I Roda de diálogo/UFAM: refletindo sobre a condição juvenil na atualidade

A atividade proposta na primeira roda de diálogo tinha como principal objetivo a rememoração das juventudes dos professores do ensino médio de 4 escolas (3 em Manaus e uma no município de Iranduba – AM) e a contraposição com a representação que eles têm da juventude atual. Esperávamos que o resultado disto fosse a compreensão, por parte dos professores, de que o os jovens hoje não são os mesmos, por inúmeros fatores: diferentes estruturas familiares, saída da mulher para o mercado de trabalho, contextos histórico e cultural diverso do passado (as vezes próximo), meios/ferramentas de comunicação completamente diferentes daqueles que eles tinham acesso (ou não) etc.

Entendemos que, de modo geral, o resultado esperado foi alcançado. Foi possível construir um quadro das diversas épocas, através dos relatos de experiência dos professores. Como procediam as suas famílias - em relação aos filhos, educação escolar, namoro, trabalho; como estes sujeitos se comportavam no seio familiar e escolar (principais dimensões trazidas nas falas/relatos); que gostos culturais desenvolveram, que recursos tecnológicos dispunham etc.
As narrativas foram organizadas de forma cronológica (a partir dos mais velhos). Isto nos possibilitou inclusive contrapor as diversas visões da escola dos membros do próprio grupo. No momento de comparar as juventudes do passado e presente, surgiram muitas velhas frases prontas: no meu tempo:... o namoro não era libidinoso,  Não éramos bagunceiros (com raras exceções), ou se éramos bagunceiros, nossas bagunças eram saudáveis, não desrespeitávamos os professores, liamos mais etc, etc. Em resumo, o passado era melhor, em muitas falas conclusivas. No relato dos professores mais jovens este discurso não ocorreu, pelo contrario, a escola já aparece com os mesmos sintomas que temos hoje.
Houve um esforço, durante a roda, de explicitar/problematizar que os problemas que os jovens enfrentam hoje (derivados de todas as transformações socioculturais e tecnológicas, legais etc.) são também diferentes dos problemas que os jovens de outras épocas enfrentaram. As famílias, de certa forma, eram mais estáveis; as mães, no geral, acompanhavam, educavam, dedicavam mais tempo aos cuidados dos filhos; o nível de escolaridade desejável reduzia-se ao nível médio, o mercado era menos exigente; vivia-se com pouco recurso tecnológico de comunicação. São inúmeros os exemplos, e estes despontaram das narrativas dos professores envolvidos.
Para um primeiro momento de sensibilização na tentativa de compreender o contexto versus juventude atual, a experiência desta I roda foi muito rica e nos deu conteúdo para as rodas de diálogo seguintes, que buscarão aprofundar as dimensões de constituição do sujeito jovem que emergiram das narrativas dos professores.

Texto de Margareth Abtibol e Nádia Falcão

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