Ao iniciar os estudos sobre o jovem como sujeito do ensino médio, é possível admitir que a noção de juventude é construída nos espaços escolares de forma negativa e o nosso desafio enquanto educadores é reconstruir esta imagem. Este trabalho de valorização da juventude começa por admitir que existe, de fato, não só na escola como na sociedade de modo geral uma cultura da “culpa”. Talvez isso seja fruto da construção história de luta de classes que se concretizou como forma de pensamento polarizada especialmente sobre os conceitos de capital e trabalho. Esta marca social também se apresenta sobre os aspectos culturais e acabam chegando a escola. Parece natural que haja polaridade entre professores e alunos, entretanto este conceito precisa ser reestruturado, reorganizado, pois mesmo sabendo que há diferenças de objetivos entre educadores e educandos, entre saber e aprender é necessário compreender que há ritmos de aprendizagem, que o jovem está em momento de construção social diferente do adulto e que há muitas juventudes presentes na escola, representado as diferenças culturais que formam a sociedade. Portanto, em se tratando de educação, não há culpados, mas sim responsabilidades que devem ser compartilhadas, ritmos de amadurecimento que precisam ser respeitados, fatos que necessitam ser discutidos como situações da juventude e não como problemas.
Estas discussões admitem que a identidade da juventude está sempre em construção. Há mutações de natureza global. Há incertezas provocados pelo modelo social e econômico vigente. Um exemplo é a diferença entre jovens e adultos na manifestação em relação a conversa virtual e a importância dada às tecnologias. Trazer estas discussões sobre as culturas que envolvem a escola é fundamental, pois a imagem que se tem da sociedade é uma imagem construída pelo adulto e não pelo próprio jovem. A identidade se faz por meio de espaços-tempos de socialização e as tecnologias são um mecanismo contemporâneo que faz a diferença no processo de formação do jovem. As novas formas de expressão dividem a maneira de relação, mas os professores podem ser os mediadores do processo,. Para tanto é necessário que os professores compreendam e participem das produções “dessas novas arenas educacionais que se apresentam no cenário da cibercultura e das novas tecnologias de informação e comunicação”.
Este processo de mudança na escola depende de projetos. O Projeto nos faz fugir do improviso ao indicar objetivos a serem alcançados. Objetivos dão orientação as nossas atividades. A capacidade de projetar a existência do amanhã é inerente ao ser humano. Se as decisões da juventude são problemáticas exatamente pelo momento de dúvida sobre o que projetar, o que fazer, sobre o qual rumo deva tomar, o professor pode colaborar neste momento de indecisões. Nosso papel pode ser o de contribuir para que o estudante entenda que a partir destas projeções serão tomadas decisões que vão orientar o futuro do jovem. Neste contexto a liberdade de expressão dá abertura para escolhas e oportuniza que os projetos dos jovens não sejam os dos pais ou dos professores. Devemos estimular a capacidade de projetar da juventude. Dar condições para que os mesmos viabilizem seu caminho, seu projeto. Por ter maior experiência automaticamente o professor é um realizador de projetos, pois é formador de opinião, contudo é importante ressaltar e apresentar aos alunos as diferentes possibilidades de atuação.
Enfim, ao discutir sobre o jovem como sujeito do ensino médio podemos refletir sobre como podemos ser parceiros e construtores de projetos para o futuro dos jovens e das jovens estudantes. Muitas vezes eles não tem consciência dos direitos ou imaginam estar à margem do direito. Criar espaços de debate, de dialogo, espaços de orientações a partir das experiências de vida do professor, pode contribuir para que os alunos se encaminhem para o mundo do trabalho e ao mesmo tempo mantenham sua identidade e seu interesse pelos estudos.