Gestão Democrática

A gestão democrática no Colégio Paulo Freire,em Pontal do Paraná

Orientadora: Iva Maria Ronahak Lindner
Participantes:
Angela Knapki
Anna Maria Costa
Cristiano Perego
Eliana Pereira
Maria Joanna Franco Andrade
Mauro Sergio da Cunha
Sandra Mara Moraes Prado Alves
Sinuhe Kern
Vilma Benedita Mariano de Miranda

                                         Em nossa escola, Paulo Freire, a maioria dos professores acredita não existir ainda uma gestão democrática, pois os requisitos mínimos para tal gestão são insuficientes ou fragmentados demasiadamente. Quase não existe um orçamento participativo local, associação de pais, grêmio estudantil e, até mesmo eleição para diretores, já que o governo estadual na ultima hora em uma sessão extraordinária prorrogou as eleições. Muitos dos quesitos da gestão democrática acontecem no papel, como uma exigência legal a ser cumprida, mas não ocorre de fato por interesses coletivos, seja pela alienação da comunidade escolar, ou, por um reflexo da falta de politização brasileira.
Para a gestão democrática acontecer em nossa escola se faz necessário uma politização da comunidade escolar, os pais, alunos, funcionários, professores devem ser evolvidos com a escola podendo sentir-se escola, também responsáveis pelos rumos que a mesma toma e seu papel transformador. Enquanto isso não ocorrer, vivenciamos a fragmentação cartesiana tecnicista que não vê a escola como um todo, um único organismo.
Já o conselho escolar, que tem um papel importantíssimo na formação da gestão democrática, no Colégio Paulo Freire funciona de maneira precária, porque o que há são indicações por afinidades e inclusão de pessoas sem a consulta à comunidade escolar.
Sabe-se que uma gestão democrática na escola é de responsabilidade de toda a comunidade escolar: dos gestores, profissionais da educação e comunidade como um todo e todos os agentes envolvidos. E também é um processo em construção que dependerá de práticas dialógicas, onde prevalecerá a constante avaliação das pessoas em vista de uma escola democrática, envolvente e co-responsável nas suas decisões e encaminhamentos. Para a participação efetiva da comunidade escolar, precisaríamos  entender que a gestão democrática perpassa pela concepção de autonomia. Mas, a escola,“ao fechar todas as oportunidades de participação na vida da sociedade, em particular na escola pública,induz as pessoas a nem sequer imaginarem tal possibilidade” (PARO, 1997, p. 58). Possibilidade esta de serem criados papéis importantes dentro da organização e regulamentação do ambiente escolar autônomo. No nosso Colégio, o caráter patrimonialista manifesta-se de formas mais sutis e aceitas, este é o caso da legislação relativa ao campo educacional, da qual fazem parte as normas referentes à gestão da escola, criado sem a interferência dos pais e discutido por alguns poucos professores, mesmo que se diga que houve consulta ‘a APMF, órgão este reconhecidamente na mão de poucos, escolhidos numa assembleia em horário  difícil para a maioria. Existem questões importantes que foram discutidas com os pais em reuniões bimestrais, na época da entrega dos boletins, mas a maioria dos pais não está presente, uns poucos representam muitos. Os três aspectos citados por Paro, que condicionam a participação dos pais, sentimos que são verdadeiros , os três. Tanto o aspecto que condiciona o baixo poder econômico-social da nossa comunidade, interferindo na não-possibilidade de participação, quanto ao aspecto cultural, e quanto ao último condicionante:os movimentos sociais existentes no balneário em que a escola está situada não são utilizados para aliar os pais na luta da escola, o que dificulta mais um processo de autonomia,mesmo que concedida.
Em relação aos professores, as práticas patrimonialistas são as mesmas citadas no livro V,e sentimos que as posições discordantes não se manifestam e não disputam o poder de forma aberta. É possível, sim, que tais insatisfações já tenham se convertido em recusa dissimulada a participar. Semestralmente , no encontro chamado de Semana Pedagógica, os professores discutem propostas de trabalho, metodologias diferenciadas, questões referentes ao bom andamento da instituição, mas sempre ficamos com a sensação de que há uma imensa distancia entre a expectativa e a mudança real.
Assim como em outros elementos da gestão democrática, o grêmio também recebe criticas quanto a sua desfunção no colégio. No depoimento da aluna Aline, componente do grêmio, percebe-se que ela não teve formação para agir de maneira mais politizada dentro do grêmio. Ainda nota-se no discurso da aluna que é comum os poucos componentes fazerem trabalhos que não competem ao grêmio: exemplo, cuidar da quadra e distribuir o lanche.
O não se sentir parte de fato da escola faz com que não haja um zelo com o patrimônio da escola e o resultado é vandalismo, depredações, pichação, um total desrespeito com um patrimônio que é público. Dessa forma, percebe-se que a falta de politização, de forma genérica, demonstra o despreparo na formação para a cidadania.
Logo, o reflexo desse despreparo aparece no projeto politico pedagógico da escola. Se não houver uma mudança de compreensão de escola, educação, metodologia, como nos orienta os estudos do pacto feitos até o momento, continuaremos nessa sociedade fragmentada e desumana.