Grupo de Estudos do Colégio Est.M. Gaspar Dutra- Nova Santa Rosa O currículo do Ensino Médio seus sujeitos e o desafio da formação humana integral
Caderno 3: O currículo do Ensino Médio seus sujeitos e o desafio da formação humana integral
1- As decisões sobre o currículo se instituem como seleção. Na medida em que se trata de uma eleição, e que esta não é neutra, faz-se necessário clareza sobre quais critérios orientam esse processo de escolha. Promova um debate entre os professores participantes deste curso tendo como tema a seguinte questão: “Que relações existem entre o que eu ensino e o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia da cultura?” Registre esse debate e compartilhe as conclusões em suas redes de contato.
R: A relação estabelecida entre mundo do trabalho, ciência, tecnologia e cultura existe, onde os professores atuam como mediadores do conhecimento. Aproveitando dos alunos seu conhecimento prévio, suas experiências e ainda assim perceber que o currículo pode ser compreendido como a seleção dos conhecimentos e das práticas sociais historicamente acumulados, considerados relevantes em um dado contexto histórico e definidos tendo por base o projeto. É preciso que este abandone seu enfoque tradicional de apenas documento formal, com base em técnicas, visando a eficiência do processo educativo, cuja finalidade é a adaptação do sujeito ao meio e não a sua modificação. Compreender o currículo como um campo de disputa por projetos societários. A finalidade do processo de escolarização é de proporcionar meios de compreensão da sociedade e do mundo visando a autonomia e emancipação humana através da escola. Se faz necessário um Ensino Médio com a finalidade de uma formação humana integral. Trabalho, ciência, cultura e tecnologia se instituem como eixo, trazendo significado a cada conceito, cada teoria e a cada ideia. As relações que existem entre o mundo do trabalho, no sentido ontológico, faz com que ele se perceba como agente transformador da sua própria condição social.A compreensão dos processos sociais a partir dos significados produzidos pela articulação entre trabalho e cultura, entre ciência e tecnologia, conforme estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Brasil, parecer CNE/CEB 05/2011 2 resolução CNE/CEB 02/2012) conforme uma identidade para o ensino médio ao propor que esta etapa da educação básica se oriente pela busca de uma formação humana integral.O currículo integrado em torno do eixo trabalho – ciência – tecnologia – cultura deve ser capaz de atribuir novos sentidos à escola, dinamizar as experiências oferecidas aos alunos, resinificar os saberes e experiência curricular, articulando esse eixo integrador. O currículo é conceituado como a proposta de ação educativa constituída pela seleção de conhecimentos intelectual e moral, construídos pela sociedade, expressando-se por práticas escolares que se desdobram em torno de conhecimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas relações sociais. A organização curricular do Ensino Médio tem uma base nacional comum e uma parte diversificada que não devem constituir blocos distintos, mas um todo integrado, de modo a garantir tanto conhecimentos e saberes comuns necessários a todos os estudantes, quanto uma formação que considere a diversidade e as características locais e especificidades regionais.A seleção de conteúdo pelos professores comporta numerosos desdobramentos e detalhamentos; essa é uma ocasião de muita reflexão, de muitas perguntas, a seleção de conteúdos é sempre uma escolha num universo maior de possibilidades.Assim, o momento de elaboração da proposta pedagógica exige que se analise as Diretrizes curriculares, os recursos disponíveis, a prática desenvolvida – perguntando exaustivamente o porquê e para quê dessas escolhas, em que direção isso caminha, como direcionar o currículo de modo a favorecer os alunos e tornar o trabalho mais lúcido e satisfatório.Integração entre um núcleo de disciplinas do currículo obrigatório com atividades e opções do interesse do estudante.O princípio pedagógico específico do ensino médio deve ser buscado na preparação para o mercado ou para o vestibular, mas que o conduza à autonomia de estudos, à autonomia intelectual e moral. Mas a maior reclamação dos professores é que muitos conteúdos regionalistas deveriam ser abordados dentro da disciplina e acabam ficando de lado.
2- Reconhecemos a complexidade das propostas das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Por essa razão, propomos que se reserve um tempo para a leitura eaprofundamento:
1) Ler e analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Parecer CNE/ CEB 05/2011 e Resolução CNE/CEB nº 02/2012 disponíveis em: <http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_content&id=12992:diretrizespara-a-educacao-basica)>;
2) Organizar uma roda de conversa com os professores da escola sobre as DCNEM.
3) Sistematização: quais as proposições que mais geraram debate? A que você atribui que tenham sido essas as questões mais polêmicas?
4) Faça o registro dessa atividade e socialize com os demais professores cursistas.
R: O que se percebe como tema mais polêmico é a questão da interdisciplinaridade, todos concordam que, assim como as DCNEM apontam, esse sistema é necessário, mas existem grandes dificuldades para praticar essa forma de organização pedagógica, são vários os empecilhos apresentados falta de tempo, falta de conversa, dificuldade em organizar o planejamento conjunto.
Acredito, que na verdade o que mais impede a interdisciplinaridade é a individualidade, os professores, no geral percebem suas disciplinas como únicas e mais importantes, assim como tendo a dificuldade de relacionar suas praticas com as praticas dos outros professores. Ainda precisamos aprender a trabalhar juntos, a construir o planejamento juntos.
3- Leia atentamente o quadro abaixo:
FINALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
– Propiciar o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando, tendo em vista a construção de sua autonomia intelectual e moral;
– Possibilitar o desenvolvimento das capacidades de comunicação, por meio das diferentes linguagens e das formas de expressão individual e grupal,
-Incentivar o gosto pela aprendizagem, pela investigação, pelo conhecimento, pelo novo;
– Exercitar o pensamento crítico, por meio do aprimoramento do raciocínio lógico, da criatividade, e da superação de desafios;
– Estimular o desenvolvimento psicomotor,as habilidades física, motora e as diferentes destrezas;
– Propiciar o domínio de conhecimentos científicos básicos, nas diferentes áreas, tais como: Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Biologia, Física, Química, Sociologia, Filosofia, Educação Artística e Educação Física;
– Favorecer a sociabilização, isto é, a produção da identidade e da diferenciação cultural, mediante a localização de si próprio como sujeito, da participação efetiva na sociedade e da localização espaço-temporal e sociocultural.
FONTE: SILVA, M. R.et al. Planejamento e trabalho coletivo. Coletânea Gestão da Escola Pública. Curitiba: UFPR, 2005.
R:As finalidades da Educação Básicatem se concretizado na pratica diária das escolas, algumas de maneira mais sólida outras não tanto. Assim, “Propiciar o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando, tendo em vista a construção de sua autonomia intelectual e moral” é uma finalidade que sintetiza as demais, pois ao desenvolver o físico, intelectual, social e emocional e assim buscar a construção da autonomia intelectual e moral, logo, este aluno dominará todas as demais finalidades. Mas não é tão fácil assim, estamos inseridos num sistema de ensino que sobrecarrega professores com muito trabalho para obter uma renda mensal melhor; não há infraestrutura adequada dentro da escola pública que possa dar suporte a tecnologia que o nosso adolescente e jovem quer e ainda temos certo despreparo do corpo discente; e principalmente o governo brasileiro não investe o suficiente na educação básica. Se faz necessária uma nova organização do Ensino Público Brasileiro no que é básico, reformular currículo, adequar propostas de ensino etc., tudo isso trará ao adolescente e criança mais conhecimento que se tornará um suporte para depois irem ao ensino técnico ou superior com mais maturidade e principalmente conhecimento.Essa expectativa de planejamento curricular tem, ainda, como principais diretrizes, que a ação de planejar implica a participação de todos os elementos envolvidos no processo-alunos-professores, coordenadores pedagógicos, gestores, que há necessidade de priorizar a busca da unidade entre o que se planeja e o que se realiza, que o planejamento escolar deve partir da realidade concreta e estar voltando para atingir as finalidades da educação básica definidas no projeto coletivo da escola.O professor é um mediador no processo de ensino/aprendizagem. Ele leva em consideração a diversidade de sujeitos que permeiam a sala de aula na construção do conhecimento. A prática diária enfrenta muitas dificuldades e deficiências nas escolas. O próprio sistema é falho e isso dificulta a ação do professor no desempenho de sua função para cumprir as finalidades da Educação Básica.A comunidade escolar tem desempenhado um esforço muito grande para que as finalidades sejam um direito garantido aos educandos. É por meio da comunidade escolar que se adquiriu material pedagógico, livros (literatura infanto-juvenil), quadros brancos, carteiras escolares, ar condicionado, câmeras de segurança, entre outros.Para que todas as finalidades sejam cumpridas na íntegra é necessário que a União e o Estado cumpram com seus deveres e obrigações de assegurar políticas públicas que garantam a qualidade da educação escolar.Houvealgumas contribuições quanto a sua vivencia, destes professores como alunos, entre os que vivenciaram essa realidade do Ensino Médio evidenciaram que realmente é uma modalidade que possui lacunas, e que necessita ser reorganizada. Mas também houveram contribuições de professores a respeito da modalidade Ensino Médio técnico profissionalizante, queesta acabou por incentivar amadurecimento,devido a vivencia na prática da formação teórica e até assim incentivando para a escolha da futura profissão, mesmo por insistência de dos pais. Portanto o Ensino Médio carece de uma reorganização, buscar a construção de um currículo mínimo nacional e dentro disso cada estado possa definir e buscar o enfoque geográfico diferenciado dentro da sua realidade.
4- Reflexão Ação
1. Faça a leitura da proposta curricular da sua escola e do componente curricularem que você atua presente nessa proposta.
2. Organize uma roda de diálogo com os jovens alunos da escola e com seus colegas professores; – sobre o currículo da escola; sobre o currículo vivido por estes alunos; sobre o sentido do conhecimento escolar, dasexperiências vividas mediadas por esse conhecimentoe sobre a necessidade de outros conhecimentos e abordagens; conduza de modo a fazer emergirpropostas, sugestões de outros encaminhamentos para o currículo, para as disciplinas e para outros arranjos curriculares, considerando as dimensões do trabalho, da ciência, da culturae da tecnologia.
3. Sistematize as conclusões e socialize seus registros em redes virtuais interativas.
R: Os alunos percebem a necessidade de adquirir os conhecimentos escolares, eles sabem da importância da ciência, apesar de algumas vezes demonstrarem certa resistência às atividades propostas. Muitas vezes essa resistência está relacionada com a teoria estar descolada da pratica, percebemos que atividades que envolvem os alunos, que fazem a ponte com o que eles vivem e o que eles aprendem, surte mais efeito, transforma as aulas e a relação dos alunos com o conhecimento. Os alunos sempre dão muitas sugestões de “aulas diferentes”, porém algumas vezes não sabemos moldar essas “dicas” a nosso favor, fechamos nossa prática e não permitimos interferências, a base para uma boa relação é a abertura, pois não podemos cobrar dos alunos uma postura diferente com relação a isso, se não modificarmos nossa postura, por vezes autoritária. Todas as disciplinas tem a possibilidade de trabalhar os conceitos de trabalho, ciência, cultura e tecnologia, basta abrir espaço para novas formas de ensina, tirar o gesso do livro didático, do PTD, dos planejamentos e afins, e perceber que existem outras maneiras de fazer ciência, de construir conhecimento e possibilitar aos alunos o gosto e a curiosidade para o estudo.
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