A Geral generaliza? Por Sérgio Xavier

Esta semana encontrei um artigo atual de Sérgio Xavier que em 2011 já havia escrito uma matéria sobre esse pôlemico assunto: o racismo nas arquibancadas. Sendo assim ele dá ínicio se recordando de "um jogo na Libertadores de 2007 contra o Santos. Em um dado momento, todos cantavam uma música que desembocava no xingamanto do rival devidamente carimbado de “macaco”. Ao meu lado, todos cantavam. E eu não estava na Geral, mas nas cadeiras cativas…

De lá para cá, pouco mudou. O zagueiro colorado Paulão e o o goleiro Aranha são as vítimas mais recentes. Mas o divisor de águas foi a noite da quinta-feira. O cinegrafista da ESPN gravou a imagem da menina que se tornou símbolo do racismo e bode expiatório, tudo ao mesmo tempo. Símbolo porque ela não é inocente, tascou uma pesada injúria racial para cima do goleiro Aranha e deve pagar pelo crime. Bode expiatório porque ela não foi a primeira nem a única a fazer isso. E foi demonizada.

Até a noite de quinta-feira, a torcida gremista aceitava o macaco nos cânticos e xingamentos. A partir de quinta, os “torcedores desorganizados” não aceitam mais. Não porque tenham comprado na farmácia um elixir de consciência e tenham mudado suas mentes. Não aceitam agora porque já entenderam que o Grêmio está enrrascado. Perceberam que o Brasil vê problemas muito sérios em reduzir o ser humano rival à condição de animal. E tem certeza que o amado clube pode espirrar da Copa do Brasil e sofrer sanções no Brasileirão. Por isso o estádio vaiou as centenas de torcedores da organizada Geral voltaram com o cântico do macaco já no domingo.

É um começo. Um ótimo começo. A lógica de uma punição passa exatamente por aí. Fazer com que a torcida como um todo se comporte melhor e tente impedir que os racistas convictos comandem o estádio. A vaia à Geral é parte desse raciocínio. Ela foi vaiada porque o gremista médio quer evitar punição. O Grêmio será julgado na quarta-feira pelos atos do jogo contra o Santos. Em tese, a confusão do domingo não deveria contaminar o julgamento. Mas a impotência da diretoria expressa pelo discurso do presidente Fábio Koff após o jogo contra o Bahia dizendo que não consegue controlar a torcida não ajuda muito na defesa gremista."

 

Fonte: Abril - Blogs de Placar

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