Grupo de estudos do Colégio Estadual Marechal Gaspar Dutra de Nova Santa Rosa
REFLEXÃO E AÇÃO caderno v
1. Com um grupo de colegas, faça um levantamento das situações em que vocês se sentiram excluídos(as) de decisões que afetam a vida da escola e o seu trabalho. Qual a origem dessa exclusão (de quem ou de onde partiu)? Quais os possíveis motivos para tal exclusão? Faça o mesmo para situações em que se sentiram incluídos(as) na tomada de decisões dessa mesma natureza. Quais os possíveis motivos dessa inclusão? Discuta com os colegas a que conclusões podem chegar a partir desse levantamento, tendo em vista a participação na gestão democrática da escola. Que posturas vocês estariam dispostos a assumir frente ao que concluíram?
Como parte da equipe pedagógica estou diretamente ligada a equipe diretiva e administrativa da escola e assim sendo, afirmo que temos uma gestão democrática que busca a valorização e inclusão de todos no processo.
Em alguns momentos esta participação é dificultada pelo fator tempo, excessiva burocracia, a falta de autonomia da escola, pois muitas ações vêm prontas e são impostas e não temos como questionar as determinações. Existe também a omissão de muitos que preferem não opinar, permanecer na zona de conforto e evitar comprometimento.
No sentido do sentimento de inclusão é o mesmo, quando os professores são ouvidos e atendidos pela gestão sentem-se participantes da gestão democrática.
Desta maneira percebemos que a gestão democrática nem sempre ocorre como esperado, na teoria, mas na prática, sentimo-nos atendidos e ouvidos, temos espaço para reivindicar nossas necessidades e expor nossas angústias.
No diálogo com colegas, fica evidente que em algum momento da trajetória profissional já se sentiu excluído de alguma forma. Alguns colegas se sentem excluídos elaboração da semana pedagógica, já que vem pronta para ser discutida e trabalhada, sem muito espaço para modificações ou alterações ou até sugestão de temas específicos de cada disciplina.
O professor PSS é excluído de diversas atividades de inicio de ano letivo, como: semana pedagógica, planejamento, elaboração do PTD ( plano de trabalho docente. Essa exclusão não vem propriamente dos colégios, sendo que a data da distribuição é determinada pela SEED.
Outra forma de exclusão apontada pelos professores ocorre fora da sala de aula, quando um pai ou uma mãe vem questionar nota, avaliação ou até mesmo a metodologia utilizada pelo professor. Geralmente os pais vem fazer este tipo de questionamento fora da hora atividade do professor e o professor não é convidado a participar da conversa para esclarecimentos. Para acabar com essa forma de exclusão seria necessário que os pais se adequassem ao horário do professor e comparecessem ao colégio somente quando o professor está em hora atividade para poder atender aos pais.
Mas também existem aqueles casos em que o professore não é excluído por alguém, mas ele mesmo se auto exclui, por não terem interesse em participar de determinados eventos e de forma não comprometer-se.
2. Junte-se a outros colegas e procure fazer um levantamento de situações vividas na escola pelos participantes do grupo que poderiam ser objeto de discussões sistemáticas e de decisões tomadas coletivamente em benefício da escola e/ou dos envolvidos. Se esse processo de discussão e decisão coletiva não aconteceu, examine com membros do grupo as razões pelas quais isso não ocorreu. Se, ao contrário, o processo ocorreu, quais os resultados para a escola e para os envolvidos? E quais as reações dos colegas? Que sugestões esse grupo poderia oferecer para que, em novas situações ocorridas na escola, o processo de discussão e de deliberação possa acontecer?
São várias as questões relacionadas ao funcionamento da escola e que afetam diretamente ou indiretamente o processo ensino-aprendizagem e que foram discutidas e analisadas pelo coletivo.
O uso do celular em sala de aula, por exemplo, na opinião da grande maioria dos professores atrapalha o bom andamento da aula uma vez que não é utilizado com fins didáticos. Assim sendo, através de discussão coletiva, envolvendo pais, alunos, professores, Conselho Escolar, enfim, a comunidade em geral, para efetivar a proibição do uso do mesmo.
Outra situação, foi em relação a falta de pontualidade dos alunos. Neste sentido, com professores e pais combinou-se, uma forma de minimizar as chegadas em atraso.
Quanto ao preenchimento das limitadas vagas para o ingresso no ensino médio no turno da manhã, da mesma forma professores foram consultados quanto a melhor forma de fazê-lo.
Em todos estes momentos os professores sentiram-se atendidos. É através da decisão coletiva que teremos a possibilidade de construir soluções que alcancem os interesses de parte ou de maioria do grupo escolar. Acredito que as decisões construídas no coletivo, conduzem a um maior comprometimento de todos.
3. Caso sua escola não tenha constituído o Conselho Escolar, tente conseguir uma cópia das normas produzidas pela Secretaria da Educação ou pelo Conselho de Educação do Estado onde está instalada sua escola para a instalação e funcionamento dos Conselhos Escolares. Proponha a um grupo de colegas a leitura dessas normas e, particularmente, as que se referem aos objetivos do Conselho e aos direitos e deveres dos conselheiros. Em função disso, deliberem sobre a realização de reuniões com os demais professores e com a direção, tendo em vista a instalação do Conselho em sua escola. Caso a escola já tenha um Conselho instalado, combine com seu grupo a conversa com membros dele, tendo em vista: a) levantar decisões tomadas; b) comparar tais decisões com a prática existente na escola; c) verificar se as decisões foram tomadas democraticamente. Verifique também se há estratégias de comunicação entre os representantes e seus representados.
Em nossa escola, o Conselho Escolar é uma realidade, é um grupo que tem suma importância na tomada de decisões coletivas. Vivemos em uma sociedade democrática representativa, ou seja, escolhemos pessoas para representar. Nesse sentido o Conselho Escolar é um órgão de pleno poder de decisão na escola, as decisões deliberadas nele são constituídas como lei e seguidas como tal na pratica escolar.
Uma importante decisão tomada pelo Conselho Escolar do Colégio, foi a proibição do uso do aparelho celular em sala de aula, antes mesmo de ser sancionada a Lei Estadual proibindo o uso do mesmo.
Outra deliberação do Conselho, foi garantir aos 10 alunos concluintes do ensino fundamental com as melhores médias, matricula no turno da manhã para o primeiro ano do ensino médio, sendo este o turno mais disputado pelos alunos.
Situações específicas, tais como: remanejamento de alunos por motivos diversos e outras também foram decisões deliberadas eplo Conselho Escolar.
Enfim, as decisões são sempre tomadas de forma democrática, as divergências são ouvidas e atendidas na medida do possível.
4. Se existe um Grêmio Estudantil funcionando em sua escola, procure verificar como está atuando, quais os temas sobre os quais discute, que visão os integrantes têm da sua própria atuação, assim como da escola e do seu funcionamento. Converse com os integrantes do grêmio sobre como é a sua participação nos processos de discussão e decisão acerca da vida da escola, como são tomadas as decisões internamente, assim como sobre o reconhecimento que têm pela direção, pelos professores e por funcionários. Com base nesses levantamentos, a que conclusões você chega sobre a participação democrática no interior do Grêmio e sobre a participação dos jovens que o compõem nas decisões tomadas pela escola? Para ter uma ideia melhor do significado do conceito de resiliência, procure identificar, com um grupo de colegas, entre atividades propostas aos jovens pela Secretaria de Educação, quais se guiam por esse conceito. O mesmo pode ser feito com relação a problemas de moradia, de transporte, de saneamento, relatados por alunos que vivem na localidade onde se situa a escola.
Percebo o Grêmio Estudantil como uma instância muito importante para a democratização e para a participação do estudante, porém nem sempre ele é ouvido. Também temos que entender que nem todos os alunos engajados no Grêmio estão realmente preocupados com a democratização e com a participação dos demais alunos. Não se tem ainda uma cultura politica constituída no interior da escola, ainda estamos condicionados ao sistema de que apenas adultos competentes tem a possibilidade de tomar as decisões referentes ao que diz respeito a vida estudantil. Incluir os jovens nas decisões é uma tarefa que demanda muitas mudanças, demanda tempo e paciência para discernir o que é importante ou não. Assim percebo que constituir o Grêmio Estudantil na escola não garante a melhoria do ensino, por conta da participação, mas vai fazer com que os alunos comecem a perceber a importância de escolher bons representantes e de participar nas decisões que dizem respeito a sua vida estudantil. Precisamos ainda ensinar aos nossos alunos o que fazer com a possibilidade de participar que temos na sociedade.
5. Tente realizar com um grupo de colegas a identificação de ações de caráter patrimonialista presentes no interior da escola ou na relação desta com os pais. Faça o mesmo com exemplos concretos de “autonomia concedida” e autonomia efetiva nas escolas onde atuam. Junto com um grupo de colegas, troquem e registrem suas experiências relativas à forma como os pais com que têm contato se manifestam a respeito dos três aspectos que, segundo Paro, condicionam a participação deles na vida escolar. Com base no que discutiram, proponham formas pelas quais possam ser rompidas e superadas as práticas patrimonialistas existentes na escola, assim como formas de articulação com os familiares dos alunos que ajudem a superar os condicionantes que dificultam sua participação.
Acredito que ações de caráter patrimonialista são atualmente raras em nossa realidade escolar e acontecem de forma isolada. Foram durante muito tempo uma prática relacionada a questões culturais, religiosas, familiares, sociais, muito comum em pequenas comunidades do interior.
Percebo que por parte da gestão da escola, existe a preocupação de estabelecer normas e critérios e efetivamente segui-los para o bom andamento das ações e atendimento igualitário para todos. Caso exista algo ou alguém que fuja a regra estabelecida, as instâncias são consultadas para que o encaminhamento seja dado pelo coletivo.
A questão de autonomia é relativa, pois entre o discurso e a prática existe um “fosso”. Fala-se em autonomia, porém que autonomia é esta que precisa seguir critérios pré-estabelecidos, geralmente impostos de cima para baixo? Na tomada de decisões, são consultados segmentos como Conselho Escolar e APMF e estes possuem representatividade paritária, onde todas instâncias colegiadas estão representadas. Assim sendo, indiretamente, “todos” estão participando. Acredito que estas práticas podem ser melhoradas com atitudes efetivamente democráticas, de consulta e apoio da comunidade escolar nas decisões.
6. Você conhece o PPP de sua escola? Você sabe quando e como ele foi construído? Procure saber sobre este processo de sua escola. Procure também conhecer o seu conteúdo e, principalmente, quais são suas principais finalidades. Converse com os seus colegas sobre o PPP de sua escola e verifique se há necessidade de uma revisão ou reconstrução do dele. Como está o ambiente em sua sala de aula? Prevalece a hierarquia ou o diálogo? Os alunos têm a possibilidade de aprender e se desenvolver como cidadãos? Pense sobre isso e reflita sobre a sua postura e suas estratégias de ensino, se elas favorecem mais ao desenvolvimento de seres adestrados ou de seres reflexivos.
O Projeto Político Pedagógico como instrumento de organização da escola norteador das ações pedagógicas e administrativas é dinâmico, inacabado como todo processo de educação. Lembro-me do desafio que foi a construção do PPP de nosso Colégio, a preocupação que tínhamos com veracidade de tudo que ali estava posto, de que aquele projeto refletisse nossa realidade, nossos anseios, nossas necessidades... Muitas vezes já foi revisto, realimentado com a contribuição de professores e funcionários, pais e alunos. Sempre que há necessidade é consultado. Sua redação, reflete exatamente a escola que queremos, o cidadão que buscamos formar e nossas ações caminham neste sentido, por vezes mais ou menos exitosas.
O PPP está organizado para dar ao educando a possibilidade de formação plena enquanto cidadão, tornando-se um ser crítico e atuante na sociedade. Nas aulas prevalece o dialogo, mas existem algumas situações em que a “hierarquia” ou a autoridade do professor precisa prevalecer, pois em algumas situações a liberdade não é bem aproveitada e precisamos dar limites aos alunos para que eles sigam um caminho mais provável de levar ao conhecimento, pois se tudo for produto de diálogo acabaremos entrando em senso comum e a cientificidade pode ser esquecida. O uso de autoridade por parte do professor quando necessário, não significa que os alunos aprendam apenas a seguir regras e obedecer ordens, eles podem também tornar-se seres reflexivos e pensantes.
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