Importância da investigação temática no ensino de ciências da natureza - Colégio Alberto Jackson Byington Jr. PNEM
Importância da investigação temática no ensino de ciências da natureza
É perceptível que os educandos do Ensino Médio não conseguem aplicar o conhecimento científico ensinado na escola em práticas sociais reais e, que, com o passar dos anos, vão perdendo a curiosidade que é latente na infância. Sabemos que o processo de ensino aprendizagem deve proporcionar a plena inserção do jovem em sua sociedade por meio dos conhecimentos e habilidades necessários a sua qualidade de vida e que, para tanto, estes devem ter significado de maneira a despertar não somente o interesse e a curiosidade do jovem pela produção e aquisição de conhecimento, mas, principalmente, proporcionar sua aplicação na prática cotidiana.
Diante dessa realidade, o papel da instituição escolar e de seus gestores é promover uma ampla reflexão sobre essa problemática buscando soluções pedagógicas e estruturais que visem formar efetivamente cidadãos autônomos e reflexivos, conforme prevê a LDB.
Nesse sentido, temos debatido, na formação promovida por meio do Pacto Nacional Pelo Fortalecimento do Ensino Médio, a necessidade da integração entre os componentes curriculares, de uma prática docente permeada pela interdisciplinaridade, pela problematização e pela contextualização, bem como a alfabetização científica, o que pode ser viabilizado com a adoção de métodos e abordagens pedagógicas dinâmicas, como por exemplo, a investigação temática, a pesquisa.
Com o objetivo de demonstrar a possibilidade de desenvolver esse tipo de trabalho, propomos o tema “Raça, racismo e etnia: preconceito, discriminação ou segregação?”, como exercício pedagógico e também reflexivo sobre nossa prática docente.
Em um primeiro momento, sugerimos que seja feito um levantamento do tema de forma individual ou coletiva com base na realidade dos estudantes e no conhecimento que eles já possuem, por meio de questões que instiguem a discussão a respeito do tema, tais como: Qual a diferença entre preconceito racial, discriminação racial e segregação racial? E entre raça e etnia?
O professor, no momento da problematização inicial, necessitará esclarecer que a cultura é importante para o convívio social, e que compreender a estrutura da sociedade de acordo com a cultura, a diversidade e a realidade social é essencial para que esse convívio seja saudável. Neste momento, cabe ao professor mediar a discussão por meio de várias perguntas elencadas previamente, as quais contribuirão para a participação dos alunos na discussão, o que é imprescindível, visto que apontará a realidade. Esses questionamentos devem ser baseados nos estudos das relações cotidianas a serem pesquisados pelo professor. Sugerimos algumas questões: O que é racismo? Qual a origem do racismo? Existe um dia contra o racismo? O Brasil é um país racista? O que é discriminação? A prática do racismo é ilegal? Quais as ações que são caracterizadas como crimes de preconceito e/ou racismo? O que são ações afirmativas? Qual o conceito de racismo institucional? Qual o papel das empresas na promoção da igualdade racial nos ambientes de trabalho?
Realizada a problematização e a contextualização do tema, é necessário fazer a organização do conhecimento por meio de leituras sobre o tema, as quais contemplarão os conhecimentos científicos escolares. Além disso, deve-se fazer levantamento e análise de dados históricos, biológicos, sociológicos, filosóficos, geográficos, e outras diversas possibilidades de conteúdos curriculares, a depender da realidade de cada instituição.
Para a construção de diferentes formas de interpretação dos conteúdos, recomendamos a utilização poesia, música, vídeos, debates, produção de textos, imagens, produções artísticas, entre outros. Ademais, visando à elaboração de argumentações teóricas, a implementação de dinâmicas, tais como, pesquisas bibliográficas e laboratoriais, visitas e passeios, discussão em grupo, cálculos estatísticos, leituras de artigos científicos e livros didáticos, palestras, são imprescindíveis.
Não podemos nos esquecer de que cabe ao professor preparar uma lista de referências de pesquisa em sites, revistas e livros para fundamentação teórica, sempre esclarecendo aos estudantes que a ciência não produz respostas absolutas e que as fontes de pesquisa sugeridas, mesmo sendo fruto de rigor científico, podem e devem ser questionadas, visto que a pesquisa científica está em constante mudança, contudo, as argumentações devem ser fundamentadas. Ao final desse artigo, sugerimos algumas fontes de pesquisa e leitura.
Por fim, a promoção e a aplicação do conhecimento por meio da organização dos conhecimentos e questionamentos para análise da problematização inicial, com apresentação de novas situações que envolvam a mesma temática estudada, pois assim poderemos fazer uma análise mais complexa de situações que não são vivenciadas no cotidiano dos estudantes ou que estão veladas nas relações sociais.
Com essa prática pedagógica, a qual privilegia diferentes leituras, discussões de textos e pesquisas, os estudantes entenderão que a ciência pode ser usada além da sala de aula, por meio da articulação do conhecimento científico com as experiências de vida de cada um, despertando-os para uma nova visão de sociedade, uma sociedade mais crítica e consciente.
Como professores da rede pública de educação, sabemos que enfrentamos vários obstáculos em busca de um ensino eficiente e significativo, tanto de cunho estrutural quanto formativo, no entanto, podemos buscar alternativas para otimizar o tempo e trabalhar o conteúdo estabelecendo diálogo com professores das diversas áreas do conhecimento. Integrar os conteúdos/conhecimentos e contextualizá-los ajuda o aluno a relacioná-los à sua prática cotidiana, e essa deve ser uma política da escola, respaldada pela equipe pedagógica e administrativa.
Essa prática pode levar à superação de um problema que está além dos muros da escola: as pessoas não se percebem na natureza, e essa falta de percepção resulta em diversos prejuízos ambientais e sociais.
Enquanto educadores, temos um papel de extrema importância, já que podemos contribuir socialmente, despertando nos jovens a sensibilidade para o fato de que todos ser vivos interagem com a natureza, de forma positiva ou negativa, dando-lhes a possibilidade de agir de forma consciente e comprometida com o futuro de sua sociedade.
Texto produzido coletivamente por cursistas do PNEM do Colégio Estadual Alberto Jackson Byington Júnior, Maringá, Paraná.
Sugestões de fontes para pesquisa e leitura:
http://jl-quadros.blogspot.com.br/2010/06/racismo-preconceito-discrimina...
https://amigonerd.net/sociais-aplicadas/pedagogia/raca-etnia-e-racismo
https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142004000100009&script=sci_a...
http://arquivo.geledes.org.br/areas-de-atuacao/educacao/lei-10-639-03-e-... (este link contem 16 perguntas sobre como a escola trabalha a questão, seria interessante levar para discussão em classe, é um questionário com questões objetivas)
http://pt.slideshare.net/rodolfoferreiradeoliveira/raa-e-etnia
http://pro-sst1.sesi.org.br/portal/main.jsp? (Neste link há perguntas e respostas com base na Lei)
http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002219/221900por.pdf (Neste link há várias oficinas como modelos para serem trabalhadas em sala de aula)
https://docs.google.com/forms/d/1-SzIOJUwxSBR5fZaqnARig8GCLwZ-K8RviDKATV... (Questionário para os alunos responderem on line)
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