III Roda de Diálogos articuladas ao JUBEMI - Amazonas

Proposta e motivação
A III Roda de Diálogo, bem como as duas anteriores, ocorreu nas E.E. Benjamin Magalhães e E.E. Senador João Bosco, entre os dias 06 e 12 de novembro de 2013. Esta previa alcançar três objetivos: 1. Compreender o papel da metodologia enquanto componente da ação pedagógica, 2. Discutir o sentido de inovação curricular e metodológica no ensino médio na atualidade e 3. Identificar a função educativa dos espaços não escolares e suas possíveis contribuições na mediação das atividades escolares.
Foi realizada como atividade de motivação para a discussão, uma coleta de depoimentos (por escrito) com os professores sobre a “melhor e a pior aula que já haviam ministrado”. Estes depoimentos foram realizados individualmente e, depois foram formados dois grupos para a realização da síntese dos mesmos. Um grupo tabulou os depoimentos sobre a melhor e o outro sobre a pior aula, que cada professor considerou serem melhores e piores aulas que já haviam ministrado.
Além de seus próprios escritos, os professores também contaram com depoimentos de estudantes sobre os mesmos aspectos, porém, com a diferença de que os depoimentos dos estudantes foram coletados em vídeo e depois disponibilizados aos professores para a elaboração de um quadro comparativo das respostas.
Diferenças de perspectivas
As variáveis consideradas na tabulação dos depoimentos de professores e estudantes foram: local, conteúdos, materiais, dinâmica, preparação, impactos sobre os estudantes tanto na tabulação da “melhor aula” como da “pior aula”. De forma geral, as respostas de professores e estudantes apontaram diferenças para as variáveis acima. Quanto ao local das aulas, nas “melhores aulas”, no geral os professores citaram a sala de aula (em uma escola foi citado o entorno da escola), enquanto os estudantes citaram outros locais: visitas em locais diversos (reserva indígena, teatro, pontos turísticos). Em relação aos conteúdos também pode-se observar diferenças: enquanto os professores citaram conteúdos clássicos, os estudantes citaram em suas melhores aulas conteúdos mais próximos do seu cotidiano. Quanto à dinâmica das aulas, no geral os professores citaram aula expositiva. Em uma das escolas foram citadas várias dinâmicas, tais como: planejamento junto com os alunos; saída da escola; apresentações em mural, mostras de teatro, participação dos estudantes por meio de perguntas, relatos, debates, pesquisas, desenvolvimento de experiências em casa – com registros em vídeo e fotografias. Nos depoimentos dos estudantes as dinâmicas apontaram diversidades de respostas: passeios, competições, atividades em que puderam participar diretamente, trabalhos em grupos e outras ligadas ao lúdico.
Quanto à enquete sobre a “aula ruim”, os estudantes, em todas as escolas, o aspecto que torna a aula ruim é a falta de boa relação professor-aluno. As aulas citadas como ruins eram aquelas em que o professor grita, faz comparações, não ouve a opinião, as que de um modo geral, demonstra desrespeito para com o estudante.
Os professores, por sua vez levantaram, em seus depoimentos e na roda, os mais variados problemas (dos sistemas, das escolas e deles próprios) relacionados às aulas que cada um considerou a pior que já haviam ministrado. Nas piores aulas aparecem casos em que os professores têm que assumir disciplinas que não são as de suas formações; a primeira aula também é reportada como um momento muito difícil; entre as piores aulas foi citada uma aula ministrada ao projeto PET, que trabalha com sujeitos de diferentes idades e diferentes níveis de formação (Reforço escolar), problema da assimetria entre o estudante idealizado e o estudante real, aulas ministradas sem planejamento – mais da metade dos professores envolvidos trabalham 2 turnos e 11 trabalham 3 turnos.
Outras conclusões a que os grupos chegaram nas rodas é que uma mesma aula pode ser muito boa e muito ruim dependendo do grupo/turma na qual é realizada; “Pode-se identificar uma boa aula quando o sinal toca e os alunos dizem: Ah...”, diz o professor Leivander, da Escola Benjamin Magalhães Brandão. “Esse é um sinal que a aula foi boa”; O interesse do professor no conteúdo também interfere no interesse do aluno; A estrutura e as condições de trabalho do professor nas escolas públicas ainda impede o desenvolvimento de algumas boas aulas. Na rede estadual, por exemplo, HTP (horário reservado para planejamento na escola) é somente para efetivos.
Como encerramento das atividades, fez-se a leitura do texto “A melhor aula para cada circunstância” que reflete sobre a capacidade de o professor criar situações de ensino de acordo com as circunstâncias e contextos. E ao mesmo tempo em que encerra, essa atividade abre outras possibilidades de discussões, perspectivas, reflexões que merecem atenção dos professores, gestores, sistemas e governos para que o ensino médio no Brasil de fato seja inovado.

Texto de Margareth Abtibol e Nádia Falcão

 

 

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