A proposta elaborada pelos professores do Colégio Estadual Marilis Faria Pirotelli, para o planejamento de um trabalho interdisciplinar entre linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e as diferentes dimensões do currículo “trabalho, cultura, ciência e tecnologia” aparecem entrelaçadas com o tema “faz a cabeça” das pessoas, particularmente dos jovens do Ensino Médio em relação ao padrão corporal e o “ideal estético” a ser alcançado por homens e mulheres.
Para a realização e desenvolvimento da interdisciplinaridade fez-se necessário a apresentação e análise das revistas Boa Forma (mdemulher.abril.com.br) e Mens Health – homens saudáveis ou saúde masculina (itunes.apple.com/br/app/revista-mens-health).
1º passo: análise das revistas com base nos conhecimentos das diferentes disciplinas com conteúdos de Química, Biologia, Física, História, Sociologia, Filosofia, Educação Física, Arte e Língua Portuguesa e Língua Inglesa.
• Química: análise e verificação dos componentes que constituem os suplementos alimentícios.
• Biologia: apropriar conhecimentos sobre as funções dos glicídios (carboidratos), lipídios, proteínas, água, sais minerais, vitaminas e fibras, e também a absorção desses nutrientes no corpo humano propiciando saúde.
• Física: calcular as calorias ingeridas e gastas durante os exercícios físicos do dia-a-dia e durante os exercícios físicos específicos de academias.
• História e Sociologia: ambas disciplinas explicitam as mudanças ocorridas com os padrões de beleza e saúde ao longo do tempo.
• Filosofia: faz a reflexão sobre as ações de como a sociedade se comporta na atualidade no que se refere a “valorização do corpo”.
• Educação Física: disciplina curricular que as informações e conhecimentos teóricos e físicos para os discentes, proporcionando saúde e bem estar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “Saúde é o bem estar físico, mental e social do indivíduo”.
• Arte: as imagens publicadas (mostradas) pelas revistas citadas acima, realmente fazem uma apologia a forma corpórea atual, mas vem o questionamento de uma pessoa (aluno e professor) que faz a “leitura” do mundo atual. As revistas mostram saúde ou apenas o que mídia e a sociedade contemporânea exigem?
• Línguas: análise dos textos, principalmente gêneros (forma de artigo?), gramática, ortografia, etc...
Todas as informações transmitidas pelos docentes e apropriadas de forma cognitivas pelos discentes estão relacionadas com as dimensões do trabalho, da cultura, das ciências e da tecnologia.
2º passo: Visitamos as academias de exercícios físicos, localizadas próximas ao nosso Colégio. A partir das informações adquiridas nas disciplinas curriculares e visitas as academias promovemos Seminários e Relatórios (texto) sobre o tema “padrão corporal”, “saúde”, “mídia” e “comércio”.
Os alunos perceberam que a história da Educação Física e os meios de comunicação de massa não possuem os mesmos objetivos assim o texto a seguir evidência as diferenças entre a disciplina de Educação Física e o que a mídia e a sociedade impõem.
A história da Educação Física constrói diversas concepções e funções do corpo. Os meios de comunicação de massa constroem e apresentam à sociedade o corpo desejável, “perfeito”, transformado e “feliz”: protótipo do belo. Normalmente, cabe aos profissionais de Educação Física uma prática que reproduza esse protótipo. Nesse aspecto, a beleza do corpo padrão se detém exclusivamente na aparência: vestir-se de acordo com a moda, exercitar-se três horas por dia, alimentar-se à base de produtos diet e light, transformar-se a partir dos recursos biotecnológicos. Tudo isso em nome da “saúde” e da beleza!
Percebe-se atualmente significados sociais semelhantes: saúde, bem-estar, juventude e beleza. Tais significados são assimilados, freqüentemente, por influência da mídia e da indústria comercial. Elas investem em publicidade para vender “receitas para a saúde”, objetivando tornar o corpo um artigo de comercialização. O principal local de “venda” deste produto acaba sendo as academias de ginástica, os clubes e até mesmo a escola. Vai depender do profissional de Educação Física assumir ou não a função de “vendedor”.
Acredita-se que a identidade humana pode ser estabelecida a partir da restauração de atitudes e valores, tais como: sociabilidade, respeito, alteridade e cooperação. Atitudes estas baseadas na comunicação que significa um diálogo construtivo ligado aos sentimentos, idéias e críticas dos que estão nas escolas, academias de ginástica, clubes. É, portanto, chegada a hora de profissionais de Educação Física envolvidos nos discursos da atividade física e saúde, e também toda a sociedade se “desvencilharem” da ação teleguiadora da mídia e se apresentarem como sujeitos históricos e competentes a partir de uma prática fundamentada na ética, nos limites e nas potencialidades do corpo do outro. Isso implica numa intervenção consciente e crítica. É importante entender que a formação do conhecimento de cada praticante de atividade física está diretamente relacionada à intervenção do professor de ginástica, musculação, dança, esportes etc. Nesta relação se constitui a humanidade de forma intersubjetiva a partir da dialogicidade (o eu e o outro) e da comunicação inspirada por uma ética da intersubjetividade.