manual de sobrevivência aqui na terra, a Bíblia sagrada. Sei que ao obedecer aos dois mandamentos mais importantes, que, é amar a Deus sobre todas as coisas e próximo como a mim mesmo. Ainda não consigo segui-los da melhor forma, mas eu tento. Para mim, valores..., valores estão totalmente ligados a nossa conduta, pois falar de valores é fácil, difícil é aplicá-los. Daqui a 10 anos, se Deus quiser, quero estar trabalhando, ou como professora em escola comum, ou como professora na escola de surdos. Não sei se quero filhos, existem momentos que eu quero, porém eu começo a pensar quanta responsabilidade é colocar uma criança no mundo, não só ter a criança, mas assumir todas as responsabilidades, e por mais que eu queira protegê-lo do mundo jamais conseguiria. Por isso, entreguei a Deus essa vontade, para que, se Ele quiser, e for o melhor, então que venha, já se for melhor eu não ser mãe, amém também. Muitas vezes me sinto insatisfeita, sinto que estou devendo, sinto que Deus me dá muito, e que não faço nada em troca, e acho que estar em sala de aula, ensinando princípios aos meus alunos, não só matéria, assim pode estar contribuindo para algumas crianças, que no futuro possam se lembrar de mim com carinho. Por enquanto, vou tentando aconselhar, ajudar e ser ajudada, as pessoas que estão a minha volta, para que possamos crescer junto, um passo de cada vez.”
M.G. 16 ANOS
“Meus pais me ensinaram muitas coisas das quais eu levo para a minha vida como: respeitar os outros, nunca, jamais roubar ou furtar, dar o lugar para os velhinhos no ônibus, entre outras coisas. Eu pretendo ser um empresário e programador famoso e bem sucedido. Quero ter uma empresa de software para superar a Microsoft e Apple. Eu sei que é muito ambicioso, mas eu sei que vou conseguir, e daqui a 10 anos eu me vejo uma pessoa importante e famosa, e muito inteligente.”
G.G.C. 15 anos
“Estou no primeiro ano do magistério e estou gostando muito do curso. Pretendo terminar e fazer pedagogia quando terminar. Meus valores atuais são meus pais. Tenho um amor incondicional por meu pai, amo ele demais e, às vezes, minha mãe fica com ciúmes. Tenho no máximo quatro amigos que posso contar de verdade. Meus planos para o futuro são bem estranhos, porque meu sonho é trabalhar no IML como médica legista e sempre que falo isso, todo mundo acha estranho e fica rindo. Eu não me imagino daqui 10 anos.”
A.G.S. 15 anos
“Daqui a 10 anos me imagino morando no Rio de Janeiro, casado, com um filho e sendo o presidente do Vasco. Ter muitos amigos. Ter um bom relacionamento com minha esposa. Quero ficar bem longe da minha família. Só quero contato com meu pai e minha mãe. O importante é curtir suave na nave.”
V.C. 16 anos
“Sei que posso realizar os meus projetos eu acredito em mim.”
“Na escola tenho amigos de verdade que eu queria levar para a vida toda.”
“Não sei o que quero fazer, mas quero superar as expectativas que minha família tem sobre mim.”
“Estou começando a entender que o meu pai quer o melhor para mim.”
“O maior valor de uma pessoa é ser chamado por filho de Deus, por ser honesto.”
“Tenho 16 anos, mais confuso do que nunca, emoções se misturam junto com a puberdade. Eu diria que é a pior fase da vida.”
“A vida é uma peça de teatro na qual não é permitido ensaios e com base nessa frase eu levo um dia de cada vez. Aproveitando o que dá, sem ter o que esperar do dia seguinte.”
“Eu quero, eu posso, eu consigo.”
P. A. S., aluno portador de necessidades especiais, 16 anos
“Eu sou Matheus, hoje tenho 20 vinte anos, moro com a minha família, meus pais e minha irmã. Hoje os meus projetos são terminar o ensino médio e continuar participando dos jogos para conseguir uma vaga para os jogos paraolímpicos. Tenho muitos amigos e tento da melhor forma conviver bem com todos.Daqui dez anos pretendo estar morando em São Paulo e estar jogando pela seleção brasileira de bocha. Vou levar meu cachorro Petucho, meu pai e minha mãe comigo.Viver bem e viajar muito.”
M. A. L., portador de necessidades especiais que participa de jogos paraolímpicos
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